No começo de Abril, o filme "Air, a história por trás do Logo" estreou nos cinemas. Como um bom publicitário e fã da Nike, era quase uma obrigação minha levar minha querida Maya ao cinema para vermos o filme, e o fizemos poucos dias após a sua estréia. Ao sair do cinema, fiz um post em meu Instagram, dizendo que o filme era ótimo e isso me rendeu um convite do meu amigo Bruno Mello para esse artigo o qual você vai ler, mas pode ficar tranquilo, que não tem nenhum spoiler. Após eu assistir ao filme, me dei conta que na verdade não conta a história da Nike, mas sim de um momento muito importante da empresa, me deixei levar pela palavra "logo" no nome do filme e já associei ao Swoosh, a icônica marca da maior empresa de material esportivo da atualidade, aliás, ficou claro para mim porque a Nike apostou tanto na marca Air Jordan em 2022, já estava preparando terreno para o filme. O filme se passa em 1984, quando Jordan ainda era um jovem desconhecido da NBA, onde nem estava ainda, porém, alguns já enxergavam seu potencial nas quadras de basquete universitário. Alguns podem ler esse artigo e achar que LeBron, Magic Johnson ou Kobe Bryant foram melhores, respeito, mas para mim, assim como no futebol tivemos lendas como Maradona, Zico ou Messi, Pelé foi único, é o maior, tal qual, Michael Jordan. O filme se passa no período em que a Nike tenta convencer Jordan a fechar com eles, em um momento que a Converse detinha quase 53% do mercado e a Adidas 25%, a Nike tinha pouco mais de 12%, o que a deixava em desvantagem logo na largada das negociações. A lição do filme é: acredite! Sonny Vaccaro, interpretado brilhantemente pelo Matt Damon é o protagonista da história; Ben Affleck interpreta Phil Knight, fundador da marca e até hoje o CEO da empresa, o ator também é o diretor do filme. Vaccaro, hoje aos 83 anos trocou a Nike pela Adidas e depois trabalhou na Reebok. Sonny não desiste do que considerava a sua maior jogada na empresa, trazer um grande astro para a linha de basquete, que na época estava em baixa na Nike, uma vez que a Converse tinha como garotos propaganda Magic Johnson e Larry Bird, na época, os dois maiores jogadores da NBA, era como se no começo dos anos 2010 a Nike patrocinasse Cristiano Ronaldo e Messi. A Nike reinava em tenis de corrida, mas precisava entrar no basquete, o esporte mais praticado pelos americanos. Ao assistir uma fita, do lance mais importante de Jordan no basquete universitário - lance de 1984 que tem milhares de views no YouTube, portanto não é spoiler - Vaccaro enxerga algo ali que ninguém tinha visto (se eu contar, é spoiler) e é nisso que ele aposta para a sua grande jogada. Sonny precisa correr contra o tempo, uma vez que a Adidas queria Jordan para o seu time. A favor de Sonny, Jordan seria um dos 3 na Adidas, meio óbvio, mas contra Sonny havia outros importantes fatores, mas esses fatores você terá que pagar o ingresso para ver. Para fechar com a Nike, mais do que uma proposta, que a Adidas tinha similar, Sonny precisou mostrar o quanto conhecia Jordan e sua família, em uma época que não existia o YouTube para isso; vale lembrar, o filme se passa em 1984, um ano que mudou o mundo do varejo. Já assistiram a campanha 1984 da Apple? Vale a pena... O executivo da Nike foi a fundo na sua intuição, quebrou regras, foi ousado e conquistou a Sra. Jordan, interpretará pela excelente Viola Davis, que deve concorrer ao Oscar por esse papel. No filme, é relatada de forma clara a importância da mãe de Jordan na sua vida, até os dias atuais, Deloris Jordan, hoje com 81 anos, ajuda o filho em projetos sociais. Para convencer Jordan que a Nike era melhor que a Adidas, não foi uma apresentação cheia de números, gráficos e projeções, afinal, quando isso começou e Jordan não estava gostando, foi quando Sonny, percebendo que estava perdendo a atenção do ídolo, saiu do racional e foi para o emocional, foi no coração do futuro maior jogador de basquete que a mensagem de Sonny atingiu em cheio, algo que a comunicação publicitária tem a missão de fazer todos os dias. Segundo dados do filme, em 2022 a marca Jordan gerou 4 bilhões de dólares para a Nike, o que rendeu 400 milhões de dólares ao ex-astro da NBA, que tem um contrato vitalício com a marca e, por exigência da sua mãe, também tem uma participação nas vendas da linha que leva seu nome, desde então. O filme, em resumo, conta a história do logo Air, de "Air Jordan", talvez a maior Collab da história do esporte. No primeiro ano, por exemplo, a parceria rendeu 165 milhões de dólares para a Nike, eles não esperavam nem 10% disso, já que Jordan ainda não estava na NBA. Além da lição de nunca desistir dos sonhos, voltando a esse delicioso mundo do marketing, vale ressaltar que a ação de Collab - ou co-branding de preferir - foi fundamental para o crescimento das duas marcas, a ponto de 12 anos depois, em 1996, a Nike que tinha 13 pontos de mercado ter comprado a Converse com 53 pontos, mas claro, que quando essa compra ocorreu, os números eram bem diferentes. *Felipe Morais é Diretor da FM Consultoria em Planejamento.
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