As marcas investiram cerca de US$ 680 bilhões em marketing digital em 2023, 10% a mais comparado a 2022, segundo dados da Statista. E o crescimento da área não para por aí. Ainda de acordo com o estudo, a expectativa é que esse montante atinja US$ 910 bilhões até 2027.
De fato, não há como negar a importância do “digital”. Além dos próprios números, o avanço do conceito é tamanho que já se tornou comum nos referirmos a ele como um sinônimo para qualquer ação do setor, e não apenas como uma das áreas a serem exploradas.
Embora essa preferência seja compreensível, acredito que muitas empresas estão “perdendo a mão” na questão. O entusiasmo das marcas em explorar o mundo do marketing digital atingiu um ponto em que, por vezes, há um certo exagero no número de publicações em suas redes sociais.
Hoje, num mercado tão concorrido e competitivo, as companhias precisam entender que a construção de uma reputação não passa somente pela publicação de uma imagem ou um vídeo sobre um produto.
É preciso que o marketing seja muito bem elaborado e estruturado, capaz de mostrar verdadeiramente toda a expertise da empresa por meio de conteúdos estratégicos, a fim de criar uma narrativa mais robusta e conexa em diferentes espaços.
Estratégia integrada
Isso implica dizer que essa construção não precisa se limitar apenas aos formatos digitais, como blogs, e-mails e redes sociais. Essa comunicação pode, e deve, ser muito mais ampla, abrangendo variadas frentes com o público de forma totalmente integrada. É o chamado marketing 360°, que engloba não apenas o digital, mas também os diferentes canais, como materiais impressos, publicidade em mídias tradicionais, como televisão e rádio, e também o live marketing.
Isso está longe de querer dizer, no entanto, que a tecnologia precisa ficar de fora das ações. Estratégias envolvendo o cada vez mais influente universo imersivo, por exemplo, baseado nas tecnologias de Realidade Virtual (VR), Realidade Aumentada (AR) e Mixed Reality (MR), também têm uma altíssima relevância no atual cenário.
Nesse cenário, quanto mais a empresa conseguir se apropriar de forma conjunta desses diferentes formatos e canais, visando a construção de uma narrativa sólida no entorno de sua marca, maior também será o resultado e retorno da campanha.
Um exemplo prático é a contratação de influenciadores digitais. Por mais que essa estratégia seja habitual hoje em dia, tenho percebido que diversas companhias tentam utilizar a imagem do contratado apenas para publicações genéricas, sem atrelar a mensagem ao posicionamento da marca.
Por outro lado, imagine uma corporação que aproveite o personagem para produzir peças estratégicas, mapeando a possibilidade de estruturar materiais para diferentes frentes, produzindo filmes publicitários que sejam capazes de inserir a marca e o influenciador como verdadeiros protagonistas da história. Neste segundo caminho, o marketing digital é apenas mais um dos canais para a divulgação de um conteúdo vasto, que tem como base um universo que alia textos a imagens de forma muito mais sólida e estruturada.
Outro exemplo interessante é a organização de eventos ou ativações presenciais, ação conhecida como live marketing. Além de conseguirem desempenhar um papel significativo na construção de uma narrativa mais próxima e viva junto aos consumidores, algo muito apreciado sobretudo no contexto atual de pós-pandemia, esses projetos também contribuem para a construção de materiais mais interessantes e encantadores para a própria rede social da marca.
Ou seja, o marketing digital está presente na campanha, mas é o marketing integrado que permite que o conteúdo construído para o digital seja poderoso.
A verdade é que já não há mais dúvidas sobre a importância do marketing digital para as empresas. No entanto, vale destacar que a verdadeira chave para o sucesso reside na construção de um conteúdo integrado e em estratégias que se complementam.
Sem esse cuidado meticuloso, a eficácia das ações digitais tende a diminuir consideravelmente em comparação àquelas marcas que dedicam tempo na construção de todos esses detalhes.
Nesse momento, é hora dos gestores de marketing se sintonizarem com esse movimento e perceberem que o sucesso no cenário digital vai além da presença online – afinal, é a harmonia entre estratégias que faz toda a diferença.
*Ricardo Tarza é sócio e diretor de inovação e criatividade na DreamOne e pós-graduado em gestão de marcas e produtos pela Faculdade Belas Artes de São Paulo.
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