Você já parou para contar quantos vídeos de zoeira passaram pelo seu feed hoje? Ou tentou perceber quantos minutos — ou talvez horas — ficou vidrado naqueles vídeos que arrancaram risadas? Se a sua resposta foi sim para uma dessas perguntas, parabéns, você é uma exceção. A maioria de nós nem se dá conta de quanto tempo se entretém nesse tipo de conteúdo. E a palavra-chave aqui é esse mesmo: entretenimento.
O desejo por distração nunca foi tão forte, e as redes sociais refletem isso com perfeição. Tudo vira meme, tudo é compartilhado, tudo é zoeiro. A seriedade parece estar perdendo espaço, e, se o tom é mais formal, a audiência foge.
E como engajar nesse cenário? Com vídeos curtos que mostram, de forma engraçada, uma situação comum no dia a dia. Pode ser o marido que ronca, um colega de trabalho que não para de falar ou o pet que é preguiçoso. Até um contratempo pode virar motivo de riso. A fórmula é transformar o cotidiano em algo leve e divertido.
Mas por que tudo vira meme hoje em dia? A resposta está na aceleração do consumo de conteúdo. Quando eu era criança, não tinha celular na mão. Ia assistir meu desenho favorito na TV e tinha que esperar a propaganda acabar. Hoje, tudo está a um clique de distância. Até o famoso botão de “pular anúncio” foi criado para garantir que você possa consumir o conteúdo que gosta de forma mais e mais rápida. As crianças, por exemplo, só assistem shorts — tudo é muito dinâmico.
Viciados em dopamina
Por qual razão isso atrai tanto a atenção? O próprio CEO do YouTube declarou que não deixa seus filhos assistirem a esses vídeos curtos, pois “eles causam uma liberação exacerbada de dopamina”, que é o neurotransmissor que faz você querer mais. As redes sociais são projetadas para isso: liberar dopamina.
Nós não conseguimos mais suportar o tédio, como se fosse um prato sem sal. Sabe aquela história do sapo na água morna, que vai esquentando, esquentando e ele nem sente? Estamos nos acostumando a essa nova realidade, na qual não conseguimos passar uma hora na fila sem pegar o celular. Isso vai regulando a nossa dopamina e as pessoas começam a ter dificuldade de focar em conteúdos profundos. Uma hora de leitura? Quase impossível para o cérebro moderno. Por isso a busca constante pelo entretenimento.
E a culpa é do algoritmo. Ele funciona assim: "como faço a Camila ficar mais tempo aqui dentro?". A resposta é simples: liberando dopamina. É como um cassino, onde você quer sempre mais um pouco daquilo que te dá prazer. O algoritmo entende o que você gosta e vai entregando conteúdos semelhantes, até que você fique preso, alterando a química do seu cérebro.
Informação x entretenimento
Mas será que os “vídeos sérios” perderam a relevância? Não necessariamente. Conteúdos mais sérios ainda têm seu valor para o público-alvo certo. A chave está em saber se comunicar, sempre apresentar novidades e abordar as pessoas de forma estratégica. Mesmo que seu seguidor adore entretenimento, se ele gostar do seu conteúdo, vai interagir, compartilhar e curtir, e o algoritmo vai entregar seu material também. O segredo está em saber como fazer.
E não precisa ver o entretenimento como concorrente. Já pensou em unir as duas estratégias? Criar o seu conteúdo informativo, mas com um toque divertido? É mais simples do que parece. Aposte em um formato que mescle dados relevantes com uma comunicação leve e acrescente a sua personalidade. Isso vai ajudar a destacar sua mensagem em meio a tantos temas, criando uma conexão mais genuína e envolvente com seu público. Se joga!
*Camila Renaux é especialista em Marketing Estratégico, Marketing Digital e Inteligência Artificial
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