A COP 30, que encerrou em 21 de novembro, deixou claro que não há transição climática possível, sem uma revisão profunda dos modelos de produção e consumo. E, pela primeira vez na história das Conferências, a economia circular entrou de forma contundente na agenda do evento, abrindo espaço para a discussão acerca das tecnologias, políticas e práticas que reconfiguram a forma como materiais são produzidos, usados e reinseridos na economia.
Dentro desse novo cenário, o setor de embalagens ganhou protagonismo por meio da Associação Brasileira de Embalagem (ABRE), que assumiu um papel importante na discussão sobre como acelerar a circularidade de forma estruturada e integrada engajando os consumidores, elo fundamental desta cadeia.
O fato de a conferência ter aberto espaço para a circularidade permitiu que temas como reciclabilidade, inovação em materiais e redução de desperdícios fossem discutidos como pilares diretos da ação climática.

Essa mudança de perspectiva acompanha uma tendência global, em que a circularidade deixou de ser um elemento periférico da sustentabilidade e se tornou um dos instrumentos mais eficazes para a sustentabilidade na cadeia de consumo.
Entre as contribuições brasileiras apresentadas no evento, um dos destaques foi a plataforma Lupinha, iniciativa da ABRE lançada em 2023. A ferramenta ajuda consumidores a identificar o destino correto das embalagens após o uso, gerando valor para as cooperativas de catadores, e padronizando a comunicação entre marcas, reguladores e cooperativas.
Mais do que uma solução tecnológica, ela simboliza o que o Brasil tem de mais valioso para oferecer à agenda climática com inovação e impacto social. O projeto fortalece cooperativas de catadores e permite acesso a informações para mais de 7 milhões de brasileiros com deficiência visual e melhora a qualidade da reciclagem ao longo da cadeia.

No final da conferência ficou evidente que os setores capazes de mostrar entregas concretas ganharam protagonismo nas discussões multilaterais. A ABRE saiu de Belém fortalecida, porque apresentou ações reais e replicáveis.
A entidade pretende agora ampliar o diálogo estabelecido com governos, organismos internacionais e empresas e demais stakeholders, defendendo políticas de incentivo à inovação e ao design circular, investimentos em reciclabilidade e infraestrutura de coleta, além de marcos regulatórios que integrem embalagens às estratégias nacionais de descarbonização e fortalecer as parcerias público-privadas para acelerar escala e impacto.
A COP30 também reforçou a conexão entre circularidade das embalagens e temas tratados em outras agendas globais, como segurança alimentar, agricultura regenerativa e combate à desigualdade.

A lição que o setor trouxe como contribuição é de que o futuro é regenerativo. O que significa repensar materiais, processos e modelos de negócio para que o valor circule continuamente, enquanto o impacto ambiental diminui.
Mais do que ter participado da COP 30, a ABRE contribuiu para moldar o que virá depois dela. Um ciclo de evolução em que a iniciativa privada, sociedade civil e governo, devem atuar em conjunto de forma colaborativa e enfática.
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