A segunda edição do Web Summit Rio terminou, e o Brasil se despede do maior evento de tecnologia e inovação do mundo. De palestras a paineis e estandes, como já era esperado, a Inteligência Artificial retornou ao centro dos debates, em uma proposta interessante para avaliar como a IA está transformando não apenas a maneira como entendemos o marketing, mas principalmente como colocamos em prática.
A exemplo de comparação, a palestra “Como elaborar uma estratégia de marketing?”, ministrada pelos CEOs da KIT Global, Pina, Purple Metrics e Stratlab, destacou a importância de investir em colaboradores e capacitá-los para operar as novas ferramentas, enquanto o painel “Personalização na era da IA: a nova geração do marketing”, por Andreia Junqueira, diretora da Claro, e Isabella Micali, da Salesfoce, refletiu a necessidade de uma abordagem centrada no cliente, já que a Inteligência Artificial muda o potencial do marketing voltado para receita.
No caso da Claro, por exemplo, ficou evidente que o marketing apoiado pela IA deixa de ser meramente uma ferramenta de publicidade, já que o objetivo passa a ser entregar ofertas personalizadas, otimizar estratégias para melhores resultados e discutir modelos preditivos para impulsionar suas campanhas. Gostaria de complementar que, atrelado ao marketing, investir em Inteligência Artificial para aprimorar desde produtos e serviços à personalização de estratégias, compreendendo as preferências do consumidor, são passos cruciais rumo ao sucesso.
Entretanto, enquanto a IA promete aprimorar o marketing, surgem preocupações sobre seu impacto no mercado e nas operações comerciais. No painel “IA: fato, ficção e finanças”, especialistas discutiram o papel da Inteligência Artificial na eficiência operacional e no futuro do trabalho. Enquanto Douglas Miranda, diretor nacional da GoMining, visualiza a IA como uma oportunidade para melhorar processos e oferecer tempo estratégico aos colaboradores, Thiago Oliveira, CEO da Monest, trouxe à tona o potencial de substituição de funções, especialmente com o avanço da IA generativa.
Não à toa, 87% dos profissionais de marketing estão preocupados em como a tecnologia, incluindo a IA generativa, pode substituir empregos no setor, segundo a pesquisa da consultoria Gartner, divulgada recentemente, e realizada entre agosto e setembro de 2023.
Há de concordarmos que a Inteligência Artificial tem alterado certos aspectos no mercado, mas acredito que o surgimento de novas oportunidades em diferentes setores corre na esteira desse movimento, o que deve gerar demandas em áreas do próprio marketing, sobretudo nos campos de análise de dados para tomadas de decisões estratégicas. É importante estar preparado para as novas demandas do mercado impulsionado por essa tecnologia. Acredito no poder do humano em ensinar a máquina e a máquina impulsionar o humano, dando espaço para que o intelecto seja cada vez mais aplicado de forma estratégica e menos manual em processos mais operacionais de marketing, principalmente.
Enquanto navegamos nessa nova era de personalização e automação, uma recomendação que deixo para profissionais das mais diversas áreas de atuação é ser curioso, aprender e se adaptar o quanto antes para reconhecer todas as oportunidades oferecidas pela Inteligência Artificial, mantendo sempre em mente o objetivo final: priorizar as necessidades e expectativas em constante evolução dos clientes e consequentemente do negócio. Entre tantas outras ações, na prática, o potencial da IA no marketing é eficaz ao considerar:
• Automação e personalização de campanhas;
• Análise e previsões de grandes quantidades de dados e tendências;
• Aprimoramento da jornada do cliente;
• Segmentação de audiência para tomadas de decisões direcionadas;
• Otimização de estratégias de SEO;
• E muito mais.
A Inteligência Artificial oferece um vasto potencial, claro, mas exige transparência e uma compreensão clara de seus limites. E aqui falo principalmente sobre as grandes quantidades de dados que ela depende para seu pleno funcionamento. Estou certa de que as vantagens para as empresas e consumidores não devem ultrapassar os limites da privacidade e segurança cibernética dos usuários, mas ocorrer de forma ética e responsável, de acordo com as leis e regulamentações vigentes.
O Web Summit Rio cumpriu com o seu propósito e mostrou que as novas tecnologias devem ser encaradas como uma oportunidade de crescimento e inovação. Além da alta capacidade de networking, a promoção e troca de conhecimentos foram o que mais despertaram o meu interesse no evento. Ano que vem, certamente, estarei na próxima edição com a certeza de que será ainda mais promissora.
*Marilyn Carvalho, head global de marketing da ClearSale
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