Cada vez mais democráticas, as ferramentas de Inteligência Artificial estão transformando a rotina de pequenas, médias e grandes empresas dos mais variados setores. A somatória destes avanços operacionais cria um quadro coeso de transformações que impactam diretamente a economia do país.
No Brasil, o emprego da IA já é parte essencial da atividade de setores econômicos cruciais, como a agricultura, que corresponde a um terço do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, e o sistema bancário, cujas funcionalidades são cada vez mais exigidas no mundo digital - uma realidade que se estende às tradicionais agências físicas.
No terceiro e último dia do Web Summit Rio, o palco do Riocentro recebeu Aline Oliveira, Diretora de IA da Traive, Pedro Bramont, Diretor de Negócios Digitais do Banco do Brasil, e Gerry Giacomán, CEO da Clara, para uma conversa sobre os efeitos da Inteligência Artificial na economia brasileira.
Veja os principais pontos debatidos pelo trio nesta manhã:
Inteligência Artificial na agricultura
Basilar para a economia brasileira, a agricultura é, também, uma das mais complexas indústrias do mundo moderno. A atividade envolve uma grossa corrente formada por nuances operacionais que vão desde o financiamento do agricultor - que passa pelo relacionamento com instituições financeiras - até a técnica de plantio e colheita no campo. Mas como a Inteligência Artificial pode contribuir para o bem-estar do setor?
Primeiro, por facilitar a obtenção de recursos por parte dos agentes que movem a indústria. “A agricultura é responsável por um terço do PIB brasileiro e, mesmo assim, é uma das indústrias menos digitalizadas. Em vista disso, os dados no setor são escassos e fragmentados. Isso afeta, por exemplo, o processo de avaliação de risco de crédito. Pensando nisso, a Traive desenvolve modelos de IA específicos para ajudar os credores a avaliar e entender implicações em torno de toda a cadeia de suprimentos e como eles afetam o risco de crédito”, explica Aline.
Além disso, a aplicação da Inteligência Artificial sobre a agricultura pode contribuir para a consolidação de técnicas e práticas de plantio mais saudáveis e sustentáveis. “A IA já contribui muito para a agricultura de precisão e para o monitoramento e gerência de gado, por exemplo. Outra aplicação importante diz respeito à sustentabilidade, pois as ferramentas de IA possibilitam a redução da utilização de recursos naturais, como a água, e contribuem para a identificação de pestes, doenças e outros males que podem afetar a produção”, ressalta Bramont.
Inteligência Artificial no sistema financeiro
O boom dos bancos digitais no Brasil ainda desperta graus de desconfiança no julgamento dos frequentadores das tradicionais agências bancárias espalhadas por todo o país. No entanto, nem os bancos mais tradicionais escapam das demandas digitais - um processo que requer adaptação e pode ser ricamente auxiliado pela IA.
Para o Banco do Brasil, o desenvolvimento de ferramentas de Inteligência Artificial não é uma novidade. Desde 2013, o Banco desenvolve soluções em IA e, atualmente, conta com o próprio Centro de Excelência em Inteligência Artificial. “Isso nos permite desenvolver aplicativos de IA de forma descentralizada. Nossos três focos principais são segurança cibernética e detecção de fraudes, customer experience e customer insights e automação de processos internos”, pontua o Diretor de Negócios Digitais.
Já para a Clara, a consolidação da IA e outros expoentes tecnológicos deu às fintechs uma nobre missão: auxiliar a transição social de uma economia analógica para uma digital. “Estamos desenvolvendo modelos para ajudar as empresas a tomar as melhores decisões de gastos, e muito disso depende dos modelos de IA. Além disso, na nossa empresa, o machine learning também desempenha um papel muito importante. Atualmente, quando alguém solicita crédito ou outros de nossos serviços, o primeiro parecer é dado pela IA”, revela Giacomán.
Bons horizontes para os empreendedores
Oferecendo um leque de soluções sem precedentes, as ferramentas de Inteligência Artificial iniciaram uma revolução tanto no cerne das empresas, quanto na mente dos brasileiros que planejam começar a empreender. “Na Traive, estamos reduzindo algumas de nossas contratações porque não precisamos mais empregar tantos desenvolvedores. Agora, podemos usar ferramentas de IA para fazer depurações ou executar testes de unidade muito mais rápido do que costumávamos fazer”, conta Aline.
Se, por um lado, postos específicos tendem a rarear no núcleo das empresas, por outro, o aparato da Inteligência Artificial traz um mundo de novas oportunidades para aqueles que desejam dar vida às próprias ideias. “A IA torna muito mais fácil a concepção de novos produtos e novas tecnologias. As ferramentas dão às pessoas a habilidade de criar seus próprios conceitos, protótipos e front-ends. É algo muito promissor”, prossegue a Diretora de IA.
Em um contexto de democratização da tecnologia, ideal para a expansão do conceito “Do It Yourself”, a Inteligência Artificial pode contribuir, também, para o balanceamento do jogo financeiro. “Acredito que a IA fará os recursos financeiros fluírem de forma mais eficiente, removendo as assimetrias e arbitrariedades que por vezes podem levar ao desequilíbrio do poder econômico nestes recursos. Definitivamente aposto nisso”, conclui.
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