O quick commerce, a promessa de entregas em até 30 minutos, ganhou escala na Índia e hoje movimenta mais de R$ 64 bilhões, segundo a consultoria CareEdge. A previsão é triplicar até 2028, mesmo com desafios de margem e rentabilidade. Mas, mais do que velocidade, o que sustenta o modelo é a inteligência artificial (IA). De moda a supermercados, os algoritmos são os verdadeiros operadores desse mercado, antecipando desejos, otimizando estoques e reduzindo atritos na experiência de compra.
Para os profissionais de Marketing brasileiros, o cenário indiano serve como laboratório antecipado. O país enfrenta dilemas semelhantes aos nossos: concentração de consumo nos grandes centros, necessidade de previsibilidade em contextos instáveis e consumidores que exigem conveniência sem abrir mão da personalização.

Embora o quick commerce ainda seja restrito às capitais e às grandes redes no Brasil, o movimento da Índia indica para onde o varejo caminha: um modelo em que IA é o verdadeiro diferencial competitivo. Não se trata de correr contra o relógio, mas de reduzir incertezas — prever a compra antes do consumidor sentir a necessidade, garantir disponibilidade antes da ruptura e personalizar a experiência no detalhe.
A vantagem não está em ganhar dois minutos na entrega, mas em conquistar a confiança do consumidor ao oferecer certeza, conveniência e relevância no momento certo.
Veja 5 lições para o Marketing brasileiro
Demanda preditiva é mais valiosa que velocidade
Na Índia, empresas como Myntra (moda) e Nykaa (beleza) usam modelos preditivos para definir quais SKUs devem estar em cada dark store antes mesmo de o cliente clicar em “comprar”. Para o Brasil, onde logística ainda é um gargalo, antecipar tendências e comportamentos pode ser mais estratégico do que competir apenas no prazo de entrega.
Personalização hiperlocal aumenta conversão
Nykaa adapta o portfólio de cores e produtos por cidade. No Brasil, onde clima, cultura e poder de compra variam radicalmente de uma região para outra, o Marketing pode aplicar essa lógica em campanhas segmentadas, sortimento e até comunicação local.
IA como motor de eficiência
BigBasket mostra que IA não é só sobre cliente, mas sobre bastidores. No Brasil, marcas podem usar algoritmos para desde planejamento de mídia até gestão de estoque, roteirização de entregas e SAC automatizado. Isso reduz custos e libera equipes para tarefas estratégicas.

Conversational commerce é a próxima fronteira
Amazon Índia aposta em assistentes de IA que substituem a navegação tradicional por interações de voz ou chat. Com a ascensão dos apps de mensagem no Brasil, o Marketing deve se preparar para experiências conversacionais que vão além do chatbot de atendimento.
Sustentabilidade financeira depende de disciplina
O mercado indiano mostra que, mesmo com alto crescimento, quick commerce ainda queima caixa. Para marcas brasileiras, fica a lição: mais importante do que prometer entregas em minutos é criar modelos de recorrência (assinaturas, programas de fidelidade) que sustentem o negócio no longo prazo.
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