<p class="titulomateria">Marca e Reputa&ccedil;&atilde;o: um pequeno c&oacute;digo de defesa contra banaliza&ccedil;&otilde;es e outras superficialidades</p> <p>Por Levi Carneiro*</p> <p>No ambiente geral dos neg&oacute;cios, cresce cada vez mais a import&acirc;ncia da marca corporativa e da reputa&ccedil;&atilde;o das organiza&ccedil;&otilde;es empresariais. Pelo que se nota, os riscos da &ldquo;commoditiza&ccedil;&atilde;o&rdquo; e a alta densidade da comunica&ccedil;&atilde;o est&atilde;o exigindo uma reorienta&ccedil;&atilde;o do branding e muitas organiza&ccedil;&otilde;es passaram a jogar mais luz na sua marca principal e na sua reputa&ccedil;&atilde;o como uma refer&ecirc;ncia para diferenciar, criar valor e proteger a empresa.&nbsp;</p> <p>S&oacute; que essa tend&ecirc;ncia de inova&ccedil;&atilde;o na abordagem das marcas e suas implica&ccedil;&otilde;es pode ser rebaixada ou empobrecida por uma tenta&ccedil;&atilde;o &agrave; banaliza&ccedil;&atilde;o dos conceitos muito comum nas teoriza&ccedil;&otilde;es do marketing e outras disciplinas correlatas.&nbsp;&nbsp;</p> <p>Valem dois exemplos de simplifica&ccedil;&atilde;o. Como adverte a te&oacute;rica dinamarquesa M. Schultz, j&aacute; tem gente tratando marca corporativa como se trata a marca de um &ldquo;produto gigante&rdquo; &ndash; a empresa. Da mesma maneira, j&aacute; existem casos de descri&ccedil;&atilde;o da reputa&ccedil;&atilde;o como se fosse o velho conceito de imagem, apenas reciclado.</p> <p>Ora, s&atilde;o coisas bem diferentes. Marca corporativa &eacute; algo bem mais abrangente que a marca de um sab&atilde;o em p&oacute; ou mesmo de um carro de &uacute;ltimo tipo. E reputa&ccedil;&atilde;o est&aacute; longe de ser apenas imagem. &Eacute; um conjunto de percep&ccedil;&otilde;es que os stakeholders t&ecirc;m de uma organiza&ccedil;&atilde;o.</p> <p>Justamente para evitar a tenta&ccedil;&atilde;o de tomar o complexo pelo trivial, o novo pelo conhecido, o desafiante pelo estabelecido, segue aqui um pequeno roteiro de abordagem da marca e da reputa&ccedil;&atilde;o, de modo a respeitar a profundidade, o alcance e o potencial que essas novas defini&ccedil;&otilde;es inspiram e requerem. <br />&nbsp;<br />1. Comprometimento do top management: marca corporativa e reputa&ccedil;&atilde;o s&oacute; ocupar&atilde;o o devido lugar nas empresas se forem, antes de mais nada, foco de aten&ccedil;&atilde;o e decis&atilde;o da alta dire&ccedil;&atilde;o dessas organiza&ccedil;&otilde;es. Se forem tratados apenas pelo marketing ou ficarem restritos a qualquer outra &aacute;rea, n&atilde;o ser&atilde;o nunca temas corporativos. <br />&nbsp;<br />2. Clareza de vis&atilde;o e objetivos: a primeira demonstra&ccedil;&atilde;o de compromisso da alta dire&ccedil;&atilde;o &eacute; exatamente estabelecer a vis&atilde;o e os objetivos que v&atilde;o dar norte e sentido &agrave; marca da empresa e estabelecer as expectativas em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; gest&atilde;o de sua reputa&ccedil;&atilde;o. Quer dizer, n&atilde;o existe marca ou reputa&ccedil;&atilde;o descoladas da estrat&eacute;gia da empresa.&nbsp;&nbsp;&nbsp;</p> <p>3. Envolvimento da organiza&ccedil;&atilde;o: com comando e &ldquo;carta de navega&ccedil;&atilde;o&rdquo;, &eacute; fundamental envolver cada vez mais aqueles que v&atilde;o transformar valores e promessas em atitudes e experi&ecirc;ncias de marcas. Marca corporativa adv&eacute;m, em boa parte, da cultura dos colaboradores da empresa e essa cultura tamb&eacute;m reflete na reputa&ccedil;&atilde;o.&nbsp;&nbsp;</p> <p>4. Comunica&ccedil;&atilde;o e alinhamento: quando se aborda marca corporativa e reputa&ccedil;&atilde;o, n&atilde;o se pode pensar apenas em propaganda ou qualquer outro modo unidirecional de comunicar. Nessa situa&ccedil;&atilde;o, a comunica&ccedil;&atilde;o passa para outro patamar e ocupa posi&ccedil;&atilde;o fundamental no processo de alinhamento dos diversos p&uacute;blicos com a promessa fundamental da marca. Comunica&ccedil;&atilde;o aqui &eacute;, acima de tudo, di&aacute;logo.</p> <p>5. Rede de relacionamentos: mais do que di&aacute;logo, &eacute; comunica&ccedil;&atilde;o integrada. Ou seja, a marca corporativa comunica e se relaciona com uma rede de stakeholders e n&atilde;o somente com um grupo entre os p&uacute;blicos da empresa. Atrav&eacute;s dessa rede, a organiza&ccedil;&atilde;o fala, ouve e cria um sistema interativo de comunica&ccedil;&atilde;o e a&ccedil;&atilde;o. A reputa&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m decorre da percep&ccedil;&atilde;o de todos.</p> <p>6. Equil&iacute;brio promessa/entrega: a marca corporativa sintetiza a promessa que a organiza&ccedil;&atilde;o faz. A reputa&ccedil;&atilde;o &eacute; a comprova&ccedil;&atilde;o de que a organiza&ccedil;&atilde;o est&aacute; efetivamente &ldquo;entregando&rdquo; essa promessa. Desse equil&iacute;brio, desse balance &eacute; que vem a medida de sucesso ou n&atilde;o de uma estrat&eacute;gia. Quem promete e n&atilde;o entrega, certamente ter&aacute; problemas com a sua reputa&ccedil;&atilde;o.</p> <p>7. Monitoramento sistem&aacute;tico e peri&oacute;dico: para se transformarem de fato em ferramentas de gest&atilde;o e n&atilde;o ficarem t&atilde;o somente no universo dos conceitos, a marca corporativa e a reputa&ccedil;&atilde;o da empresa precisam ser avaliadas com m&eacute;todo e regularidade. N&atilde;o d&aacute; para ficar s&oacute; no sentimento ou no coment&aacute;rio. Bem medidas e monitoradas, marca e reputa&ccedil;&atilde;o viram um GPS poderoso para orientar a empresa nos altos e baixos do mercado.&nbsp;</p> <p>8. Compartilhamento de resultados: quanto mais uma organiza&ccedil;&atilde;o empresarial cria valores significativos e os compartilha com seus stakeholders, mais dura&ccedil;&atilde;o ter&aacute; essa marca corporativa, mais consist&ecirc;ncia ter&aacute; a sua reputa&ccedil;&atilde;o. Antes, pensa-se em lucro para uns. Agora, com a essa abordagem corporativa, a palavra de ordem &eacute; a cria&ccedil;&atilde;o de valor para todos.</p> <p>9. Acompanhamento do branding: muda tamb&eacute;m a vis&atilde;o do que &eacute; concorr&ecirc;ncia. O peer group de uma marca corporativa s&atilde;o todas as outras marcas e n&atilde;o apenas as suas concorrentes diretas. Por isso, &eacute; fundamental acompanhar o desenvolvimento geral do branding em seus m&uacute;ltiplos cases e experi&ecirc;ncias, tendo como pano de fundo n&atilde;o uma vis&atilde;o de segmento, mas uma tomada mais ampla do mercado e da sociedade.&nbsp;&nbsp;</p> <p>10. O desafio da sustentabilidade: uma marca corporativa, como j&aacute; foi dito, depende de resultados imediatos, mas n&atilde;o pode realiz&aacute;-los sem atentar simultaneamente para a sustentabilidade geral da empresa e do ambiente de neg&oacute;cios como um todo. Ali&aacute;s, quando se trabalha com esses novos conceitos de marca e reputa&ccedil;&atilde;o, o que est&aacute; se buscando &eacute; justamente isso: mais vincula&ccedil;&atilde;o, mais compromisso e rela&ccedil;&otilde;es mais profundas entre as organiza&ccedil;&otilde;es empresariais e seus p&uacute;blicos.</p> <p>Vale uma &uacute;ltima advert&ecirc;ncia: esse manual &eacute; apenas uma s&iacute;ntese. H&aacute; muitas nuances, aspectos, movimentos que s&oacute; a experi&ecirc;ncia de cada empresa ser&aacute; capazes de revelar e os profissionais mais sagazes devem captar. Em outras palavras, se as marcas de produtos e a sua imagem ocuparam o mundo do marketing, as marcas corporativas e a sua reputa&ccedil;&atilde;o v&atilde;o muito al&eacute;m, pois s&atilde;o um verdadeiro universo em expans&atilde;o.</p> <p>* Levi Carneiro &eacute; Diretor Associado da Troiano. <a href="mailto:levi@troiano.com.br">levi@troiano.com.br</a></p>
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