A maioria das mulheres (79%) acredita sofrer discriminação por conta de suas características físicas, segundo um levantamento liderado pela consultoria de estratégia Dubu. Intitulado "Sem Cabimento", o estudo traz à tona a percepção das mulheres brasileiras sobre seus corpos, mostrando sentimentos complexos e, muitas vezes, negativos.
Entre os sentimentos relatados, destacam-se vergonha (20%), tristeza (20%) e isolamento (11%) quando pensam sobre suas aparências. A pesquisa também aponta que 37% dos brasileiros evitam a exposição pública, refletindo um desconforto que ultrapassa a questão estética e se manifesta em sua relação com o espaço público.
A pesquisa analisou as percepções de 500 brasileiros entre 16 e 50 anos, com um índice de confiança de 95%. Os números mostram que a pressão para se conquistar uma aparência idealizada persiste, impactando mulheres de todas as idades e contextos. Essa pressão vem de diversas fontes, incluindo influências de familiares, amigos e especialmente das mídias sociais, onde imagens manipuladas exercem forte impacto sobre a Geração Z.
Diferenças entre Gerações Y e Z
O estudo apontou diferenças marcantes nas percepções das mulheres da Geração Y (nascidas entre 1981 e 1996) e da Geração Z (nascidas entre 1997 e 2012). As mulheres da Geração Y, por exemplo, evitam se expor publicamente com maior frequência (40% versus 30% na Geração Z) e relatam mais tristeza ao pensar em seus corpos (21% versus 12%). Já as mulheres da Geração Z, por outro lado, apresentam maior vontade de serem outras pessoas (20% versus 6%) e relatam sentir mais pressão para ter um corpo “ideal” (22% versus 19%).
Essa segmentação por faixa etária permite uma análise mais detalhada das diferentes pressões e desafios enfrentados. Apesar de toda a conscientização sobre o corpo e a beleza natural, as mulheres mais jovens ainda sentem uma pressão significativa para se conformarem aos padrões estéticos. A influência das redes sociais, segundo a pesquisa, é um fator determinante na construção dessas percepções.
O papel das marcas e a responsabilidade social
Para Julia Guilger, sócia da Dubu, esses dados reforçam a importância de marcas repensarem suas abordagens. “O estudo mostra que 86% dos brasileiros acreditam que as marcas são corresponsáveis pela maneira como as pessoas se veem”, observou Guilger.
Ela acredita que, ao desenvolver programas de comunicação e produtos que valorizem a diversidade e a inclusão, as marcas contribuem para a construção de uma sociedade que respeita as diferentes formas de ser e estar no mundo.
O estudo também fez comparações entre as percepções de homens e mulheres sobre seus corpos, destacando um maior pessimismo entre as mulheres. Enquanto 37% das mulheres afirmam que evitam se expor publicamente, apenas 27% dos homens relatam o mesmo. Além disso, a tristeza ao pensar na própria aparência é mais comum entre as mulheres (19% contra 5% dos homens), assim como a pressão para atingir um padrão estético (17% contra 5%).
A percepção de vulnerabilidade também difere entre os gêneros: 79% das mulheres sentem que podem ser alvos de violência em função de seus corpos, em comparação com 66% dos homens. Para Anna Azem, sócia e cofundadora da Dubu, essa disparidade de sentimentos gera um impacto direto na saúde mental das mulheres. Ela acredita que a sociedade precisa compensar seus valores e que as marcas têm um papel fundamental de transformação.
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