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Seu planejamento estratégico pode estar furado

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Tempo de Leitura 8 min

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7 de ago. de 2006

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Reportagens

<p><strong>Seu planejamento estrat&eacute;gico pode estar furado</strong></p><p>Por Bruno Mello<br /><a href="mailto:bruno@mundodomarketing.com.br">bruno@mundodomarketing.com.br</a></p><p>&Eacute; certo que n&atilde;o se desenvolve nenhum produto ou servi&ccedil;o sem um Planejamento Estrat&eacute;gico. O que n&atilde;o &eacute; t&atilde;o certo assim &eacute; que as empresas e os profissionais de marketing est&atilde;o utilizando esta ferramenta da forma correta. Por isso, o Mundo do Marketing perguntou: qual, entre todas as atividades do Planejamento de Estrat&eacute;gico, &eacute; t&atilde;o importante quanto as outras, mas acaba sendo deixada de lado? </p><p>A boa e velha pesquisa, aplicada das mais diversas formas, foi a mais lembrada entre os especialistas ouvidos pelo site. E, apesar de muitos profissionais acharem simples, todos foram un&acirc;nimes ao dizer que o bom planejamento estrat&eacute;gico requer um conjunto complexo de estudos que orientem a empresa e os profissionais para reduzir incertezas, gastos e na melhor forma de direcionar o neg&oacute;cio aos lucros.</p><p>O grande pecado cometido nas pesquisas &eacute; a an&aacute;lise superficial feita para conhecer o macroambiente. &ldquo;Uma das atividades mais importantes do planejamento estrat&eacute;gico &eacute; a an&aacute;lise ambiental&rdquo;, afirma Martinho Isnard Ribeiro de Almeida, PhD em Administra&ccedil;&atilde;o e autor do livro Manual de Planejamento Estrat&eacute;gico. &ldquo;S&oacute; assim voc&ecirc; pode identificar as vari&aacute;veis que v&atilde;o influenciar no dia-a-dia do neg&oacute;cio&rdquo;, explica Martinho, professor da FEA/USP. Na maioria das vezes, entretanto, o que acontece &eacute; justamente o inverso.</p><p>Os profissionais apostam na intui&ccedil;&atilde;o. &ldquo;O gestor de marketing diz que trabalha h&aacute; 15 anos na &aacute;rea e que sabe como as coisas funcionam&rdquo;, diz Edson Crescitelli, Coordenador de p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o da ESPM-SP e professor da Faculdade de Economia, Administra&ccedil;&atilde;o e Contabilidade da USP - FEA/USP. &ldquo;As empresas n&atilde;o podem depender da sorte e da sensibilidade dos profissionais para conhecer o seu consumidor, por exemplo&rdquo;, completa.</p><p><img class="foto_laranja_materias" style="width: 150px; height: 190px" height="190" hspace="5" src="images/materias/reportagens/planejamento_plano_acao.jpg" width="150" align="right" vspace="1" border="0" />Para Tatiana Pieper (foto), Gerente de Marketing da consultoria Integration, h&aacute; diversas atividades que acabam sendo esquecidas ou menos valorizadas, mas a mensura&ccedil;&atilde;o de resultados das a&ccedil;&otilde;es de marketing&nbsp;se transforma em&nbsp;uma &quot;pedra no sapato&quot; de muitos profissionais.&nbsp;&ldquo;O marketing n&atilde;o pode ser tratado como uma ci&ecirc;ncia exata porque envolve vari&aacute;veis de comunica&ccedil;&atilde;o &agrave;s vezes intang&iacute;veis, quest&otilde;es emocionais de envolvimento com as marcas, imagens e percep&ccedil;&otilde;es geradas da identidade das empresas nem sempre expressas de maneira clara, mas que influenciam na decis&atilde;o de compra de clientes/consumidores e, principalmente, rea&ccedil;&otilde;es n&atilde;o mensur&aacute;veis das v&aacute;rias formas de relacionamento da empresa com seus diferentes p&uacute;blicos&rdquo;, conta.</p><p><span class="texto_laranja_bold">A solu&ccedil;&atilde;o? </span><br />Realizar pesquisas que indiquem com mais precis&atilde;o qual &eacute; o potencial de mercado para&nbsp;planejar o neg&oacute;cio de acordo com a demanda &eacute; um caminho. &ldquo;Tem que ter uma base concreta e deixar o &lsquo;ach&ocirc;metro&rsquo; de lado para trabalhar com ferramentas estrat&eacute;gicas&rdquo;, salienta Stella Kochen, Diretora de Planejamento da TNS InterScience, para quem tamb&eacute;m &eacute; importante medir a satisfa&ccedil;&atilde;o dos clientes, priorizar o plano de a&ccedil;&atilde;o e n&atilde;o camuflar os problemas. </p><p>Outro ponto importante &eacute; conhecer essas ferramentas de pesquisas. &ldquo;&Eacute; preciso saber o que elas podem e n&atilde;o podem fazer e o que &eacute; necess&aacute;rio aplicar na empresa&rdquo;, comenta Edson Crescitelli, que chama aten&ccedil;&atilde;o dizendo que &ldquo;Os instrumentos v&atilde;o dar subs&iacute;dios, n&atilde;o v&atilde;o pilotar o avi&atilde;o sozinho&rdquo;. </p><p>Al&eacute;m da pesquisa, ler publica&ccedil;&otilde;es especializadas, conversar com especialistas, fazer benchmark e ter aten&ccedil;&atilde;o em todas as etapas e processos do planejamento estrat&eacute;gico s&atilde;o as maiores recomenda&ccedil;&otilde;es. &ldquo;N&atilde;o &eacute; s&oacute; fazer an&aacute;lise Swot. H&aacute; muita coisa a se fazer antes de ver quais s&atilde;o as for&ccedil;as e fraquezas&rdquo;, garante o prof. Martinho. &ldquo;S&oacute; assim as empresas poder&atilde;o conhecer o potencial de mercado e as oportunidades&rdquo;, completa.</p><p>H&aacute;, no entanto, quem consiga equacionar muito bem todas as a&ccedil;&otilde;es do planejamento. &Eacute; o que diz Luciana Musa, Diretora de Planejamento da Ogilvy Brasil. &ldquo;Felizmente aqui na Ogilvy dispomos de uma s&eacute;rie de ferramentas que, al&eacute;m de serem eficientes, s&atilde;o muito flex&iacute;veis em rela&ccedil;&atilde;o a custos e timings. Por isso, adequamos a complexidade da ferramenta &agrave; complexidade do projeto. Desta maneira, todo job nos oferece oportunidade para explorar todas as fases de um bom planejamento: contexto de mercado, pesquisa com o consumidor, posicionamento e estrat&eacute;gia de comunica&ccedil;&atilde;o&rdquo;, afirma. &ldquo;Essa &eacute; a maneira pelo qual conseguimos ter um entendimento completo sobre o neg&oacute;cio e a marca do cliente, adequado a sua realidade de processos, timings e budget&quot;, completa.</p><p><span class="texto_laranja_bold">Tome nota do que &eacute; preciso fazer</span><br />Os pesquisadores e especialistas em Planejamento Estrat&eacute;gico, Marcos Fava Neves e Matheus Alberto C&ocirc;nsoli afirmam que os profissionais se preocupam mais com as a&ccedil;&otilde;es e decis&otilde;es de marketing (produtos/servi&ccedil;os, comunica&ccedil;&otilde;es e pre&ccedil;os especialmente) do que com as an&aacute;lises e o processo de planejamento. Veja o que as principais a&ccedil;&otilde;es de um bom Plano de Marketing de acordo com Fava Neves, que &eacute; professor de planejamento, estrat&eacute;gia e marketing do departamento de administra&ccedil;&atilde;o da FEA-USP de Ribeir&atilde;o Preto e autor/organizador de nove livros, entre os quais Planejamento e Gest&atilde;o Estrat&eacute;gica de Marketing (ed. Atlas), e membro da Academia Europ&eacute;ia de Marketing, da Associa&ccedil;&atilde;o Americana de Marketing e da Associa&ccedil;&atilde;o Mundial de Agribusiness, al&eacute;m de integrar o conselho editorial do Journal of Business and Industrial Marketing. J&aacute; Matheus Alberto C&ocirc;nsoli &eacute; especialista nas &aacute;reas de planejamento e gest&atilde;o estrat&eacute;gica de marketing, planejamento de canais de distribui&ccedil;&atilde;o, gest&atilde;o de vendas, coordena&ccedil;&atilde;o de cadeias e a&ccedil;&otilde;es coletivas.</p><p>&ldquo;Para qualquer empresa, o gestor ou a equipe envolvida deve (1) avaliar sua pr&oacute;pria estrutura e seu hist&oacute;rico de atividades &ndash; que atividades t&ecirc;m sido desenvolvidas, que estrat&eacute;gias t&ecirc;m sido utilizadas, que planos est&atilde;o em andamento (por exemplo, expans&atilde;o da capacidade, lan&ccedil;amento de produtos, abertura de mercados etc). Em seguida, &eacute; preciso que se (2) analise e entenda o ambiente de marketing ao seu redor e identifique as oportunidades e amea&ccedil;as &ndash; como pre&ccedil;os de insumos, concentra&ccedil;&atilde;o de clientes e fornecedores, comportamento e h&aacute;bitos dos clientes e consumidores. Mas, como grande parte dos setores s&atilde;o bastante competitivos, tamb&eacute;m &eacute; necess&aacute;rio (3) entender os concorrentes, outras empresas do setor e avaliar o que est&atilde;o fazendo melhor e onde seu neg&oacute;cio est&aacute; em desvantagem e precisa melhorar, avaliando assim seus pontos fortes e pontos de melhoria. </p><p>A partir desse mapeamento, j&aacute; &eacute; poss&iacute;vel (4) definir os objetivos do neg&oacute;cio &ndash; quanto pretende produzir, quanto quer ganhar, quais mercados quer atingir, etc &ndash; para ent&atilde;o decidir que (5) estrat&eacute;gias ser&atilde;o utilizadas para alcan&ccedil;&aacute;-los &ndash; vai produzir ao menor custo ou vai focar em produtos/servi&ccedil;os diferenciados, com maior qualidade, desempenho, rapidez etc. </p><p>Desse modo, &eacute; poss&iacute;vel planejar o como fazer essas coisas acontecerem. A primeira coisa a fazer &eacute; (6) planejar e definir as decis&otilde;es sobre os produtos e servi&ccedil;os, considerando quest&otilde;es de linhas de produtos, marcas, embalagens, servi&ccedil;os adicionais, certifica&ccedil;&otilde;es, n&iacute;vel de qualidade etc. Depois, &eacute; necess&aacute;rio fazer que seus clientes e consumidores conhe&ccedil;am seus produtos e servi&ccedil;os e, para isso, dever&aacute; (7) desenvolver atividades de comunica&ccedil;&atilde;o, seja com visitas a clientes ou a&ccedil;&otilde;es como promo&ccedil;&otilde;es, propagadas, publicidade, entre outras, para ent&atilde;o planejar (8) como e onde ser&atilde;o vendidos os produtos e servi&ccedil;os, tamanho da equipe de vendas, suas fun&ccedil;&otilde;es e estrat&eacute;gias de abordagem e negocia&ccedil;&atilde;o. Tamb&eacute;m &eacute; necess&aacute;rio planejar como ser&aacute; realizada a distribui&ccedil;&atilde;o (9), tipos e quantidade de clientes que se pretende atender, estrat&eacute;gias de relacionamento, localiza&ccedil;&atilde;o etc. </p><p>Com todas essas decis&otilde;es e an&aacute;lises, pode-se ent&atilde;o (10) precificar seus produtos, tentando posicionar seu pre&ccedil;o de maneira compat&iacute;vel com as estrat&eacute;gias que foram definidas anteriormente, sempre considerando poss&iacute;veis movimentos da concorr&ecirc;ncia e demanda.<br />&nbsp;<br />Por fim, &eacute; preciso (11) or&ccedil;ar quanto ser&aacute; necess&aacute;rio investir para implementar as estrat&eacute;gias que foram definidas e priorizadas e dar um prazo para que elas sejam executadas. Como o mercado n&atilde;o &eacute; est&aacute;tico e as coisas provavelmente mudar&atilde;o no decorrer dos meses ou anos, &eacute; necess&aacute;rio (12) acompanhar e ajustar o plano de marketing &agrave;s mudan&ccedil;as do mercado e do ambiente.</p><p>Com base no que comentamos anteriormente, &eacute; dif&iacute;cil dizer o que &eacute; mais ou menos importante. Geralmente, as an&aacute;lises do ambiente s&atilde;o sub-avaliadas ou muito simplistas, n&atilde;o considerando vari&aacute;veis relevantes para o neg&oacute;cio da empresa, principalmente no longo prazo. Subestimar os concorrentes e sua capacidade de crescer tamb&eacute;m &eacute; um risco que deve ser evitado.</p><p>Dentre as a&ccedil;&otilde;es que definem o bom aproveitamento do plano e at&eacute; o futuro da empresa diz respeito &agrave; identifica&ccedil;&atilde;o clara dos segmentos de mercado que se pretende atender, as estrat&eacute;gias de diferencia&ccedil;&atilde;o que ser&atilde;o aplicadas para atrair e fidelizar o (s) segmento (s) escolhido (s) e o posicionamento que a empresa pretende no mercado.</p><p>As estrat&eacute;gias de segmenta&ccedil;&atilde;o, diferencia&ccedil;&atilde;o e posicionamento s&atilde;o criticas e se forem equivocadas conduzir&atilde;o ao desperd&iacute;cio de recursos e possivelmente ao insucesso do plano. De que vale a empresa desenvolver excelentes produtos e oferec&ecirc;-los aos clientes errados? Ou preparam uma campanha promocional e usar m&iacute;dias que n&atilde;o atingem o p&uacute;blico alvo correto? Usar canais de distribui&ccedil;&atilde;o incoerentes ou estrat&eacute;gias de pre&ccedil;os e qualidade que possam confundir os clientes?</p><p>Assim, para evitar esses erros, sugerimos que os profissionais realizem boas an&aacute;lises internas e externas, para ent&atilde;o definir suas estrat&eacute;gias de marketing, que sejam coerentes com o segmento e posicionamento que se deseja alcan&ccedil;ar. Pelo que comentamos acima, &agrave; primeira vista pode parecer que fazer um plano ser&aacute; um trabalho sem fim, um desperd&iacute;cio de recursos ou que a empresa n&atilde;o tem capacidade para tal. Ou ainda, que ele ficar&aacute; engavetado como todos &ldquo;aqueles outros&rdquo;.</p><p>Nossa sugest&atilde;o &eacute; que sejam realizadas reuni&otilde;es peri&oacute;dicas de revis&atilde;o ao longo do ano. Assim, o plano vai sendo atualizado e repensado. Suas estrat&eacute;gias v&atilde;o sendo constantemente rediscutidas e ajustadas &agrave;s incontrol&aacute;veis mudan&ccedil;as do ambiente. Os resultados obtidos mostram que a cada ano em que o plano &eacute; feito, as empresas t&ecirc;m mais facilidade para sua realiza&ccedil;&atilde;o, est&atilde;o cada vez mais orientadas para o mercado, partindo para um patamar superior nas suas atividades. Ou seja, a empresa pode ir &ldquo;aprendendo a jogar&rdquo;, com mais velocidade e com menos derrotas&rdquo;.&nbsp;</p><p><span class="texto_laranja_bold">Leia tamb&eacute;m</span><br /><a href="../2006/ver_reportagens.asp?cod=171" target="_blank">Como obter retorno de investimento em marketing</a><br /><a href="../2006/ver_reportagens.asp?cod=115" target="_blank">Profissional de Marketing tem p&oacute;s, mas n&atilde;o estuda</a></p><p><em>Atualizado em 10/8/2006</em></p>

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