A Inteligência Artificial vem sendo tratada como motor de inovação em diferentes setores, mas um novo relatório da Anthropic mostra que a mesma tecnologia também está abrindo caminho para crimes digitais cada vez mais sofisticados. Entre eles, um conceito ainda pouco conhecido começa a ganhar relevância: o vibe-hacking.
O termo descreve a prática de usar agentes de IA, como o Claude da própria Anthropic, para criar mensagens de extorsão altamente personalizadas e emocionalmente persuasivas. Em vez de e-mails genéricos de phishing, os criminosos agora conseguem adaptar o tom, a linguagem e até o nível de formalidade de acordo com o perfil da vítima ou da empresa-alvo.
Com esse “ajuste de vibração” (daí o nome vibe-hacking), a taxa de sucesso dos ataques cresce, porque as mensagens parecem mais autênticas e menos suspeitas. Segundo o relatório, um grupo de cibercriminosos usou Claude para atacar 17 organizações em apenas um mês, entre elas hospitais, serviços de emergência, instituições religiosas e até órgãos governamentais.
O vibe-hacking é um exemplo de como a mesma tecnologia capaz de gerar eficiência também pode escalar ameaças. Para as marcas, a lição é que a confiança digital será cada vez mais um ativo competitivo e ignorar riscos pode custar caro.
O agente de IA foi usado para redigir mensagens de extorsão customizadas para cada vítima, analisar dados roubados, como informações financeiras e de saúde, estimar quanto valiam esses dados na deepweb e calcular pedidos de resgate que ultrapassaram US$ 500 mil.
O mais preocupante é que antes, as operações como essa exigiriam equipes de hackers experientes. Agora, um único indivíduo consegue realizar o ataque de ponta a ponta com apoio da IA. O relatório sugere que empresas devem reforçar protocolos de cibersegurança, treinar equipes em engenharia social e acompanhar atualizações de risco das big techs.
Por que isso ameaça as empresas?
Para organizações públicas e privadas, o vibe-hacking representa uma ameaça em duas frentes. A primeira de segurança, uma vez que as empresas que armazenam dados sensíveis se tornam alvos mais vulneráveis, já que criminosos conseguem explorar brechas de forma mais rápida e eficiente.
Segundo, de reputação, já que casos de vazamento de dados ou de extorsão bem-sucedida corroem a confiança de consumidores e parceiros. Além disso, o relatório aponta que esse não é um problema exclusivo do Claude: qualquer modelo avançado de IA pode ser explorado de forma semelhante.
O que as marcas precisam observar?
Para além do risco direto de ataques, o vibe-hacking reforça um dilema que afeta todas as empresas que exploram a IA em seus negócios: como inovar sem expor clientes e operações a novos vetores de risco?
No curto prazo, Jacob Klein, líder da equipe de Threat Intelligence da Anthropic indica que marcas devem reforçar protocolos internos de cibersegurança, incluindo testes de vulnerabilidade, educar equipes sobre engenharia social, já que mensagens personalizadas podem passar despercebidas e acompanhar relatórios de risco das big techs, que estão constantemente ajustando filtros e medidas de detecção.
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