Cenários competitivos trazem à tona “rivalidades” entre os competidores que fazem parte do jogo, e no Marketing, isso não é diferente. De fato, não faltam exemplos de segmentos que, ao longo dos anos, foram moldados pela competição entre marcas “X e Y”.
Naturalmente, este mercado também abre espaços para a cooperação - uma possibilidade ressaltada pelo Diretor Geral da NATRUE e novo co-presidente da Sustainability Beauty Coalition, Dr. Mark Smith, em entrevista ao Cosmetics Design.
Nas palavras de Smith, a união entre marcas do setor de beleza e cosméticos, comumente ligadas - ou observadas sob - as diretrizes de ESG, é uma urgência que, ao ser atendida, pode contribuir para a assimilação e a mensuração dos impactos ambientais e sociais causados por estas empresas a partir da criação de pontos operacionais em comum.
Nesse sentido, o Diretor ressalta que, obviamente, isso não quer dizer que as características que envolvem a competição comercial, como a inovação, por exemplo, sejam irrelevantes.
O que é defendido, sob a ótica do co-presidente, é a ideia de uma padronização científica que estenda uma camada de responsabilidade sobre um setor que precisa repensar práticas antiquadas e se adaptar às novas demandas impostas, principalmente, por consumidores cada vez mais conscientes sobre o impacto das marcas sobre o planeta.
Por que a cooperação é importante?
Smith destaca que a cooperação e o compartilhamento de expertise entre as marcas do setor pode contribuir para a solução de pautas populares no debate sobre sustentabilidade. Ele exemplifica citando as típicas embalagens, comumente fabricadas em plástico, um dos principais antagonistas do romance protagonizado pelo meio ambiente.
Nesse sentido, o Diretor ressalta a importância de que as marcas do setor de beleza se unam em prol de discussões endereçadas a definir formas sustentáveis de gerir tais elementos, bem como a forma de utilizar os produtos e, em última análise, o destino dado a eles após a sua utilização.
Isso poderia envolver, por exemplo, a conscientização sobre o descarte adequado dos materiais vazios ou mesmo campanhas de reaproveitamento por parte das empresas envolvidas, que por conseguinte, ganhariam a chance de transformar os materiais descartáveis em novos produtos.
Para Smith, é nesse ponto que a citada padronização científica e o compartilhamento de expertise sobre práticas sustentáveis ganha força. Ele ressalta que a combinação entre a valorização dos resíduos descartáveis e a inovação para desenvolver novos métodos de processamento e extração representa uma nova direção, orientada pela ciência, que leva à impulsão de práticas sustentáveis, sejam elas tradicionais, biotecnológicas, de última geração ou, idealmente, uma combinação entre elas.
Presente e futuro
Refletindo sobre o atual panorama de reinvenção sustentável das práticas operacionais no setor de cosméticos, Smith pontua que o processo de criar produtos e embalagens sustentáveis não é simples, e em função disso, a adoção dessas práticas, que acabam impactando o preço final dos itens afetados, não é lucrativa para pequenas empresas.
No entanto, o Diretor destaca um leque de ações e técnicas cada vez mais sofisticadas, que podem reduzir a complexidade característica da produção de materiais sustentáveis. Nesse sentido, a formulação de produtos que independem de água em sua composição tem sido uma tendência notável.
Quando se trata da produção sustentável de materiais para embalagens, técnicas como o desenvolvimento de novas matérias-primas a partir da cultura e manipulação de microrganismos indicam um excelente caminho para um futuro sustentável.
Smith espera que o aumento do uso de ingredientes e produtos reciclados provenientes da fermentação microbiana e enzimática contribua diretamente para o esforço feito para reduzir o impacto ambiental causado pelos ingredientes químicos utilizados atualmente.
*Com informações da Cosmetic Design Europe Leia também: 95% dos brasileiros preferem marcas que investem em sustentabilidade
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