Eu sempre fui apaixonada por gente. Poucas coisas na vida me fazem tão feliz quanto impactar positivamente a vida de alguém, mas quando decidi estudar comunicação e marketing, confesso que ainda não tinha essa consciência e demorei anos para entender que a tal da “parte que falta” (para citar Shel Silverstein e Jout Jout, obviamente) esteve sempre ali; eu só precisava fazer um pouco mais de esforço para enxergar.

Ao longo da minha carreira, nas empresas por onde passei, sempre estendi minhas atividades de marketing para tocar uma parte que, para muitas pessoas, era “só do RH” ou “um trabalho extra para o qual não tinham tempo”. Mas, para mim, era essencial, afinal, tratava-se de transformar o lugar onde eu estava em um ambiente melhor, unir as pessoas e transformar a simplicidade do dia a dia em momentos que guardaríamos com carinho no futuro.

Foi então que, obra do destino ou mais provavelmente do meu inconsciente em ação, fui parar na consultoria e comecei a entender que o marketing pode desempenhar um papel central na construção e manutenção da cultura organizacional. E para quem acha que trabalhar em comunicações, ações e eventos internos é perda de tempo, eu queria contar que 91% dos executivos concordam que melhorar a cultura corporativa aumentaria o valor de sua organização e quase 80% deles classificaram a cultura entre os cinco fatores mais importantes que impulsionam a avaliação*.

Além disso, se você ainda repete a frase “o meu papel é apenas impactar o cliente externo”, está se esquecendo de que os colaboradores são motores da missão, da visão e dos valores da sua empresa, tornando-se os principais comunicadores da identidade da organização. E se os colaboradores não estão felizes e realizados, além de impactar negativamente na performance e na inovação, qual o impacto que isso pode ter na reputação da sua marca?

Sendo assim, é essencial que a cultura seja bem definida e alinhada com a estratégia de negócios. Para isso, é necessário desenvolver mentalidades, habilidades, estruturas e sistemas que promovam os comportamentos desejados. No marketing, isso se traduz em criar narrativas e iniciativas que reflitam e incentivem esses comportamentos, tornando a cultura tangível e acessível para todos os colaboradores.

Da mesma forma, a comunicação eficaz, transparente e consistente é essencial para a gestão de mudanças culturais, fornecendo aos colaboradores uma compreensão clara do propósito por trás das mudanças e como elas beneficiariam tanto a organização quanto a eles, individualmente.

E quando entendemos que, para 72% dos brasileiros, “é importante que minha função atual me faça sentir realizado” e que, para 76%, “é importante para mim que a organização onde trabalho coloque as pessoas em primeiro lugar”**, percebemos que, ao cooperar com a formação e a gestão da cultura, estamos trabalhando também para que as pessoas sejam mais felizes.

Ao alinhar as estratégias de comunicação interna e externa com os valores e objetivos da empresa, é possível criar um ambiente de trabalho coeso e engajador, que não apenas atrai e retém talentos, mas também fortalece a posição da empresa no mercado.

Então, a parte que falta agora já não falta, e por onde passo, continuo a buscar maneiras de integrar e reforçar a cultura em todas as nossas iniciativas, acreditando que ela é a base para o sucesso sustentável de qualquer organização.

*Estudo de Transformação Cultural da Korn Ferry

**Estudo Workforce Brasil 2024 da Korn Ferry