<p class="titulomateria">Marca Corporativa e Marca de Produto. Ou o jogo dos sete erros mais comuns.</p> <p>Por Levi Carneiro*</p> <p>Existe um procedimento que &eacute; bastante recorrente no ambiente do Marketing: t&atilde;o logo aparece alguma abordagem ou conceito realmente inovador, h&aacute; uma tend&ecirc;ncia apressada e afoita de transformar esse novo em coisa conhecida e catalogada. A partir da&iacute;, inicia-se imediatamente a busca ansiosa pela pr&oacute;xima &ldquo;inven&ccedil;&atilde;o&rdquo;.&nbsp; <br />&nbsp;<br />Isso est&aacute; acontecendo exatamente agora com o conceito de marca corporativa. N&atilde;o que ele seja absolutamente novo. Mas vive-se hoje, na express&atilde;o de Majken Schultz, uma &ldquo;second wave&rdquo; da abordagem da marca corporativa, que n&atilde;o pode e nem deve ser confundida com as defini&ccedil;&otilde;es j&aacute; em circula&ccedil;&atilde;o.</p> <p>Em s&iacute;ntese, marca corporativa n&atilde;o pode ser tomada por ou confundida com marca de produto. S&atilde;o duas coisas bastante diferentes, embora possam ter nuances parecidas. Para ficar mais claro, &eacute; bom ilustrar essas diferen&ccedil;as &agrave; moda daqueles jogos dos 7 erros, frisando as confus&otilde;es mais comuns entre os dois conceitos.</p> <p><strong>1. A marca corporativa n&atilde;o &eacute; marca de um target s&oacute;.</strong> Ela deve dialogar com v&aacute;rios p&uacute;blicos &ndash; clientes, colaboradores, fornecedores, comunidade, acionistas, imprensa etc. Diferentemente da marca de produto que, em geral, dirige suas mensagens preferencialmente ao cliente/consumidor. Quer dizer, uma coisa &eacute; &ldquo;vender&rdquo; Omo para donas-de-casa, outra coisa radicalmente diferente &eacute; apresentar a Unilever para os diversos stakeholders dessa organiza&ccedil;&atilde;o.</p> <p><strong>2.&nbsp;A marca corporativa n&atilde;o tem um n&uacute;cleo duro.</strong> Um posicionamento auto-proclamado, que resume seus atributos e associa&ccedil;&otilde;es, como tem sido mais caracter&iacute;stico nas marcas de produtos. A marca corporativa tem sim um cora&ccedil;&atilde;o que pulsa, uma promessa central viva, que &eacute; algo mais flex&iacute;vel e abrangente, de modo a contemplar os m&uacute;ltiplos interesses dos p&uacute;blicos mencionados acima.&nbsp;&nbsp;</p> <p><strong>3. A marca corporativa n&atilde;o pode ficar isolada no &ldquo;feudo&rdquo; de Marketing.</strong> At&eacute; aqui o Marketing era a &uacute;nica inst&acirc;ncia respons&aacute;vel por todo o branding nas empresas. As marcas corporativas pedem uma abordagem multidisciplinar. O que tem acontecido em empresas conscientes desses novos tempos, como a Iveco, &eacute; que a comunica&ccedil;&atilde;o de marca tem assumido um papel mais estrat&eacute;gico, ao lado da dire&ccedil;&atilde;o geral da organiza&ccedil;&atilde;o, e, a partir da&iacute;, disseminado as preocupa&ccedil;&otilde;es com a marca principal para dentro e fora da empresa.</p> <p><strong>4. A marca corporativa requer envolvimento de todos.</strong> A marca de produto, at&eacute; por ficar quase sempre isolada no &ldquo;feudo&rdquo; do Marketing, sempre exigiu menos envolvimento da organiza&ccedil;&atilde;o. Quem tem que se envolver, de &ldquo;comprar&rdquo; essa marca e de se deixar seduzir por ela &eacute; o cliente/consumidor. E antes equipe de vendas, claro. A marca corporativa, n&atilde;o. Ela n&atilde;o existe sem o envolvimento direto de todos na organiza&ccedil;&atilde;o, do CEO ao conjunto dos colaboradores. Como muito bem diz o Jaime Troiano, &ldquo;marca n&atilde;o &eacute; tapume&rdquo; e o sucesso da marca corporativa come&ccedil;a sempre com uma boa li&ccedil;&atilde;o de casa de identifica&ccedil;&atilde;o e envolvimento de todos com essa marca.</p> <p><strong>5. O desafio da marca corporativa &eacute; alinhamento.</strong> Quando se pensa em marca de produto, o que vem logo a cabe&ccedil;a &eacute; a diferencia&ccedil;&atilde;o, o que interessa &eacute; caracterizar a &ldquo;uniqueness&rdquo; do produto ou servi&ccedil;o. Com a marca corporativa, a palavra de ordem &eacute; &ldquo;brand alignment&rdquo;. Ou seja, o desafio agora &eacute; alinhar, criar converg&ecirc;ncia, estabelecer sintonia entre as v&aacute;rias manifesta&ccedil;&otilde;es e intera&ccedil;&otilde;es da marca com seus diferentes p&uacute;blicos. A marca corporativa precisa sustentar a mesma promessa, a mesma hist&oacute;ria corporativa, os mesmos pilares, diante de todos. Ilustrando: Natura, Fedex, Localiza, Google ou qualquer outra marca corporativa n&atilde;o podem ter enredos diferentes para p&uacute;blicos diferentes.</p> <p><strong>6. N&atilde;o se pensa marca corporativa no curto prazo.</strong> Tome-se como exemplo uma organiza&ccedil;&atilde;o como a Ambev ou Inbev. Por mais que essa empresa tenha programas r&iacute;gidos de resultados para cada um de seus produtos ou &aacute;reas de neg&oacute;cios, a constru&ccedil;&atilde;o da marca corporativa do grupo exige um plano de m&eacute;dio e longo prazo. N&atilde;o &eacute; por outro motivo que a Ambev/Inbev tem se preocupado em afirmar, por meios de campanhas mais gerais, os seus compromissos mais duradouros e consistentes. O risco de tentar construir uma marca corporativa com base somente em a&ccedil;&otilde;es e resultados imediatos &eacute; o de se criar um algo sem lastro, que ir&aacute; sucumbir &agrave; primeira crise, pois n&atilde;o &ldquo;feito para durar&rdquo;.</p> <p><strong>7. Marca corporativa, al&eacute;m do lucro, tem a ver com gera&ccedil;&atilde;o de valor.</strong> O mundo est&aacute; mudando, a economia reconhece mais os ativos intang&iacute;veis, a sociedade se preocupa mais com outros valores, as pessoas j&aacute; n&atilde;o se satisfazem mais apenas com os &ldquo;benef&iacute;cios racionais ou emocionais&rdquo; dos produtos e servi&ccedil;os. As marcas corporativas, ao colocarem a organiza&ccedil;&atilde;o no centro da cena, abrem espa&ccedil;o para a gera&ccedil;&atilde;o de novos valores. Valores que t&ecirc;m a ver com o entorno social, o bem-estar de quem trabalha, o meio-ambiente, a produ&ccedil;&atilde;o cultural e muito mais. Ou seja, resultado agora vai al&eacute;m do lucro, &eacute; algo maior, a ser compartilhado com muitos. Por isso, pode-se dizer que a marca corporativa, como matriz de refer&ecirc;ncia e instrumento de gest&atilde;o, tem muito a ver com a sustentabilidade das pr&oacute;prias organiza&ccedil;&otilde;es e de todo o ambiente de neg&oacute;cios.</p> <p>A&iacute; est&atilde;o os 7 erros ou confus&otilde;es b&aacute;sicas entre marca corporativa e marca de produto que devem ser evitados. Outros erros podem ser encontrados, uma vez que, por v&iacute;cio de muitos que atuam na &aacute;rea do Marketing e da comunica&ccedil;&atilde;o, persiste uma tenta&ccedil;&atilde;o grande de pegar a marca corporativa e ir logo colocando numa embalagem bonita e renovada de marca de produto.</p> <p>N&atilde;o, as diferen&ccedil;as entre esses dois conceitos s&atilde;o bastante reais e significativas. N&atilde;o &eacute; s&oacute; a aten&ccedil;&atilde;o que se desloca do produto para a organiza&ccedil;&atilde;o, n&atilde;o &eacute; o mesmo aparato de abordagem que &eacute; transportado de um lado para outro. S&atilde;o v&aacute;rios &acirc;ngulos, abrang&ecirc;ncias, pap&eacute;is que se alteram, exigindo um novo modo de ver, pensar e trabalhar com as marcas.</p> <p>* Levi Carneiro &eacute; Detor Associado da Troiano Consultoria de Marca. E-mail: <a href="mailto:levi@troiano.com.br">levi@troiano.com.br</a></p>
COMPARTILHAR ESSE POST