Uma data comemorativa existe para, de alguma maneira, pontuar na memória da sociedade a importância de um ato, conquista, profissão, invenção ou qualquer outro motivo que seja digno de ser celebrado.
Algumas datas passeiam pelo calendário de maneira tão discreta que a maioria de nós nem toma conhecimento, outras tem presença cristalizada em nossa memória e há aquelas que adquirem maior ou menor relevância, dependendo do momento em que a vida se apresenta.
Bem, se podemos tomar como referência o momento em que vivemos, o dia 7 de junho é talvez uma das datas mais importantes do ano a ser celebrada, pensada, refletida e principalmente, fortalecida: é o Dia da Liberdade de Imprensa no Brasil.
Tanto a liberdade quanto a imprensa atravessaram séculos de transformações em nosso país e no mundo, forjadas ambas com muita luta para se estabelecerem diante das forças do autoritarismo, para enfim conquistarem respeito e merecerem um dia para serem lembradas.
Nessa longa história, o processo evolutivo da imprensa sempre a colocou como um espelho da sociedade, refletindo seus anseios, angústias, conquistas e derrotas através da apuração e divulgação dos fatos, desde os primeiros jornais impressos, os comunicadores de rádio, as revistas semanais, os poderosos telejornais, até chegarmos aonde estamos hoje, com canais digitais independentes e opiniões editoriais plurais e liquefeitas.
O advento da Internet e a possibilidade de poder exercer o ofício de informar sem estar necessariamente atrelado a um grande veículo de comunicação deu a jornalistas, de formação ou não, a incrível liberdade de poder ampliar sua voz ou restringi-la a grupos de audiências mais específicas.
Surgiram então, graças a deusa tecnologia, sites autorais, blogs, perfis profissionais em redes sociais, podcasts, canais de vídeo, entre tantos outros formatos. Se Caetano, ao ver uma banca de revistas, já se enchia de alegria a preguiça a ponto de se perguntar quem lia tanta notícia, imagine então agora.
Porém, a mesma tecnologia que trouxe toda essa liberdade jornalística, trouxe também possibilidades de se agir contra um de seus mais valiosos pilares, que é o controle da averiguação da veracidade dos fatos. Opiniões são emitidas muitas vezes sem nenhum compromisso com a verdade e sim com interesses de indivíduos ou grupos pouco confiáveis, servindo para diferentes lados da história.
A tecnologia não só permite a emissão dessas opiniões, mas também a replicação das mesmas através de milhões de usuários impactados diariamente em seus computadores e celulares. Um exemplo bastante alarmante e apocalíptico disso é a possibilidade bem provável da utilização da tecnologia Deep Fake (que substitui o rosto de uma pessoa pelo de outra) de maneira imperceptível em conteúdos jornalísticos, atribuindo falas a personalidades públicas e políticas de maneira falsa. Até a vítima conseguir provar sua inocência, o factoide já inundou os grupos de whatsapp da família e do futebol, causando prejuízos imensos, tanto para a pessoa quanto para a sociedade em si, dependendo da fake news espalhada.
Esse assunto fake news se tornou tão sério e relevante que as grandes plataformas de tecnologia, principalmente as redes sociais, passaram a investir esforços imensos para barrar, ou ao menos, inibir essas atividades.
E isso é um bom sinal! Sinal de que a busca pela informação verdadeira ainda move a sociedade, não importa o quanto se manobrem para acabar com ela. O fato apurado, verificado, a fonte confiável, a responsabilidade com a informação, deverão sempre ser o foco do jornalismo. Não importa se a notícia beneficia ou denuncia um grupo de pessoas ou corporações, um determinado espectro político ou organizações públicas e privadas, a busca será sempre pela manutenção da possibilidade de informar de maneira isenta e verdadeira.
Para tanto, precisamos dar a esse dia o seu valor devido e a grandeza de sua importância. E sempre, sempre, manter a vigília. Que o Dia da Liberdade de Imprensa viva em todos os dias do ano!
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