Todos nós já estamos cansados de ouvir repetidamente, e com bastante convicção, que a inteligência artificial não vai roubar o seu emprego, mas sim te tornar melhor no seu trabalho. Embora ainda haja muito ceticismo do outro lado, alertando sobre falta de confiabilidade, alucinações e potencial destruição mundial, prefiro a corrente mais otimista, um pouco mais pé no chão.
Se você tem idade suficiente para se lembrar das pessoas que desaconselhavam o uso de smartphones, alegando que eram apenas "telefones caros e desnecessários", sabe bem do que eu estou falando e compreende perfeitamente este cenário. Não é à toa que 97,9% dos profissionais de marketing brasileiros já estão aumentando o uso de IA no cotidiano em 2025, e não se trata de uma simples tendência passageira.
Após 18 anos acompanhando as transformações do marketing digital e das comunicações, posso afirmar que nunca presenciei um momento tão revolucionário quanto este. A pesquisa "A Realidade do Marketing no Brasil 2025", da HubSpot, revela dados que transcendem meras estatísticas: estamos vivenciando a maior convergência entre investimentos em marketing e tecnologia já registrada no Brasil, um fenômeno que está redefinindo completamente a forma como as empresas se relacionam com seus públicos.
Ainda de acordo com o estudo, com 80,33% das empresas ampliando seus orçamentos de marketing em 2025, além da projeção de crescimento de 9,5% no mercado brasileiro de TI (ABES - Associação Brasileira das Empresas de Software), fica evidente que não se trata de mera coincidência. Esses dados sinalizam uma transformação estrutural no setor, mas resta a questão fundamental: essa equação realmente se sustenta na prática?

A matemática da transformação
A IA não representa nem uma novidade, nem uma tecnologia ultrapassada. Na verdade, já convivemos naturalmente com diversas ferramentas baseadas em IA no cotidiano há anos. O que é relativamente novo é a IA Generativa e sua capacidade cada vez maior de produzir conteúdos tão bons, tão bem feitos e tão específicos quanto os produzidos por humanos.
Os números confirmam essa transformação: segundo a ABES, os investimentos em projetos de IA no Brasil alcançarão US$ 2,4 bilhões em 2025, representando um crescimento expressivo de 30%. Paralelamente, a pesquisa da HubSpot revela que 90,25% dos profissionais de marketing no Brasil já experimentam impactos positivos da IA em suas rotinas de trabalho.
Esses dados evidenciam algo fundamental: a IA está democratizando não apenas ferramentas, mas o acesso a estratégias de marketing sofisticadas que antes eram exclusividade de grandes corporações. Agora, empresas de todos os portes podem implementar soluções antes inacessíveis, otimizando processos, acelerando resultados e descobrindo oportunidades em escala inédita. E este movimento de democratização não acontecia desde a popularização da internet, no final dos anos 90.
Contudo, nem tudo são flores nesse jardim tecnológico. Se você, assim como milhares de profissionais, busca uma abordagem ideal para implementar IA, bem-vindo ao clube! Você não está sozinho nessa jornada. Inclusive, entre os principais obstáculos que as empresas enfrentam atualmente incluem:

1. Processos de aprovação complexos - Ideias inovadoras frequentemente esbarram em estruturas burocráticas. Para líderes de empresas B2B e B2C, integrar estratégias de Go-To-Market (GTM) com a implementação de IA no dia a dia das equipes representa um diferencial competitivo crucial. E para fazer isso, o caminho está na exploração das ferramentas de IA disponíveis para identificar aquelas que melhor se alinham às necessidades específicas de cada time.
2. Limitações orçamentárias - O equilíbrio entre sonhar grande e realidade financeira é sempre um dilema. Equipes de GTM em todo o país necessitam de soluções que incorporem IA de forma acessível, promovendo transparência entre diferentes departamentos e garantindo agilidade e alinhamento sem comprometer o orçamento.
3. Qualidade de dados insuficiente - “Lixo entra, lixo sai”. A máxima "dados ruins geram resultados ruins" nunca foi tão relevante. Compreender o funcionamento das LLMs (Large Language Models) e desenvolver visão estratégica sobre implementação são fundamentais para maximizar funcionalidade e produtividade. Afinal, a eficácia da IA está diretamente relacionada à qualidade das informações fornecidas, tornando a curadoria de dados um processo crítico para o sucesso. Então, se os seus dados são ruins, o resultado também será.
Do planejamento à execução
A implementação de IA no ambiente corporativo, não só no Brasil, mas em todo o mundo, representa um desafio que observo constantemente. O caminho do sucesso demanda uma abordagem estruturada, fundamentada em três pilares essenciais: simplificação de processos, qualidade de dados e estratégia de Go-To-Market integrada com IA desde o começo.
O Brasil ocupa a 10ª posição mundial em investimentos em TI, movimentando US$ 58,6 bilhões só em 2024. Essa posição nos consolida não apenas como espectadores, mas como protagonistas ativos dessa transformação digital. E protagonistas, por definição, devem agir e assumir a liderança.
O verdadeiro gargalo não reside na dificuldade de encontrar a tecnologia, mas na carência de uma orientação estratégica, como um guia mesmo, para a sua aplicação adequada. Em 2025 e daqui para o futuro, o marketing brasileiro será diferenciado não pela sofisticação das ferramentas utilizadas, mas pela capacidade de integrá-las estrategicamente às operações de GTM, mantendo o elemento mais importante, que é a forma humana de fazer, como diferencial competitivo. Em momentos decisivos como este, a postura reativa não é opção viável. É fundamental assumir uma posição proativa e estratégica no mercado.
A convergência entre marketing e IA no Brasil representa mais do que uma evolução tecnológica, trata-se de uma redefinição do setor. Com investimentos bilionários em IA, aumento nos orçamentos de marketing e quase 98% dos profissionais já incorporando essas tecnologias em suas rotinas, estamos diante de uma janela de oportunidades. O desafio não está mais em decidir se devemos adotar IA, mas sim em como fazê-lo.
O Brasil tem todas as condições para se tornar uma referência global, desde que adote uma postura proativa que este momento exige. A questão não é mais se a IA vai transformar o marketing brasileiro, mas quão rapidamente conseguiremos nos adaptar para liderar essa transformação.
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