Membros importantes do ecossistema empresarial brasileiro, as startups ganham cada vez mais espaço no país. Em 2022, as representantes da modalidade registraram faturamento médio de R$ 850 milhões, conforme aponta um mapeamento publicado pela Associação Brasileira de Startups (ABSTARTUPS).
O avanço da modalidade no país chama a atenção para os detalhes que condicionam o crescimento de cada unidade, que ocorre de forma mais intensa em comparação às empresas tradicionais. Neste sentido, o levantamento da ABSTARTUPS aponta que 24,6% das startups brasileiras atravessam as fases iniciais de ideação (4,3%) e validação (20,3%).
Embora os termos técnicos e números possam sugerir complexidade, o processo de crescimento das startups pode ser ilustrado por uma simples metáfora. “Imagine que você queira comprar um sapato que possa ser utilizado por uma criança de dois anos por um período de dois anos. Isso é simplesmente impossível, porque a criança está em crescimento. Assim são as startups pré-seed”, compara João Gonçalves, Fundador e CEO da JoGo, em bate-papo com o Clube Mundo do Marketing. Os pormenores do crescimento
Se as startups pré-seed - termo que descreve o primeiro estágio de investimento no negócio - podem ser comparadas às crianças menores, que crescem em um ritmo mais acelerado, as scale-ups encontram pares comparativos em faixas etárias mais avançadas. “As scale-ups são um pouco maiores, como adolescentes, e por isso, já não apresentam um crescimento tão acelerado. No entanto, elas ainda crescem e estão tentando encontrar o seu lugar no mundo”, prossegue Gonçalves.
Em função do ritmo e da natureza do próprio crescimento, as startups e scale-ups apresentam uma série de diferenças em relação às empresas convencionais, e tais assimetrias se traduzem em desafios operacionais distintos. “As startups mudam em um ritmo muito maior, e por isso, as fórmulas que funcionam hoje tendem a não funcionar por muito tempo, como as roupas compradas hoje para uma criança de dois anos tendem a não servir daqui a seis meses”, explica o CEO.
Experiente no ecossistema de startups, Gonçalves se lembra de peculiaridades intrínsecas ao processo de crescimento na modalidade. “Participei de uma startup digital que, com o tempo, ficou muito grande. Por isso, em um ano, tivemos 21 versões diferentes do budget. Trabalhar dessa forma é desafiante. É preciso aprender a fazer isso sabendo que esse não é um processo eficiente, não é um processo fácil e é uma realidade, acima de tudo, diferente”, revela.
As regras do jogo
Embora as startups apresentem, de maneira geral, um interior propenso a mudanças, isso não significa dizer que algumas estratégias perenes não possam ser adotadas. Logo, neste universo volátil, a exemplo do que acontece em outros ambientes empresariais, ter ciência dos próprios objetivos, de maneira clara e organizada, é uma valiosa estratégia.
Isso envolve, por exemplo, conhecer as necessidades da startup no momento de contratar novos membros para a equipe. “Para trazer um um diretor de criação ou um gerente de branding em uma empresa mais consolidada, é preciso conhecer muito bem o próprio perfil. Mas ao fazer isso em uma startup, comumente, os líderes tendem a não conhecer tão bem aquilo que precisam”, aponta Gonçalves.
Para o CEO, outra característica importante, que deve ser cultivada pelos líderes das startups, é a aceitação, sobretudo em função das constantes mudanças às quais tais operações estão sujeitas. “21 versões de budget em um ano trazem desafios do tipo ‘lembra do que eu te falei na semana passada? Esquece isso, já mudou’. E mudou mesmo. Mudou um contexto, ou mudaram os investidores, ou descobrimos alguma coisa. Aceitar a mudança é algo muito importante”, afirma.
Finalmente, ter clareza quanto ao rumo a ser seguido também desempenha um papel crucial no sucesso das startups. “Escreva uma unique selling proposition. Uma frase que diga ‘para profissionais do setor X em busca da solução Y, a minha startup é a melhor pelos motivos A, B e C’. Escreva isso de uma forma simples e pinte essas palavras na parede da startup. Se isso estiver claro para você, e se essas palavras encontrarem ressonância com o mercado, você está no caminho certo”, finaliza o CEO.
Durante o bate-papo com o Clube Mundo do Marketing, João Gonçalves falou sobre as três regras de branding para startups e mergulhou em outros desafios enfrentados pelas representantes da modalidade, trazendo insights e propondo soluções.
Venha para o Clube e faça parte da conversa!
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