WOW... acabo de chegar em casa depois de 4 dias de Websummit no Rio e o sentimento é de orgulho por termos um evento desta magnitude por aqui! Foi a primeira edição fora da Europa e aconteceu aqui em nosso Brasil! Muita mensagem nesta decisão!
Eu iniciei minha história com o festival em 2018, em Lisboa, no mesmo ano em que anunciaram um contrato de 10 anos do evento na cidade! Esta primeira experiência no Websummit me fez “perder o rumo de casa”, pois foi lá que eu entendi até onde a tecnologia já havia avançado e como eu estava desconectada desta realidade. Desde então, o festival se tornou uma parte importante na construção de meu repertório!
Compartilharei o que vi de similar e distinto entre as edições que participei em Lisboa e a do Rio e, também, alguns de meus aprendizados desta edição. Vamos lá...
Similaridades:
- A estrutura física foi a mesma - me senti nos pavilhões da edição Europa, apenas menor. A comunicação dos espaços, os palcos, as disposições internas dos pavilhões e até mesmo o APP, tudo replicado da mesma forma.
- Trilhas de conteúdos – as divisões das trilhas e palcos foi a mesma de Lisboa, mas como tínhamos menor espaço, alguns palcos funcionaram por períodos do dia. Na versão de lá temos 4 pavilhões e aqui no Rio foram apenas 2, o que trouxe esta necessidade de ajustar o número de palcos.
- Roundtables/Materclasses – estes formatos também acontecem e são bastante concorridos. Como tivemos pouco mais 20.000 pessoas no Rio contra mais de 70.000 em Lisboa, foi possível atender a diversos destes encontros que sempre fiquei para fora lá! (e aproveitei mesmo todos kkk)
- Night Summit e contatos – o evento sempre fomentou a interação entre participantes por isso promovem os eventos noturnos em diferentes pontos da cidade. Um tanto desafiador no Rio porque estávamos na Barra e qualquer movimentação nos deixava por um tempo no trânsito!
- Idioma oficial do evento – inglês! Este foi um tema um tanto desconfortável para muitos. No APP do evento havia o tradutor simultâneo do inglês para o português, mas este recurso não estava disponível em todas as salas e com isso o evento deixou o tema “inclusão” de lado. Mesmo os palestrantes brasileiros tinham que fazer suas apresentações em inglês porque não havia a tradução inversa (português para inglês). Como disse meu amigo Lucas Daibert, sócio da Binder, tivemos um evento internacional para uma plateia local, com certeza será um ponto de ajuste para o próximo ano!
Diferenças:
- DNA Provocador: o evento sempre teve uma abertura contundente. No ano passado o palco do Center Stage foi de Olena Zelenska, primeira dama da Ucrânia (dispensa comentários!) e em anos anteriores tivemos Edward Snowden (online porque estava refugiado) e também a Francis Haugen, apenas alguns meses depois de ter delatado o Facebook. Já no Brasil, este impacto não aconteceu. Tivemos a Txai Suruí, uma ativista indígena dividindo palco com Luciano Hulk, mas sem uma mensagem de impacto.
- Projeto País: em Portugal o festival é abraçado pelo país, com a participação do prefeito de Lisboa (sempre inspirador e que se autointitula prefeito da inovação), o ministro da Economia e Transformação Digital e ainda o presidente, Marcelo Rebello que sempre arrasa no discurso de fechamento, praticamente um rock star! Aqui no Brasil, este é um projeto do estado do Rio de Janeiro, e tivemos apenas Eduardo Paes como rosto no evento.
- Fechamento do Websummit: em Lisboa o encerramento é um ponto alto porque além do discurso motivante do presidente, Paddy Cosgrave, fundador do Websummit, sempre traz as palavras finais. Agradece a todos em festa e já nos convida para a edição seguinte, com direito a música e muita gente no palco. Saímos já sonhando com a edição seguinte... Já no Rio, havia poucas pessoas no Center Stage e Paddy nem compareceu ao palco, mesmo tendo seu nome na programação. Confesso que foi bem marcante para mim esta forma fria de fechamento, considerando um evento que ainda terá mais 5 edições no Brasil.
Aprendizados e Insights
- AI – claramente este foi o tema central desta edição. Em quase todos os painéis o assunto foi trazido. De maneira geral, é uma jornada que ainda teremos muito a aprender, pude sentir que há mais cuidado e pontos de alerta nesta evolução do que a excitação de uma nova ferramenta. É de consenso que não há volta, pois a AI tornará a vida de todos mais fácil e produtiva.
Estamos realmente diante de uma das grandes transformações sendo comparada a invenção da impressão, como disseminação de informações e que mudou a sociedade, como dito por Daniela Braga, founder e CEO da Defined AI e uma das pessoas do seleto grupo de advisers do presidente americano no tema de Estratégia de AI.
Daniela debateu o tema num painel e disse que pela primeira vez tem um ponta de preocupação sobre o rumo da tecnologia. Ela dividiu a AI em 3 grandes momentos no tempo:
- NAI – Narrow AI – aquela que te direciona para um lugar. Exemplo Netflix que te encaminha para os conteúdos que voê gosta. Sites de Ecommerce que já sabem seus gostos e te ofertam produtos direcionados.
- GAI – Generative AI – momento em que estamos agora. Compreendemos que as máquinas são mais inteligentes que os humanos e já podem criar.
- SAI – Smart AI – é quando as máquinas entrarão no campo das emoções. Ainda não estamos lá, mas tudo é muito perto... e assustador!
Marcas podem muito – seja para o bem ou para o mau!
Estive na Masterclass de Ana Feliciano, head de Creative Strategy do Hurb. O tema de sua aula foi “A verdade por trás de uma crise”. Claramente todos estavam esperando uma super explanação sobre o cenário atual da empresa e as ações inconsequentes de seu fundador. E Ana trouxe o lado das pessoas que estão na gestão da crise, foi um depoimento pessoal desta jornada desafiadora. Ao final, uma das participantes trouxe uma pergunta com a voz embargada por uma crise que também tinha passado. Naquele momento percebi quanto as marcas deixam “marcas permanentes” naqueles que as defendem.
Em outra palestra incrível, Fred Gelli, CEO da Tatil Design, arrasou em trazer uma provocação da “Inteligência Natural”, abordando a biomimética e como a natureza pode ser uma grande conselheira de negócios. Ele compartilhou que quase 60% das pessoas confiam nas corporações para ações de mudanças e evolução. Mais do que em ONGs ou Políticos. Um grande chamado para as empresas que podem atuar na pauta ESG como uma evolução ao capitalismo do consumo descontrolado que vivemos. Importante que cada marca deve encontrar seu território genuíno para não ser em ECO CHATO seguidor e pode construir um espaço ECO SEXY, cuidando do planeta e sendo relevante e interessante para os usuários.
Envelhecer não é um problema, mas sim deixar de ser interessante!
Eu simplesmente amei a masterclass com Morris Litvak Jr, CEO da Maturi, Paula Englert , CEO da Box 1824 e Cinthia Kato, diretora de Marketing e Canais da Icatu. O tema do debate era a jornada da longevidade – o futuro dos jovens e o presente dos maduros.
Para a geração Z, informação é uma commodity, eles já nasceram conectados e são nativos sustentáveis. Com isso, ampliam o conceito de saúde para tudo – saúde pessoal, saúde das pessoas, saúde da natureza e por aí vai! São uma geração mais informada e veem a vida de outra forma. Quando olhamos para os mais velhos, e que nem são tão velhos assim... estamos falando de 50 anos adiante, há uma readaptação de tudo porque eles visualizaram um futuro quando chegassem nesta idade e agora que chegou, está tudo diferente. Elas precisam se readaptar ao hoje e os mais endurecidos sofrem. Conceitos do ser velho também mudaram, há pessoas de 60/70/80 anos extremante ativos e produtivos.
A tecnologia e inovações em saúde e qualidade de vida, prolongaram em muita nossa expectativa de vida. E Paula trouxe esta frase “A idade não tem nada a ver com o envelhecimento, tem a ver com a cabeça. Você não envelhece, você deixa de ser interessante”.
Enfim, poderia ficar compartilhando muito ainda com vocês, mas acho que já podem se animar para a edição Websummit Rio 2024, que ocorrerá em abril. Nos veremos lá!
* Cris Duarte, Fundadora da No Ponto Marcas
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