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SXSW: quem ainda investe em diversidade está ganhando

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Tempo de Leitura 4 min

SXSW: quem ainda investe em diversidade está ganhando

O painel “Reframing the DEI Debate”, realizado no SXSW 2025, trouxe uma discussão essencial sobre os desafios e oportunidades das políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) em um cenário global de retrocesso, especialmente nos Estados Unidos.

Com moderação de Megha Bansal Rizoli (senior director da Jobs for the Future), o debate contou com a participação de Michael Bush (CEO do Great Place to Work) e Ellen Mcgirt (Editor-in-chief da Design Observer). Na nossa cobertura do futuro do trabalho sob a perspectiva do SXSW, acompanhamos essa conversa que abordou a necessidade de enxergar a diversidade como um fator estratégico para inovação e crescimento sustentável nas empresas.

Retrocesso nas políticas de DEI: um cenário preocupante

Em uma virada de jogo desde 2020, diversas corporações vêm reduzindo sua atuação em iniciativas de diversidade. Google, Disney, GM, Intel, Meta e Deloitte são algumas das empresas que suavizaram ou retiraram referências a DEI de seus relatórios anuais, conforme análise da NPR. 

Retrocesso nas políticas de DEI: um cenário preocupante

Por outro lado, algumas organizações seguem firmes em suas políticas. A Apple, mesmo diante de pressões do National Center for Public Policy Research para descontinuar suas iniciativas de DEI, manteve seu posicionamento, reforçando que a diversidade é essencial para seus resultados financeiros. Acionistas da Costco também rejeitaram propostas para eliminar programas de diversidade.

Empresas que insistem no conceito estão colhendo resultados concretos. A Apple, por exemplo, atribui parte de seu valor de mercado de US$ 3,7 trilhões à sua cultura inclusiva, um indicativo de que diversidade não é apenas um imperativo social, mas uma estratégia de negócios eficaz.

Diversidade como motor da inovação

Michael Bush destacou que, pela primeira vez, corporações americanas estão operando sob a influência do medo, provocado por ordens executivas e pressões políticas para revisar políticas de DEI. Segundo ele, a diversidade deve ser vista como uma ferramenta competitiva, e não um risco.

É importante ter em mente que a inovação só existe, de fato, com times diversos. Se todo mundo for igual, as empresas vão deixar de inovar. Além disso, companhias que ampliaram a diversidade aumentaram significativamente seu valor de mercado. A inovação vem do esforço extra de equipes que se sentem valorizadas e respeitadas.

Diversidade como motor da inovação

O debate também ressaltou que contratar pessoas com diferentes vivências não é apenas uma questão de justiça social, mas uma forma real de trazer novas perspectivas e ampliar a criatividade dentro das organizações.

O mito da meritocracia e as barreiras sistêmicas

A discussão abordou como a ideia de meritocracia pode mascarar desigualdades estruturais. Muitas decisões de contratação e promoção são influenciadas por vieses inconscientes e redes de relacionamento no nível de liderança, favorecendo grupos já privilegiados.

Esse cenário reflete no mercado de trabalho brasileiro. Mulheres pretas e pardas, por exemplo, enfrentam desafios significativos para equilibrar carreira e vida pessoal. O estudo “Check-up de bem-estar 2024”, desenvolvido pela Vidalink, revelou que 41% lidam com uma dupla jornada de trabalho, dividindo-se entre emprego formal e responsabilidades domésticas, enquanto 43% relatam sentir-se ansiosas na maior parte do tempo.

Esse dado reforça a importância de empresas que implementam culturas organizacionais adaptáveis, criando condições reais para que esses talentos possam contribuir com seu potencial máximo sem deixar de lado o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.

Critérios reais para contratação: paixão e resiliência

Uma das abordagens mais instigantes do painel foi a ideia de que o fator decisivo para contratações não deveria ser apenas formação acadêmica ou experiência em grandes empresas, mas sim o conceito de "grit" – um termo popularizado pela psicóloga Angela Duckworth que se refere à combinação de paixão e persistência para alcançar objetivos de longo prazo.

Critérios reais para contratação: paixão e resiliência

Michael Bush defendeu que esse fator pode ser um indicador de sucesso mais relevante do que diplomas ou histórico profissional. Essa visão desafia os modelos tradicionais de recrutamento, ampliando o leque de talentos considerados para posições estratégicas.

DEI como fator de crescimento e produtividade

Diante do enfraquecimento de políticas de diversidade em algumas empresas, especialistas alertam para os riscos estratégicos dessa decisão. Com base nas experiências dos painelistas do SXSW, a retirada de iniciativas de DEI pode comprometer engajamento, inovação e crescimento financeiro.

A questão que fica é: se gerou resultados positivos nos negócios, por que mexer no time que está ganhando?

O futuro da diversidade nas empresas dependerá da consistência entre discurso e prática, garantindo que ações de inclusão se traduzam em ambientes corporativos mais saudáveis e inovadores – um diferencial competitivo cada vez mais decisivo no mercado global.

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Luis González é CEO e cofundador da Vidalink

Luis González

CEO e cofundador da Vidalink

CEO e cofundador da Vidalink

AUTOR

Renata Rivetti é Fundadora da Reconnect Happiness at Work

Renata Rivetti

Fundadora da Reconnect Happiness at Work

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