O mundo digital rompeu barreiras geográficas e democratizou o acesso à informação e ao entretenimento. No entanto, uma divisão invisível persiste: a segregação etária. Embora o público acima de 50 anos represente uma fatia significativa da população brasileira, muitas estratégias de marketing e produção de conteúdo ainda o ignoram ou se baseiam em estereótipos desatualizados.
Segundo dados recentes do IBGE, cerca de 27% dos brasileiros têm mais de 50 anos, um contingente expressivo que não pode ser negligenciado pelas marcas e criadores de conteúdo. Esse grupo, frequentemente referido como "50+", está cada vez mais imerso no universo digital, consumindo conteúdo online em plataformas diversas.
No entanto, grande parte do conteúdo ainda é projetado com foco excessivo nos jovens e adultos de meia-idade, deixando de lado um público valioso e com poder de consumo crescente. Essa abordagem não apenas aliena um segmento significativo, mas também representa uma oportunidade perdida para empresas e produtores que buscam se destacar em um mercado cada vez mais competitivo e diversificado.
Para ilustrar essa lacuna, basta olhar para a indústria do entretenimento. Enquanto a maioria das séries e filmes retrata personagens jovens ou de meia-idade, há uma escassez de representações autênticas e envolventes do público 50+. Essa falta de diversidade etária nos meios de comunicação pode alimentar a sensação de invisibilidade e desconexão desse grupo com o conteúdo produzido.
Há exemplos inspiradores de marcas que estão quebrando esse paradigma. A campanha "Representando a Vida Real" da empresa de cosméticos Dove celebrou a beleza em todas as idades, ressoando com mulheres de diferentes faixas etárias. A marca de vestuário Ariat, por sua vez, lançou uma linha específica para mulheres acima dos 50 anos, reconhecendo suas preferências e necessidades exclusivas.
Essas iniciativas demonstram que, ao se conectar de maneira autêntica com o público 50+, as marcas podem construir relacionamentos duradouros e lealdade, além de abrir novas oportunidades de negócios.
Para as agências de marketing e produtores de conteúdo, a chave é adotar uma abordagem inclusiva e adaptável. Em vez de presumir que esse público não está interessado ou não é capaz de consumir conteúdo digital, é fundamental explorar seus interesses, necessidades e preferências de consumo.
Isso pode envolver a criação de conteúdo que retrate experiências e desafios relevantes para esse grupo etário, bem como a utilização de formatos e plataformas que atendam às suas necessidades específicas. Por exemplo, conteúdo em vídeo pode ser mais acessível e envolvente do que textos longos, enquanto plataformas como YouTube e Facebook podem ser preferidas em relação a outras redes sociais.
Além disso, é essencial garantir que o conteúdo seja facilmente acessível e navegável, levando em consideração possíveis limitações visuais ou auditivas. A linguagem utilizada também deve ser clara e direta, evitando jargões ou referências excessivamente específicas de uma determinada geração.
Ao reconhecer e abraçar o público 50+ como consumidores valiosos de conteúdo digital, as agências de marketing e produtores de conteúdo podem expandir seus horizontes, criar conexões significativas e impulsionar o crescimento de seus negócios. Afinal, a diversidade é a chave para o sucesso em um mundo cada vez mais conectado e inclusivo.
*Ricardo Martins, graduado em Marketing, Pós-Graduado em Neurociência, Consumo e Marketing pela PUC-RS e também em Jornalismo Digital e Marketing Estratégico Digital. Fundador da TRIWI, com foco nos setores de Tecnologia, Agro, Serviços e Indústria. Atua como palestrante e professor desde 2011 , Com mais de 22 anos de experiência em Marketing Digital, sua trajetória profissional inclui empresas como Polishop, XP Investimentos, TOTVS e CNA e como consultor de empresas como B3, Lupo, Multi.
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