Existe aquele ditado: “não é o que você sabe, é quem você conhece”. Ainda cursando engenharia, tive a oportunidade de ingressar no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), para participar do MIT Global Entrepeneurship Bootcamp. Conheci pessoas do mundo inteiro e fui exposto a histórias e projetos que começaram a mudar minha visão sobre a vida.
Através dessa incursão, conheci Tiago Reis, que me convidou para escalar a então incipiente Suno Research. Um dos grandes cases da minha vida, cuja oportunidade foi responsável por me conectar com outra pessoa que enxergou grande potencial na minha trajetória: Bruno Nardon, até então investidor da Suno.
Tal aproximação me trouxe ao G4 Educação. Minha história é construída através de muita capacitação, mas, também, de muita troca. Foi através das pessoas que conheci que tive a capacidade de desbloquear as oportunidades da minha carreira.
O networking é uma necessidade. Uma montanha de pesquisas mostra que as redes profissionais levam a mais oportunidades de negócios, conhecimento mais amplo, maior capacidade de inovação e maior status de autoridade.
A efeito de medida, o estudo “The Contaminating Effects of Building Instrumental Ties: How Networking Can Make Us Feel Dirty”, elaborado pela Cornell University, analisou mais de 150 advogados de um grande escritório dos Estados Unidos.Foi descoberto que o sucesso de cada um desses profissionais dependia de sua capacidade de fazer um networking efetivo, tanto internamente (para aumentar a base de clientes) quanto externamente (para trazer negócios para o escritório). Aqueles que consideravam a prática “desnecessária” tinham menos honorários do que seus colegas que a faziam.Muitas pessoas têm um foco motivacional dominante – o que os psicólogos se referem como uma mentalidade de “promoção”. Tais profissionais faziam networking porque abordavam a atividade com entusiasmo, curiosidade e uma mente aberta sobre todas as possibilidades que poderiam surgir.A Oxford Economics respalda tais dados, ressaltando a importância do networking para os relacionamentos comerciais, tais quais aqueles com clientes, parceiros e fornecedores. Chegou-se à conclusão de que negligenciar o poder de se “relacionar” pode afetar os lucros diretos de um empreendimento: executivos revelam que perderiam 28% de seus negócios se parassem de investir em networking.
Não é realmente mágica ou cirurgia cerebral. As pessoas mais bem-sucedidas na vida não são necessariamente as mais inteligentes. Elas também não são necessariamente sempre as que são melhores em identificar as necessidades e os problemas das pessoas e sugerir ou fornecer soluções. As que, quase sem exceção, acabam no topo são aquelas que sabem como construir e manter bons relacionamentos com os outros.
A confiança exige conhecer a outra pessoa em um certo nível de aceitação e, até certo ponto, requer coragem, porque significa romper a superficialidade que existe na maioria dos níveis de comunicação.
Quase todo mundo precisa de mais negócios. O conceito de networking, que eu prefiro rotular como “construir uma rede de contatos e relacionamentos”, é um objetivo válido para qualquer pessoa que esteja no mercado ou apenas caminhando pela vida. Abster-se de quaisquer intenções oportunistas sobre a prática levou à evolução do conceito para a ideia de “netweaving”.O networking 2.0: uma ideia de conexão mais alinhada ao que o mundo corporativo demanda atualmenteNetweaving, de acordo com a obra “The Heart and Art of NetWeaving”, desenvolvida por Robert S. Littel, é uma forma de networking que se concentra em colocar as necessidades, problemas e oportunidades dos outros em um plano mais nivelado com os nossos, fazendo isso com a crença e a convicção de que, ao longo do tempo, “o que vai, volta”.
A regra de ouro do conceito segue à risca outro ditado muito famoso: “faça aos outros o que gostaria que fizessem a você”. O aporte intelectual e humano que você fornece aos outros retorna na forma de um conector estratégico de pessoas.
A habilidade necessária para se tornar um “netweaver” orbita o universo da “escuta” e como tornar tal hábito permanente em sua vida. Isso é fundamental especialmente para aumentar as chances de que coisas boas aconteçam em troca. No entanto, independentemente do que possa voltar para você, aqueles que espalham esse conceito se beneficiam imediatamente de um nível de energia e prestígio, que melhora sua imagem aos olhos dos outros.A literatura corporativa relaciona a construção de relacionamentos como uma técnica de vendas, alcançada por meio da criação de um sentido de confiança. Na metodologia de growth hacking, inserida em um contexto conectado e globalizado, estabelecer confiança é visto como um meio para um fim – o caminho para o sucesso. É nesse ponto que netweaving torna-se mais compatível com o contexto em que vivemos.Você não está apenas solidificando a conexão que você faz, você aumenta as chances de ganhar a confiança dessas relações, o santo graal do mundo digital. Trata-se sobre “enriquecer a experiência”, independente do canal de contato. Onde há harmonia e cooperação, o cliente recebe um serviço superior. Netweaving é um agregador ao conceito de Customer Experience (CX).Tecnologia, netweaving e as árvores de conhecimento
Em busca de soluções para os desafios da educação, do trabalho e da inclusão social, Pierre Lévy e Michel Authier criaram o conceito de “árvores de conhecimentos”.
Os autores defendem, no livro “As árvores de conhecimentos”, que tais problemas estavam relacionados à baixa valorização da participação das pessoas em um coletivo e que estimular a troca e a produção de conhecimento poderia contribuir para superá-los.
As árvores não são, necessariamente, definidas por sua validade acadêmica – abrangem conhecimentos do repertório da vida. Assim, cada um é valorizado pelo que sabe e não excludentemente apenas por uma hard skill adquirida.
O sistema de Lévy e Authier destaca o que hoje está cada vez mais forte na sociedade: a procura por pessoas competentes, independente dos louros de um diploma intransponível. Ou seja, é necessária uma rede para que as competências dos indivíduos sejam encontradas quando necessárias e o mais importante, que cada um tenha liberdade e espaço para mostrá-las.
A própria natureza humana conecta as pessoas entre si e, com o avanço da tecnologia, surgem novas versões dessas árvores, como as redes sociais. Em tais ambientes, cada indivíduo tem sua função e identidade cultural – e são as relações que formam um todo coeso.
A rede não só estimula o netweaving, com a visualização massiva e acessível de tais árvores de conhecimentos, como motiva e ajuda as pessoas e organizações a demonstrarem seus verdadeiros valores.Um mundo globalizado e mais conectado
A conexão global pela qual interagimos no contexto digital permite alargar as fronteiras e limites do conhecimento, compartilhar ideias e experiências, aprender uns com os outros e ampliar os horizontes pessoais e profissionais.
Nesse cenário, faz-se necessário dominar a arte de criar e manter uma rede de contatos diversificada, colaborativa e engajada, que possa gerar benefícios mútuos para todos os envolvidos. O netweaving surge como um imperativo para oferecer valor, criando laços de confiança e reciprocidade.
Aumentar a visibilidade e a reputação, acessar oportunidades e recursos, desenvolver novas competências e conhecimentos, estimular a criatividade e a inovação são ordens de progresso em um mundo difundido pela tecnologia.
Ser autêntico e transparente nas interações, além de proativo e participativo nas comunidades online, está totalmente alinhado às alavancas de crescimento profissionais. O netweaving é uma forma de aproveitar essas oportunidades e construir relações mais ricas e significativas.No entanto, o netweaving também exige alguns cuidados e desafios, como manter a qualidade e a frequência das interações, evitar o excesso de informação e a dispersão, respeitar a privacidade e a segurança dos dados, filtrar as fontes confiáveis e equilibrar o tempo online e offline.
Para tal, é preciso ter bom senso, planejamento e organização, ou em outras palavras, escolher as ferramentas e os canais mais adequados para cada tipo de contato, criar um cronograma e um sistema de acompanhamento das suas interações, priorizar as conexões mais relevantes e estratégicas e buscar feedbacks e avaliações constantes.
A tecnologia é uma aliada nesse processo, mas não substitui o fator humano. Por isso, é importante cultivar uma rede com ética, respeito e empatia, buscando sempre agregar valor e fazer a diferença na vida das pessoas.
A evolução do networking é uma forma de se conectar com o mundo, de aprender e de ensinar, de colaborar e de crescer. É uma forma de transformar a tecnologia em uma ferramenta de desenvolvimento pessoal e social, de criar pontes e não muros, de gerar sinergia e não competição. Sobretudo, é uma forma de viver em rede, mas sem perder a essência; de ser humano, mas sem deixar de ser digital.*Joao Vitor Chaves Silva é Sócio da G4 Educação
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