O Dia dos Pais de 2025 consolida uma virada no comportamento de consumo: o que se compra perde relevância e o que se vive torna-se o centro da atenção do consumidor. Neste contexto, os brasileiros mostram-se inclinados à chamada “Economia da Experiência”, em que criar memórias afetivas passa a ser o principal motivador da celebração.
92% dos entrevistados em uma pesquisa conduzida pela Ferraz Pesquisa pretendem comemorar a data e, para 52%, o foco está em gerar momentos afetivos que fiquem na memória. A prioridade supera a simples compra de um presente desejado pelo pai, apontada por 48%.
A pesquisa, que ouviu 109 consumidores com alto nível de escolaridade e poder aquisitivo, indica que o presente físico continua presente, mas com outro significado: ele passa a ser um “souvenir” ou um “ingresso” para o que realmente importa: o encontro familiar.
4 recomendações para o mercado para o Dia dos Pais
1. Produto como meio, não como fim
Roupas (58%) e calçados (31%) lideram as intenções de compra, mas o diferencial está no contexto. Marcas que melhor se adaptarem a esse novo cenário serão aquelas que posicionarem seus produtos como facilitadores da experiência — como transformar uma camisa de time no “uniforme oficial do churrasco em família”.
2. Sentido da data é estar junto
As respostas qualitativas evidenciam que o que dá sentido à data é a união familiar. Frases como “Toda família reunida” ou “Ter meu pai, somente isso” foram recorrentes. Isso abre oportunidades para marcas que queiram desenvolver kits voltados a eventos em casa (gastronomia, jogos) ou parcerias com setores de entretenimento e alimentação.

3. Do gasto ao investimento emocional
O consumidor vê o valor da celebração como um investimento em felicidade. A faixa de gasto predominante (R$ 201,00 a R$ 400,00, indicada por 41% dos entrevistados) deve ser compreendida como um orçamento emocional. A comunicação, portanto, deve abandonar o foco em preço e adotar uma narrativa centrada em valor: em vez de “Economize X%”, o ideal é propor “Invista em um dia inesquecível por X reais”.
4. A jornada é figital
A loja física ainda atrai. 49% preferem esse canal, principalmente por desejarem ver o produto de perto (42%). Porém, a soma de compras online e multicanais ultrapassa 50%. O modelo ideal é híbrido: pesquisa no digital, compra (e vivência) no físico. O ponto de venda precisa evoluir para um espaço de experiência, com demonstrações, personalização de produtos e ativações que justifiquem a visita.
Avanços comerciais
Tradicionalmente ofuscado pelo Natal e pelo Dia das Mães em volume de vendas, o Dia dos Pais de 2025 surpreende e se consolida como a primeira data comemorativa do ano com potencial real de crescimento frente ao ano anterior. A projeção é de alta de 19% em relação a 2024, conforme dados divulgados pela Tunad.
No ambiente digital, o avanço é mais contido, porém mais estratégico. A tendência é de campanhas integradas, com forte presença em e-commerce, redes sociais e experiências híbridas, tendem a conquistar o consumidor indeciso.
Neste contexto, as marcas que entenderem que o vínculo emocional gera mais valor do que o ticket médio tendem a se destacar. A aposta no emocional encontra respaldo nos dados de consumo. Quase 70% dos brasileiros pretendem gastar até R$ 250,00, priorizando conexões afetivas em vez de descontos pontuais, segundo estimativa da Confederação Nacional do Comércio.

Contrapartidas à nova dinâmica
Apesar de 56% dos brasileiros celebrarem ativamente o Dia dos Pais, a data ainda carrega barreiras emocionais e contextuais: um em cada quatro não participa por ausência de vínculo afetivo ou de uma figura paterna presente, revelando uma celebração marcada tanto por presenças quanto por ausências, conforme aponta a pesquisa “Paternidade hoje - Entre Afeto, Desafios e Transformações”.
No campo das relações entre trabalho e paternidade, as tensões são evidentes. Quase metade dos entrevistados (48%) já presenciou julgamentos a pais que se ausentaram do trabalho por motivos familiares. Apenas 20% afirmam nunca ter testemunhado esse tipo de situação, enquanto 13% não possuem vivência corporativa relevante.
Quando se trata da presença ativa de pais no ambiente profissional, 53% conhecem colegas que se envolvem efetivamente na vida familiar — sendo 27% com frequência e 26% ocasionalmente —, mas 39% têm pouca exposição a esse perfil, e 8% sequer conseguem identificar esse comportamento.

Em relação ao impacto da paternidade na carreira, 27% dos pais percebem um efeito positivo, tratando a experiência como um fator de motivação profissional. Outros 22% relatam impactos mistos, refletindo a complexidade do equilíbrio entre vida pessoal e trabalho; 19% não sentem impacto algum, possivelmente por conseguirem compartimentalizar as esferas da vida.
A valorização empresarial de pais envolvidos é percebida por apenas 22% dos entrevistados, enquanto 40% identificam um reconhecimento parcial, onde o discurso de apoio não se reflete na prática. Para 21%, não há qualquer valorização, e 17% não souberam opinar, indicando um cenário de descompasso entre cultura organizacional e realidade.
Outro ponto crítico é a licença paternidade: 68% dos entrevistados defendem sua ampliação, sendo 38% totalmente favoráveis e 30% favoráveis com a condição de regras claras. Apenas 15% não veem necessidade na medida, enquanto 17% nunca refletiram sobre o assunto.
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