Falar sobre envelhecimento não é hoje um tabu tão grande quanto já foi no passado. Um estudo conduzido pela Neura em parceria com a PiniOn aponta que apenas 12,8% dos entrevistados mostraram alguma resistência para conversar sobre o tema, sendo que os jovens compõem a maioria entre os que torcem o nariz para a passagem do tempo.
A Neura também não encontrou grandes ressalvas ao falar sobre idade com os entrevistados, com 74,5% dos respondentes demonstrando pouca preocupação quanto ao assunto. As classes sociais mais altas se mostraram mais incomodadas em falar sobre a idade. Além disso, as mulheres (17%) se preocupam duas vezes mais com termos como 'idosa', 'senhora' e 'velhice', do que os homens.
Em diversos cenários, a citada resistência parece estar atrelada ao cunho fatalista carregado pela semântica e pelo apelo imagético do termo “envelhecimento”, associado por muitos a uma inevitável perda de características e poderes ligados à idealização de liberdade e qualidade de vida.
Pensando nisso, o estudo, chamado “Permanência da Impermanência”, propõe a reflexão sobre o conceito da impermanência. Para contextualizar, a Neura explicou que o termo se refere a uma interação específica com o tempo e evoca o reconhecimento de que as mudanças – inclusive o envelhecimento – são necessárias para o crescimento.
Neste cenário, a análise aponta que 80% dos entrevistados acreditam ser possível se preparar para envelhecer melhor. 4% disseram ter se preparado para a transição ao longo da vida, enquanto 9% disseram ter mudado hábitos recentemente pensando nessa questão. Assim, as mudanças de rotina tendem a acompanhar o aumento da idade.
A maioria das pessoas respondentes (71%) elegeram hábitos como alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e cuidados com a saúde mental como os principais pontos para a melhora na qualidade de vida e a garantia de uma boa transição entre a juventude e a velhice.
Um conceito a ser considerado pelas marcas
Para André Cruz, fundador e CEO da Neura e expert em Neurociência e Comportamento, enquanto o envelhecimento é uma visão linear e fatalista, a impermanência oferece uma perspectiva mais flexível e adaptativa à vida. Pensando nisso, marcas precisam levar em conta as vivências pessoais, o histórico sociocultural e a jornada de cada cliente para tangibilizar suas verdadeiras necessidades e anseios.
O estudo indica que as vidas permanentes são influenciadas por questões como predisposição genética, propósito imutável e planejamentos pensados a longo prazo. Já na impermanência, marcas devem analisar a realidade sociodemográfica, além de manter o aprendizado contínuo e um planejamento sempre revisitado de acordo com as mudanças e necessidades.
Neste cenário, características como adaptabilidade, empatia, inteligência emocional e resiliência são alguns dos condicionantes das pessoas impermanentes. Dos respondentes, 35% afirmaram que sentem a necessidade de novos produtos que contribuam para a transformação e representem os esforços de uma vida longeva e qualitativa.
Segundo Carolina Dantas, Co-CEO da PiniOn, é importante que as indústrias e marcas auxiliem no desejo de envelhecer com qualidade e se adaptem ao conceito de impermanência da sociedade atual. Isso porque viver uma vida impermanente não significa sair de uma zona de conforto, mas se permitir aproveitar o conforto necessário, no momento oportuno, pela duração que for possível e nos aspectos da vida que são pertinentes.
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