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Café, ovos e cesta básica: Como a ruptura está redesenhando o varejo

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Tempo de Leitura 4 min

DATA

21 de mar. de 2025

CATEGORIA

Notícias

Café, ovos e cesta básica: Como a ruptura está redesenhando o varejo

O consumidor brasileiro está cada vez mais estratégico, alternando entre canais e marcas conforme conveniência e preço. Para as empresas, o desafio está em equilibrar disponibilidade de produtos, preços competitivos e experiência de compra diferenciada. A nova análise da Neogrid, em parceria com a FGV IBRE, trouxe insights sobre o comportamento do consumidor e a dinâmica do varejo no Brasil. Com um banco de dados robusto — mais de 1 bilhão de cupons fiscais analisados e 30 mil pontos de venda monitorados —, o estudo evidencia pontos de atenção que impactam diretamente as estratégias de Marketing, precificação e supply chain.

Um dos dados apresentados é sobre o shopper estar mais cauteloso e seletivo. Mesmo diante da alta dos preços, o consumo de algumas categorias-chave, como café, se mantém relativamente estável. Os consumidores, no entanto, estão comprando com menor frequência e em menores quantidades, adaptando-se ao cenário inflacionário. Essa mudança de comportamento aponta para um perfil de compra mais racional e planejado, no qual o preço e a percepção de valor tornam-se ainda mais determinantes na decisão de compra.

Além disso, a lealdade às marcas está cada vez mais frágil: promoções agressivas e programas de fidelidade eficazes são fundamentais para manter a base de clientes. O desafio para os profissionais de marketing é construir estratégias que equilibrem valor percebido e diferenciação, incentivando a recompra sem comprometer margens.

Ruptura de estoque: um problema persistente

A ruptura média no varejo brasileiro atingiu 13,9% em 2024, um patamar preocupante que pode gerar impactos significativos na satisfação do consumidor e na rentabilidade do varejo. Categorias essenciais, como ovos e café, apresentaram aumentos expressivos na ruptura: o percentual de indisponibilidade do café, por exemplo, subiu de 9% para 11,1% apenas no mês de janeiro.

Os impactos vão além da experiência do consumidor: a pesquisa aponta que 37% dos clientes trocam de marca ao não encontrar o produto desejado, enquanto 33% buscam o item em outro estabelecimento. Esses dados evidenciam a necessidade de uma gestão de estoques cada vez mais eficiente, baseada em dados preditivos e inteligência artificial para prever demandas e evitar tanto a falta de produtos quanto excessos que possam gerar perdas.

O desabastecimento desafia supermercados e pode impactar o comportamento do consumidor. Produto indispensável no dia a dia dos brasileiros, o café registrou aumento expressivo na taxa de ruptura. A escassez está ligada a fatores como sazonalidade da produção, aumento dos custos de insumos e desafios na distribuição. Com menor oferta nas prateleiras, supermercados buscam soluções para evitar perda de vendas e fidelidade dos clientes.

Os ovos também registraram aumento na taxa de ruptura, reflexo da crescente demanda e oscilações na produção. Especialistas apontam que a alta nos custos da ração para aves impacta a oferta do produto no varejo. Com isso, os consumidores podem precisar buscar alternativas ou enfrentar preços mais elevados.

Segundo a Neogrid, a falta desses itens pode influenciar hábitos de consumo e comprometer o desempenho dos supermercados. Para reduzir os impactos, varejistas precisam monitorar estoques com mais precisão, reforçar a previsão de demanda e estreitar relações com fornecedores.

O impacto da inflação no consumo regional

A inflação e a variação de preços têm afetado diferentes regiões do Brasil de maneira desigual, tornando essencial uma abordagem localizada para estratégias de precificação e Marketing. O estudo revela que São Paulo e Manaus foram as capitais com os maiores aumentos na cesta básica, registrando variações de 19,94% e 19,87%, respectivamente. Esse aumento tem pressionado o poder de compra da população, impactando diretamente as decisões de consumo.

O desafio para as marcas e varejistas é ajustar as estratégias conforme o perfil de cada mercado, considerando fatores como poder aquisitivo, elasticidade de demanda e preferências regionais. Estratégias promocionais e parcerias com fornecedores para minimizar repasses de preços tornam-se diferenciais competitivos nesse cenário.

Tecnologia como aliada do varejo físico

A digitalização do varejo segue em ritmo acelerado e se tornou um fator-chave para a competitividade no setor. Segundo a pesquisa, 68% dos consumidores acreditam que as lojas físicas estão se adaptando às novas tecnologias, demonstrando que a convergência entre os canais físico e digital é uma realidade irreversível.

Soluções como self-checkouts, personalização baseada em dados de CRM e aplicativos de fidelização são diferenciais estratégicos para melhorar a experiência do consumidor e otimizar a operação. Além disso, a integração entre e-commerce e lojas físicas, com opções como click & collect e entregas rápidas, tem se consolidado como um fator decisivo na jornada de compra do shopper moderno.

Leia também: Case Grupo Disco Uruguay: como os supermercados podem se reinventar?

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Priscilla Oliveira

Editora

Jornalista

AUTOR

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