<p><strong>Marketing de relacionamento no varejo<br /><br /></strong>Ricardo Pomeranz*<br /><br />Um dos grandes desafios do varejo aliment&iacute;cio atualmente &eacute; encontrar formas de incrementar as baixas taxas de lucratividade nos neg&oacute;cios. Segundo a Abras, a rentabilidade dos supermercados no Brasil vem sendo reduzida nos &uacute;ltimos anos, sendo que em 2003 ela ficou em 1,6%. Nos Estados Unidos, esse &iacute;ndice n&atilde;o &eacute; muito diferente. Conforme Brian Woolf, especialista no segmento de varejo, os supermercados americanos alcan&ccedil;am uma margem de lucro antes dos impostos em torno de 2%.<br /><br />Com o objetivo de atingir crescimento nas taxas de lucratividade, alguns varejistas j&aacute; substituem seus programas tradicionais por novas estrat&eacute;gias de marketing. Conforme Greg Gregerson, CEO da Gregerson&acute;s Foods: &ldquo;Nossos custos tradicionais com propaganda ca&iacute;ram 50% em rela&ccedil;&atilde;o ao ano passado, nossas vendas nas lojas aumentaram 5%, e nosso lucro bruto cresceu mais que um ponto percentual! O Marketing Diferenciado funciona!&rdquo; Marketing Diferenciado &eacute; outro termo para Marketing de Relacionamento.<br /><br />Enquanto o marketing tradicional usualmente empregado no varejo tem como foco atrair o maior n&uacute;mero poss&iacute;vel de consumidores atrav&eacute;s da pr&aacute;tica da redu&ccedil;&atilde;o de pre&ccedil;os das mercadorias aliada ao disp&ecirc;ndio em propaganda massiva, o marketing de relacionamento busca atingir aumento de lucratividade nos neg&oacute;cios a partir da estrat&eacute;gia de diferencia&ccedil;&atilde;o e relacionamento individualizado com seu p&uacute;blico. As limita&ccedil;&otilde;es do primeiro modelo s&atilde;o aparentes. Primeiramente competir por pre&ccedil;o envolve a capacidade da empresa de suportar grandes press&otilde;es da concorr&ecirc;ncia, comprometendo uma expressiva parte dos fluxos de caixa presentes. Segundo, a hip&oacute;tese de que a maioria dos clientes dos concorrentes vai ser atra&iacute;da e mantida pelas melhores ofertas de pre&ccedil;o, n&atilde;o parece ter respaldo na pesquisa da Veridict Research que diz que 70% das mudan&ccedil;as de consumidores para lojas rivais em 2000 nos EUA foram resultado da m&aacute; experi&ecirc;ncia de compra e n&atilde;o da quest&atilde;o de pre&ccedil;o. Isto significa que assim que os pre&ccedil;os voltem aos n&iacute;veis normais, os clientes retornam para as suas marcas preferidas. <br /><br />A propaganda massiva, no mesmo sentido, consome grande parte das margens dos anunciantes com a promessa de atrair mais consumidores para as lojas. Os investimentos necess&aacute;rios, por&eacute;m, precisam ser intensos para a marca se destacar no meio da concorr&ecirc;ncia dos comercias de televis&atilde;o, dos an&uacute;ncios nas revistas e dos outdoors espalhados nas ruas da cidade. E a tend&ecirc;ncia &eacute; que esses custos se tornem cada vez maiores. Enquanto em 1972 o investimento necess&aacute;rio para atingir mil pessoas com propaganda no hor&aacute;rio nobre da programa&ccedil;&atilde;o americana era de US% 1,96, em 2002 este n&uacute;mero cresceu para US$ 16,79. &Eacute; um crescimento de mais de 850%! <br /><br />O marketing de relacionamento, por outro lado, utiliza como ponto de partida o cliente para atingir diferencial competitivo. Como? Tornando os clientes fi&eacute;is &agrave; marca! O cliente satisfeito compra mais, &eacute; mais barato de manter e ainda indica outros potenciais consumidores para a companhia. O tratamento diferenciado dos clientes deve ser diretamente proporcional ao seu valor para a marca. Quanto mais importante cada consumidor for individualmente para a empresa, mais benef&iacute;cios ele receber&aacute;. O valor est&aacute; relacionado &agrave; lucratividade gerada pelo cliente ao longo de todo o seu ciclo de relacionamento. Os benef&iacute;cios, por sua vez, podem ser baseados na dimens&atilde;o financeira, como descontos na compra de novos produtos; ou na dimens&atilde;o de servi&ccedil;os, como tratamento diferenciado no caixa, estacionamento VIP e brindes especiais. A premissa b&aacute;sica &eacute; que o comportamento diferenciado gera recompensa superior. <br /><br />Segundo Frederich Reichheld em &ldquo;A estrat&eacute;gia da lealdade&rdquo;, aumentos de 5% na reten&ccedil;&atilde;o de clientes podem gerar aumentos de lucratividade de mais de 95% dependendo da categoria de neg&oacute;cios. Em vez de focar apenas na venda de produtos atrav&eacute;s de promo&ccedil;&otilde;es que divulgam massivamente pre&ccedil;os menores do que a concorr&ecirc;ncia, os supermercadistas deveriam alocar parte dos investimentos na manuten&ccedil;&atilde;o dos clientes de maior valor e maior potencial de realiza&ccedil;&atilde;o de lucros. Os impactos nas margens alcan&ccedil;adas podem ser significativos. <br /><br />Para implantar programas de marketing de relacionamento, &eacute; fundamental que as empresas conhe&ccedil;am a sua base de clientes. Voc&ecirc; conhece a sua? A seguir, seguem algumas quest&otilde;es que o ajudar&atilde;o a avaliar o seu conhecimento: </p><p>1. Voc&ecirc; trata sua base de clientes de maneira uniforme ou segmentada? <br />2. Quais par&acirc;metros voc&ecirc; utiliza para segmentar seu p&uacute;blico? <br />3. Quais s&atilde;o os clientes mais lucrativos? <br />4. Quais s&atilde;o os clientes de maior potencial para realiza&ccedil;&atilde;o de lucro? <br />5. Quais clientes d&atilde;o preju&iacute;zo para sua empresa? <br />6. Qual &eacute; o percentual dos clientes mais rent&aacute;veis? Qual a participa&ccedil;&atilde;o deles nos seus neg&oacute;cios? <br />7. Quantos clientes abandonam sua empresa por ano? <br />8. Qual o impacto na lucratividade do abandono desses clientes? <br />9. Quanto tempo, em m&eacute;dia, um cliente se relaciona com sua empresa? <br />10. Qual o melhor canal de contato com seus clientes? <br />11. Voc&ecirc; se comunica regularmente com sua base de clientes? <br />12. Quantos clientes novos voc&ecirc; adquire atrav&eacute;s da indica&ccedil;&atilde;o de clientes j&aacute; existentes? <br />13. Quais os componentes de lealdade identificados pelos seus clientes? <br />14. Qual a rela&ccedil;&atilde;o entre a import&acirc;ncia do componente financeiro de lealdade e os componentes n&atilde;o financeiros? <br />15. Voc&ecirc; diferencia os benef&iacute;cios para os clientes mais importantes? <br />16. Quanto voc&ecirc; gasta para atrair novos clientes? <br />17. Quais clientes novos voc&ecirc; busca atrair? <br />18. Qual o percentual de clientes atra&iacute;dos que continuam comprando por mais de um ano? <br />19. Os seus clientes tamb&eacute;m compram da concorr&ecirc;ncia? <br />20. Qual o percentual de gastos de seus clientes &eacute; alocado na sua empresa e nos concorrentes?</p><p>*Ricardo Pomeranz &eacute; presidente da Rapp Digital e vice-presidente de planejamento e marketing do grupo Rapp Collins no Brasil<br />Contato: <a href="mailto:contato@ricardopomeranz.com.br">contato@ricardopomeranz.com.br</a></p>
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