De acordo com dados da Factworks for Meta, do relatório de Macrotendências da Creator Economy da YOUPIX, existem cerca de 20 milhões de criadores de conteúdo no Brasil. Os nichos são bem variados e esses profissionais buscam atingir um público cada vez maior por meio de conteúdos de qualidade, com o objetivo de engajar e fidelizar seus seguidores nas redes sociais. E apesar da área ainda não possuir regulamentação específica, faz muito sucesso entre os jovens pertencentes a Geração Z.
Estive presencialmente na primeira edição da CCXP no México e notei a presença de muitos creators, o que me deixou entusiasmado de ver reflexos que também ocorrem no Brasil, na capital mexicana. E todos da mesma forma, com brilhos nos olhos. Alguns, inclusive, brasileiros, que cruzaram mais de 7 mil quilômetros e comentaram que foi a primeira experiência como consumidores da CCXP, visto que quando vão no evento aqui no Brasil, estão a trabalho e não conseguem curtir a feira ou as ativações de marcas.
Durante algumas conversas que tive, muitos creators brasileiros me relataram que se surpreenderam com o evento, pois não imaginavam que seria tão grande e estruturado logo na estreia, afinal, muitos estúdios e marcas estavam presentes. E eu acredito que isso é reflexo do legado da Omelete, que conseguiu trazer uma boa quantidade de marcas, ativações e estandes, graças ao repertório que possuem com a CCXP Brasil.
A criadora de conteúdo Diana Zambrozuski (@dianazambrozuski) reforçou esse ponto ao dizer que não parecia ser a primeira edição do evento, principalmente devido à grandiosidade e a organização. Ela se sentiu como se tivesse em uma CCXP do Brasil, que já tem anos de experiências, pois as interações com as marcas foram muito boas e o evento foi super completo.
No entanto, quando o assunto é creator economy e estratégia de conteúdo das marcas patrocinadoras, sinto que voltei 5 anos no tempo. As marcas, mesmo presencialmente no evento com grandes estandes, mal investem em como contar essa história no digital, para impactar o público que não participou da CCXP, mas é fã de cultura pop. Isso tanto nos canais digitais proprietários como com criadores de conteúdo. E o ponto-chave: não é por ausência de comportamento de consumo das redes sociais no México.
Alguns criadores de conteúdo também fizeram críticas construtivas e apontaram que ainda não existe uma total “emancipação” dos Estados Unidos. A creator Maju Sanchez (@majucca), relatou a pouca representatividade nativa dos convidados e disse que sentiu falta das estrelas de séries latinas, como Diego Boneta, Jorge Blanco, Thalia, William Levy, entre outros.
Por outro lado, no que diz respeito ao comportamento da audiência, os creators sentiram diferença. Falta maturidade e letramento digital para que as narrativas de conexão com consumidores sejam fortalecidas para além do tradicional patrocínio e presença de marca em eventos e festivais.
Porém, isso não quer dizer que os próprios mexicanos não curtiram o evento, muito pelo contrário. O criador de conteúdo Breno Jordan (@brenojordan_) gostou bastante e compartilhou comigo que possui alguns amigos mexicanos que realmente adoraram a CCXP MX, no que diz respeito ao que foi trazido e também à organização. Ele acredita que existe grande chance de esse se tornar o melhor evento de cultura pop do México.
Por mais que a gente tenha diferenças culturais e de idiomas, Brasil e México ainda fazem parte da América Latina e precisamos sim nos juntar. Esse evento representa a quebra de barreiras, não só da língua, mas de fronteiras também, afinal, estamos todos consumindo a mesma coisa e temos muito mais força quando unimos todas as potências dos nossos países e mercados, sendo possível se equiparar aos EUA.
É preciso que as culturas sejam cada vez mais valorizadas. As marcas e o mercado devem estar abertos para adaptar suas estratégias para não negligenciar o cenário nacional ao optarem apenas por referências e vínculos externos. Sabemos que há muitos talentos locais e que não podem continuar se sentindo inferiores por conta de fatores sociais, inacessibilidade e conceitos pré moldados. Não podemos negligenciar que estratégia de marketing de influência e conteúdo move ponteiros e gera resultados para as companhias ganharem ainda mais força em seus mercados.
*Luiz Menezes é fundador da Trope, uma consultoria de geração Z que ajuda marcas a rejuvenescerem suas estratégias de negócio. Aos 24 anos, Luiz é nativo digital, creator, apresentador, empresário e empreendedor. Presente no mercado e atuando na área de comunicação há 8 anos, o especialista acumula experiência em organização de eventos voltados à cultura pop e geek, prestação de serviços de marketing de influência e digital PR para grandes marcas, como Mondelez, Meta, Itaú, Ecossistema nima, P&G, Embelleze, entre outras.
COMPARTILHAR ESSE POST