Chegamos à segunda metade de uma década já marcada por eventos históricos transformadores. A partir deste ano, abrimos um novo período de desafios e oportunidades.
A Geração Beta, que abrangerá os nascidos até 2039 e os primeiros nativos em Inteligência Artificial, viverá em um mundo onde a revolução tecnológica, como a automação de nossas rotinas, influenciará como nunca a sociedade.
Neste novo ciclo, nos depararemos com um mundo repleto de marcos disruptivos e, por consequência, com o surgimento de um novo modelo de sociedade, com consumidores plenamente conectados e, por isso, cada vez mais dispersos.
Relendo um artigo que escrevi no final de 2019, falando sobre o início da década, percebi o quanto já nos transformamos nestes primeiros cinco anos: vivemos a evolução do ensino a distância e da forte adesão ao trabalho home office; vimos o surgimento (e seu possível fim) do Metaverso e de outras alternativas de realidades virtuais e aumentadas (VR e AR); carros elétricos e híbridos passaram a fazer parte do nosso dia a dia e impulsionamos o uso dos autônomos; pudemos ver o ESG ser adotado mundialmente de forma mais estruturada e mensurável; houve a massificação do uso de drones, blockchain e impressoras 3D; o streaming assumiu protagonismo na vida das famílias; as mídias sociais transformaram os creators/influenciadores em verdadeiros canais de comunicação; e, claro, o surgimento da inteligência artificial generativa.
Tendo já acesso a todas essas evoluções, começamos a próxima metade da década de uma forma ainda mais acelerada. Mas, o que vem por aí? Entre uma mistura de conhecimentos adquiridos, opiniões de especialistas e até desejos, acredito que praticamente todos os movimentos, novidades e mudanças de comportamento serão influenciados principalmente por três fatores:
1. A revolução da longevidade
Já somos um planeta em que, com a chegada da geração Beta, passamos a ter sete gerações convivendo – fato sem precedentes na história do mundo. Uma convivência que advém do fato de estarmos vivendo por mais anos – a ONU projeta que, até 2030, o número de pessoas com 60 anos ou mais no mundo aumentará 46%, totalizando 1,4 bilhão de indivíduos – e que traz mudanças de perspectivas importantes, como a promoção natural da valorização e adoção da atividade física, de uma alimentação saudável e a busca pelo “long life learning”, trazendo recomeços de carreiras e relacionamentos.
É possível prever que a atitude de se preparar cada vez mais cedo para a longevidade será uma tendência irreversível.
2. Mudanças climáticas
Os grandes eventos climáticos continuarão influenciando planejamentos e incentivando investimentos em inovações capazes de ajudar as pessoas a se protegerem, principalmente a partir da ampliação da utilização de seguros.
Certamente, atividades de nossas rotinas, como viagens, pensando nos fenômenos climáticos, a compra de imóveis e veículos, diante dos riscos associados a incêndios e inundações, e até a aquisição de alimentos, levando em consideração possíveis perdas de safras e consequentes aumentos de preços, por exemplo, serão atreladas às crises climáticas.
As dez catástrofes climáticas mais custosas de 2024, incluindo o furacão Milton, nos Estados Unidos, e a inundação de Valência, na Espanha, resultaram em perdas econômicas globais de aproximadamente 238,77 bilhões de dólares, informou a organização humanitária Christian Aid. No Brasil, 97% dos brasileiros já percebem mudanças climáticas em seu cotidiano, segundo pesquisa do Datafolha de junho de 2024.
3. Inteligência Artificial
Testemunhamos as pessoas passarem a ter computadores individuais, utilizar sistemas operacionais recém-lançados e aderirem aos smartphones, acontecimentos onde tivemos nossas rotinas transformadas substancialmente, dando início a um uso diário da tecnologia que, hoje, já não conseguimos viver sem. Isso se repetirá com a IA generativa.
Segundo pesquisa realizada pela Ipsos e Google no ano passado, 54% dos brasileiros relataram ter utilizado IA generativa, enquanto a média global é de 48%. E, apesar de um temor sobre suas consequências no mercado de trabalho, o Fórum Econômico Mundial estima que, nos próximos cinco anos, a inteligência artificial criará 170 milhões de novos empregos globalmente e, mesmo eliminando cerca 92 milhões postos, ainda resulta em um saldo positivo e mantém uma justa transformação estrutural do mercado de trabalho.
Assim, ela estará cada vez mais integrada ao dia a dia das pessoas e empresas – e de forma mais rápida do que os exemplos anteriores. Uma vez que atual geração já nasce nativa em relação a essa tecnologia, será inclusive difícil prever como essa solução mudará o seu comportamento com relação à visão de mundo.
Diante destas perspectivas, devemos nos questionar o que será mais ou menos valorizado pela sociedade. E, mais do que competitividade em qualidade e preço, as empresas precisarão entender como se adaptar ao novo cenário e manter sua relevância e a confiança dos consumidores, incluindo o combate à desinformação.
Podemos dizer que a superficialidade e as ações sem propósito serão, dia após dia, mais desacreditadas, demandando planos e comunicações mais consistentes. Dessa forma, a criatividade, a sustentabilidade, a diversidade, as experiências e, principalmente, a humanidade nas relações serão cada vez mais valorizadas.
Mesmo que o futuro pareça cada vez mais incógnito, Peter Drucker sabiamente disse que, a melhor forma de prevê-lo, é criá-lo.
Então, esteja confiante em seu papel na história, criando novas e inesquecíveis jornadas rumo ao novo.
COMPARTILHAR ESSE POST