Como a Inteligência Artificial está transformando mercado de limpeza Priscilla Oliveira 26 de junho de 2024

Como a Inteligência Artificial está transformando mercado de limpeza

         

Especialistas analisam impactos da ferramenta na categoria profissional e na indústria. Vídeos analíticos surgem como suporte às empresas

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A inteligência artificial vem sendo usada para gerenciar a limpeza de ambientes e com isso otimizar os serviços, aumentar a eficiência e reduzir custos. Mesmo na indústria de material de limpeza a ferramenta tem desempenhado um papel significativo, trazendo uma série de benefícios que vão desde a melhoria dos processos de produção até a otimização da logística e a personalização dos produtos. 

Embora para muitos ainda parece algo distante, a IA já ocupa espaços no mercado da limpeza profissional. Daniel Siqueira, gerente de P&D da Verzani & Sandrini, afirma que a IA está em fase de amadurecimento e muitas ferramentas já permitem rastrear processos e entender o comportamento dos clientes.

Entre os exemplos da evolução, Siqueira cita os sensores de IoT (Internet das Coisas), instalados em banheiros e que monitoram o fluxo de pessoas e o nível de insumos do local para acionar as equipes de limpeza somente quando necessário. Na jardinagem, por exemplo, sensores conseguem controlar o nível da umidade do solo, cruzando com o tempo e otimizando o uso da água.

O especialista pontua que uma tendência no campo da limpeza é unir a IA ao uso de equipamentos autônomos e reduzir a intervenção humana. Hoje, alguns equipamentos criam suas rotas, executam o processo de saída e retorno a suas bases, recarregando-se e esvaziando-se sozinhos nas estações. Conectados à internet, mapeiam os locais e executam processos necessários.

Vídeos analíticos como suporte aos serviços

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O especialista ressalta a importância do uso da tecnologia de vídeo analítico, que dá suporte para o monitoramento de pessoas e processos. Desse modo, é possível saber até se o colaborador usa corretamente o equipamento de proteção individual (EPI), checar condições de segurança, avaliar comportamentos e até evitar brigas. 

Todavia, o desafio para os próximos anos, segundo Siqueira, será preparar os prestadores para fazer uso das tecnologias.“Pessoas com caneta e papel para fazer o checklist não será o perfil do futuro”, afirma ao ressaltar a tendência de uso de dados gerados por IA.

Já Ricardo Vacaro, diretor-geral da RL Higiene, considera que a IA é uma realidade, que está entrando e abrangerá muitas atividades, seja nos processos produtivos, operacionais e, certamente, os tão aguardados robôs farão parte do cenário. Para ele, a IA tomará conta da gestão de pessoas e dos controles rapidamente.

Com isso, torna-se urgente treinar pessoas para trabalhos mais analíticos. Vacaro pontua que a ferramenta dirá onde o colaborador deve estar em cada momento e que a alimentação de dados permitirá alocar recursos de modo mais inteligente. O desafio será apenas equilibrar as relações. Por outro lado, ele vê todas as transformações como um longo caminho a percorrer no Brasil, como treinar robôs – algo que leva tempo, recursos e exige pessoas especializadas. 

IA já faz mudanças no mercado da limpeza

Leandro Simões, CEO da EVOLV, afirma que a IA já mostra transformações importantes no mercado da limpeza. Ele lembra que a limpeza foi executada, por décadas, da mesma forma em qualquer lugar do mundo, com pessoas limpando e rondas sendo feitas. Agora, entra com força a tendência da limpeza por demanda, que é usar a tecnologia para que a tarefa seja feita na hora certa.

O executivo lembra que as empresas de limpeza têm um lucro bruto apertado e enfrentam dificuldades na contratação de mão de obra. Nesse sentido, a combinação da IA com a gestão consegue a economia de valores representativos, otimiza equipes e reduz gargalos operacionais.

“São os sensores que monitoram fluxos de pessoas e os dados entram em uma plataforma em que algoritmos inteligentes mandam equipes para os locais necessários. Dois aeroportos do Brasil foram para a lista dos melhores do mundo com a aplicação desses recursos”, pontuou Simões.

Simões reforça que, no universo das transformações tecnológicas, é importante esclarecer que IA e automação são coisas diferentes. “A automação é programar algo para executar tarefas repetitivas. Já a IA é a possibilidade de que as tarefas se realizem sozinhas. A combinação homem e máquinas será potencializada pela IA. Temos muito em que aplicar a IA. No curto prazo, vejo o uso de ferramentas de inteligência para a gestão das operações”, explicou.

Também entre os usos mais imediatos, o executivo destaca a ação preditiva nos equipamentos de limpeza. Como os equipamentos falham, quebram e precisam de manutenção corretiva para a operação continuar, a tecnologia busca resolver esses processos. 

A manutenção preditiva permite que sensores sejam acoplados ao equipamento, coletem dados a partir de suas vibrações e as enviem para a nuvem, onde com algoritmos desenvolvidos a partir do aprendizado com os equipamentos avisam que a falha pode estar prestes a acontecer. Segundo Simões, a geração de dados para o setor fará com que os profissionais “deixem de apagar incêndios”.

10 maneiras que a IA atua na indústria de limpeza

Formulação de Produtos: analisando grandes volumes de dados sobre ingredientes, suas interações e eficácia para desenvolver novas formulações de produtos de limpeza mais eficazes e seguros.

Personalização: utilizando algoritmos de machine learning, as empresas podem criar produtos personalizados para atender às necessidades específicas dos consumidores, como fragrâncias ou propriedades específicas (antibacteriano, antialérgico, etc.).

Automação: robôs e sistemas automatizados, controlados por IA, podem aumentar a eficiência na linha de produção, reduzindo erros e desperdícios.

Previsão de Manutenção: prevendo quando as máquinas necessitam de manutenção, evitando paradas inesperadas e aumentando a produtividade.

Previsão de Demanda: analisando dados históricos e tendências de mercado para prever a demanda futura, ajudando a ajustar a produção e evitar excesso ou falta de estoque.

Logística e Distribuição: otimizando rotas de entrega, reduzindo custos e tempo de transporte.

Análise de Dados do Consumidor: analisando os dados de comportamento dos consumidores para criar campanhas de Marketing mais eficazes e identificar novas oportunidades de mercado.

Atendimento ao Cliente: Chatbots e assistentes virtuais, impulsionados por IA, melhoram o atendimento ao cliente, respondendo a perguntas comuns e ajudando na resolução de problemas.

Gestão de Resíduos: ajudando na gestão de resíduos e na redução de impactos ambientais, otimizando o uso de matérias-primas e processos de reciclagem.

Controle de Qualidade: Sistemas de visão computacional e análise de dados em tempo real garantem que os produtos atendam aos padrões de qualidade estabelecidos.

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