A trajetória de cada pessoa influencia diretamente o modo como ela encara os desafios do dia a dia. No meu caso, começar em um mercado muito pequeno me forçou a aprender várias disciplinas para poder executar bons trabalhos. Essa experiência me deu autonomia, independência e a capacidade de me adaptar rapidamente, mesmo sem, muitas vezes, o suporte ideal.

Vale destacar que minha paixão por ferramentas e processos contribuiu para me tornar um profissional multidisciplinar, capaz de transitar por diversas áreas com fluidez. E é essa multidisciplinaridade que continua a me mover e me desafiar todos os dias. Trabalhar em agências importantes e colaborar com diferentes equipes só reforçou a minha crença de que a criatividade não vem de uma única fonte, mas sim da combinação de várias perspectivas e habilidades.

Quando penso em como os dados e a criatividade podem coexistir, me lembro das vezes em que precisei conciliar meu conhecimento técnico com a necessidade de criar algo novo e relevante. É um equilíbrio que exige tanto a mente analítica quanto a artística. Afinal, os processos criativos têm sido tradicionalmente vistos como momentos de inspiração, arte e intuição, enquanto os dados são frequentemente associados à racionalidade e precisão. E como essas duas partes podem coexistir?

Os dados não estão aqui para substituir a criatividade, mas para potencializá-la. Eles nos oferecem uma visão de quem é o público, o que ele deseja, como se comporta. Com essas informações, podemos direcionar nossas ideias de maneira mais precisa, aumentando as chances de sucesso das campanhas. No entanto, é importante lembrar que os dados são apenas um ponto de partida. Afinal é preciso traduzir esses números em ideias que emocionam.

Acredito que os dados tendem a olhar para o passado, analisando o que já funcionou e o que não deu certo. Isso pode levar à repetição de fórmulas bem-sucedidas, mas a verdadeira criatividade muitas vezes exige risco, a capacidade de sair da zona de conforto e criar algo totalmente novo. Grandes inovações não surgem de padrões já estabelecidos, elas acontecem quando alguém ousa quebrar esses modelos e explorar o desconhecido, e isso é uma característica inerente ao processo criativo humano.

Explorando novos caminhos

Em uma conversa recente, compartilhei que um desafio que a gente sempre tem na agência é pensar em novidades. Pensar em inovação para os clientes. Quando trazemos inspirações de contextos diferentes para uma ação que já estamos tão habituados, o resultado é sempre muito positivo. Quando buscamos influências de outras áreas, de outras situações, conseguimos criar campanhas que são mais ricas e mais impactantes.

Um exemplo dessa abordagem foi um projeto para um centro de ensino. Normalmente, campanhas de influência seguem um formato pré-definido, com pacotes de posts e stories. Mas, ao analisar os dados e contar com a parte criativa de cada um, percebemos que precisávamos ir além. Em vez de seguir a lógica tradicional, decidimos criar uma estratégia personalizada, onde cada conteúdo era alinhado precisamente com as necessidades e expectativas do público-alvo. 

Recentemente um colaborador compartilhou no LinkedIn sobre uma campanha que desenvolveu e começou dizendo: “o privilégio de poder trabalhar com aquilo que se é fã.” Isso significa que quando as pessoas trabalham em projetos que realmente gostam, elas se sentem mais motivadas e felizes. Essa paixão faz com que elas criem ideias mais autênticas e interessantes.

Apresento esse ponto porque a criatividade não brota do vazio; ela exige ser cultivada. Sempre incentivo a equipe a buscar referências, a aprofundar-se no que acontece no mundo, e a ampliar seu repertório. Uma equipe curiosa revela-se mais criativa. Além disso, o intercâmbio de ideias com o cliente, o diálogo aberto e o confronto construtivo de diferentes perspectivas são essenciais para nutrir esse processo criativo.

Vale lembrar que a criatividade humana é alimentada por experiências, sentimentos, cultura, natureza e até momentos de reflexão interna que não são mensuráveis por dados. As ideias mais inovadoras frequentemente surgem de fontes inesperadas – um livro, uma conversa casual, uma caminhada, ou até um sonho. Enquanto os dados fornecem insights, a inspiração para o processo criativo muitas vezes vem dessas experiências humanas intangíveis.

No final das contas, a criatividade orientada por dados é uma maneira de equilibrar o melhor dos dois mundos. É unir o instinto criativo, a intuição, com a precisão analítica, para criar campanhas que não só chamam a atenção, mas que realmente conectam com as pessoas. É um desafio constante, mas é também o que torna nosso trabalho tão gratificante. Afinal, quando conseguimos alinhar esses dois elementos, o resultado é sempre algo que nos enche de orgulho.