Se o idioma oficial do Brasil é o português, a linguagem que predomina no mercado tributário é o economês. Este pode ser definido pelo uso abundante de termos técnicos e estilo rebuscado da economia, atravessados pelo estrangeirismo da jurisprudência, que distanciam o interesse do público leigo, mesmo que tenha de lidar na prática com impostos, tributos e taxas, e limitam a comunicação entre profissionais especializados.
A linguagem técnica do mercado tributário, a falta de clareza na comunicação, a percepção negativa do setor, a necessidade de acompanhar as constantes mudanças na legislação e a importância da confiabilidade das informações são os principais desafios que os profissionais da área enfrentam para se conectar com o público em geral. Superar esses obstáculos exige uma comunicação descomplicada, acessível e transparente, além da demonstração de expertise. Para alcançar tudo isso, a ferramenta ideal é o marketing tributário.
A prática principal nesse sentido é o uso de linguagem acessível, evitando jargões técnicos, especialmente nas redes sociais, para cativar e engajar o público. Essa abordagem na comunicação foi adotada, inclusive, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), para popularizar o conhecimento sobre as decisões judiciais.
A partir daí, as estratégias de marketing devem ser focadas na educação e na acessibilidade. Produzir conteúdos educativos, como artigos, webinars, vídeos explicativos e cases de sucesso, traduz o economês fiscal, constrói autoridade e facilita a compreensão dos conceitos fiscais. Além disso, criar uma base de conhecimento com respostas-padrão e materiais informativos sobre legislação e soluções fiscais esclarece dúvidas frequentes e contribui para uma melhor compreensão dos aspectos tributários.
Existem ainda outras ações importantes: manter um site atualizado, um blog com informações relevantes, publicar tutoriais e dicas e possuir perfis ativos nas redes sociais são alguns exemplos. A realização de eventos, tanto online quanto presenciais, para apresentar soluções fiscais e debater tendências do setor, também fortalece o relacionamento com clientes e gera networking qualificado.
Outras estratégias relevantes incluem o foco em nichos específicos dentro do setor fiscal, permitindo uma abordagem mais precisa e eficaz; o monitoramento contínuo das mudanças legais e a produção de novos conteúdos para manter o público informado e atualizado. Parcerias com especialistas e influenciadores do setor também podem aumentar o alcance e a credibilidade da marca.
Vale lembrar que o futuro do marketing está sendo moldado pela inteligência artificial e pelo aprendizado automático (machine learning), que estão revolucionando a forma como as tarefas complexas são automatizadas, permitindo uma personalização aprimorada do relacionamento com clientes. A utilização de dados é fundamental para essa transformação, pois permite identificar tendências, segmentar o público e direcionar ações de marketing com precisão. O uso de analytics para criar conteúdo adaptado às necessidades do público se destaca como uma estratégia poderosa, inclusive na acessibilidade de linguagem.
O marketing para o mercado tributário enfrenta o desafio de superar a barreira do economês e tornar o conhecimento fiscal mais democrático e compreensível por todos. Com as estratégias certas, não só as empresas e profissionais desenvolvem uma relação melhor com seus clientes, como toda a sociedade sai ganhando com informações precisas e de qualidade.
*Danúbia Borges é Gerente de Marketing da Oobj, empresa brasileira que fornece inteligência de dados para o compliance dos documentos fiscais eletrônicos (DF-e) no mercado tributário. A publicitária de formação construiu mais de uma década de carreira por meio de passagens por agências de propaganda, onde atuou com planejamento, estratégias digitais, criatividade, gestão de projetos e marketing.
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