“Fome pelo propósito, paixão pela transformação.” É assim que Lucas Schwichtemberg, o Lucão, 33 anos, define a filosofia que orienta a Himmel, consultoria especializada em retail media que saiu do zero e alcançou R$ 18 milhões de faturamento anual em apenas três anos.
A história da Himmel nasce de uma frustração recorrente no mercado. Com mais de uma década de atuação em marketplaces, Lucão acompanhou de perto um ciclo comum entre agências: promessas ambiciosas, entregas abaixo do esperado e clientes constantemente insatisfeitos.
“Cansei de ver gente prometendo resultado e não entregando. O cliente pagava, não via retorno, trocava de agência e o ciclo se repetia”, relembra.
Esse incômodo virou tese de negócio quando Lucão conheceu Rodrigo Vieira, 38 anos, na Compaq Tecnologia, onde atuavam como Head Comercial e Head de Marketplaces, respectivamente. Trabalhando com produtos de tecnologia — margens apertadas, preços tabelados e pouca margem para erro —, os dois desenvolveram uma metodologia que invertia a lógica tradicional da publicidade digital.
“A maioria das operações começa decidindo quanto investir e depois torce para converter. A gente faz o oposto: primeiro entende o comportamento do consumidor e só depois define onde colocar o dinheiro”, explica Lucão. O resultado, ainda na Compaq, foi expressivo: aumento de faturamento com uma redução de 40% no investimento publicitário.
Em 13 de dezembro de 2022, em Votorantim, no interior de São Paulo, nascia oficialmente a Himmel — “céu”, em alemão. O nome traduz a ambição dos fundadores: criar o ambiente onde seus clientes poderiam chegar mais longe.
Propósito antes do valor comercial
Desde o início, a Himmel decidiu não competir por preço nem por promessas infladas. A aposta foi outra: propósito.
“Os clientes estavam cansados de promessa. Se focássemos apenas no valor comercial, não construiríamos nada duradouro. Nosso objetivo sempre foi ajudar o empreendedor a se tornar melhor — porque quando o empresário evolui, a publicidade melhora, a gestão melhora, tudo melhora”, afirma Lucão.
Essa visão deu origem a um modelo que vai além da assessoria tradicional. A Himmel estruturou programas educacionais e eventos presenciais voltados à formação dos clientes como gestores, não apenas como vendedores.
“A nossa tese é clara: hoje, para faturar alto, não basta dominar plataformas. É preciso dominar gestão, sistemas, escala e pessoas. Quando o empresário faz essa virada de chave, os resultados se multiplicam. Temos clientes que expandiram 10, 15 vezes”, destaca.
Inteligência que antecipa decisões
O principal diferencial técnico da Himmel está em sua LLM proprietária, que os fundadores comparam ao conceito apresentado no filme Minority Report. A tecnologia se conecta às APIs dos marketplaces, analisa dados históricos e identifica padrões de comportamento publicitário.
O resultado são previsões acionáveis: queda de faturamento antes de acontecer, produtos prestes a perder performance e momentos ideais para aumentar ou reduzir investimentos.
“Nossa IA aprende diariamente há dois anos com dados publicitários de mais de 600 clientes. Ela não apenas gera insights — ela prevê. Muitas vezes, nosso time liga para o cliente avisando que um produto vai cair antes disso acontecer”, explica Lucão.
Os números sustentam a tese. De acordo com relatório da Adman (outubro de 2025), o ACOS médio do anunciante brasileiro no Mercado Livre é de 12%. A Himmel opera com 6,8%. No TACOS, a diferença é ainda maior: mercado em 5%, Himmel em 2,8%. Na prática, os clientes vendem mais gastando proporcionalmente menos da metade do que a média do mercado.
Pessoas como principal ativo
Se a tecnologia é o motor, as pessoas são o combustível. Internamente, a frase é recorrente: “Trabalhamos com serviço. Nossa matéria-prima são pessoas.”
Por isso, a Himmel investe de forma contínua na formação do time. A lógica é simples: profissionais mais preparados aceleram a curva de aprendizado e geram resultados mais consistentes para os clientes.
“Temos clientes que faturam mais de R$ 1 milhão por dia. E entendemos o caminho para levar alguém de R$ 100 mil para mais de R$ 10 milhões por mês. Mas esse desafio está muito mais ligado ao empresário do que ao produto. É uma jornada de gestão, escala e liderança”, explica.

Escalar sem perder a essência
Sair do zero e chegar a mais de 600 clientes e 80 colaboradores em três anos exigiu estrutura, método e disciplina. O principal desafio foi transformar a operação em um modelo replicável sem comprometer a qualidade.
“Criamos softwares internos, forecast de vendas e capacidade operacional. A Himmel não nasceu para uma corrida de 100 metros — nasceu para uma maratona”, afirma Lucão.
A estratégia se reflete em um churn de apenas 1,8%, muito abaixo da média do setor. “É assessoria feita por pessoas para pessoas. Cada cliente tem um time que conhece sua operação, não um robô disparando relatórios automáticos”, complementa Rodrigo.
Hoje, os mais de 600 clientes atendidos faturam juntos mais de R$ 3,6 bilhões por ano em marketplaces como Mercado Livre, Amazon e Shopee. A operação é 100% presencial e ocupa 1.000 m² em Votorantim, com um novo escritório em construção em Sorocaba.
Os desafios do crescimento
O ritmo acelerado trouxe aprendizados. “Vendemos muito e a entrega nos desafiou. Precisamos criar processos, treinar pessoas e desenvolver tecnologia no meio do crescimento”, reconhece Lucão.
No plano pessoal, a sociedade também foi testada. Durante esse período, Lucão enfrentou a perda da mãe. “Foi um momento que provou a força da parceria. Rodrigo assumiu a frente da operação e seguimos juntos. Empreender não é só colher resultados — envolve atravessar momentos difíceis com as pessoas certas ao lado.”
O futuro: inteligência, educação e escala
Para os próximos anos, a meta é consolidar a Himmel como o maior hub de eficiência para vendedores de marketplaces no Brasil. A visão, no entanto, vai além da consultoria.
A empresa pretende tornar escaláveis seus investimentos em educação, criando produtos que ajudem vendedores a crescer por meio do conhecimento.
“Queremos ser um hub de inteligência publicitária. Usar a IA para assumir o operacional e liberar nosso time para ser cada vez mais estratégico e criativo”, projeta Lucão. “Automação a serviço das pessoas — nunca no lugar delas.”
A provocação final ao mercado resume a proposta da Himmel:
“Ainda há muita agência vendendo promessa. A gente vende processo, método e resultado comprovado. O cliente não precisa acreditar — é só olhar os números.”
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