Nos últimos anos, o cenário digital tem se tornado um verdadeiro campo minado para marcas que dependem exclusivamente das redes sociais para alcançar e engajar seus públicos. Plataformas como Instagram, Facebook e TikTok operam sob algoritmos imprevisíveis, exigem investimentos cada vez maiores em anúncios e dificultam a criação de conexões duradouras entre marcas e consumidores. Diante desse contexto, surge uma pergunta essencial: até que ponto as empresas podem continuar reféns dessas plataformas? A resposta passa por uma alternativa mais estratégica e sustentável: a construção de comunidades próprias.
Ao contrário das redes sociais, onde a interação é ditada por algoritmos e muitas vezes superficial, as comunidades são espaços de troca genuína, nos quais os consumidores participam ativamente, criam significado e fortalecem sua relação com a marca. Métodos como a Teoria AEIOU e frameworks como CRISC (Conexões, Relacionamentos, Interações, Significados e Cultura) e PARTE (Percepção, Atração, Retenção, Transação e Expansão), ambos trazidos pelos autores do livro Marketing do Futuro, Silvio Meira e Rosário Pompeia, estruturam essa abordagem, permitindo um crescimento orgânico e mais autêntico.

Grandes marcas já perceberam esse movimento e vêm colhendo os benefícios dessa estratégia. O Duolingo mantém uma comunidade ativa de aprendizado, onde os usuários interagem e colaboram, reduzindo sua dependência de anúncios. A Lego, com o projeto Lego Ideas, envolve seus consumidores na criação de novos produtos, transformando clientes em cocriadores. A Nike, por meio do Nike Run Club, construiu um ambiente onde corredores se conectam, compartilham desafios e reforçam sua fidelidade à marca. Esses exemplos demonstram como comunidades fortalecem o relacionamento com o público e impulsionam o crescimento sustentável das empresas.
Além disso, dados reforçam a eficácia dessa abordagem. Segundo a Harvard Business Review, empresas que investem em comunidades apresentam uma taxa de retenção 35% maior em comparação àquelas que não adotam essa estratégia. Quando o assunto é vendas, os membros da comunidade da Sephora, a Beauty Insider, compram 2,5 vezes mais do que os clientes que não fazem parte da comunidade.
Enquanto as redes sociais impõem restrições e custos crescentes, comunidades próprias garantem maior autonomia e controle sobre os dados, além de criar um espaço de engajamento contínuo, onde os consumidores se sentem parte de algo maior. Embora exijam planejamento e dedicação, os benefícios a longo prazo superam qualquer dependência das plataformas tradicionais, que estão cada vez mais instáveis e onerosas.

O futuro do marketing pertence às marcas que entendem que engajamento real não se constrói em terrenos alugados. Criar e nutrir uma comunidade não significa abandonar as redes sociais, mas usá-las estrategicamente como um canal de entrada para um espaço onde a marca tem controle, os consumidores se sentem valorizados e as relações são construídas para durar.
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