A data mais comercial do ano traz muitas imagens à mente: longas filas, promoções, números exorbitantes. Talvez não seja tão fácil imaginar, entre tudo isso, uma preocupação ativa dos consumidores por sustentabilidade. Contudo, não pensar nesse aspecto dos produtos e serviços oferecidos na Black Friday pode ser um tiro no pé.
Segundo a última pesquisa “Hábitos sustentáveis e consumo consciente”, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 50% dos brasileiros afirmam verificar, antes da aquisição, se a produção de um produto foi ambientalmente correta. Para 24% deles, esse é um hábito permanente, que fazem o tempo todo. Não há razão para imaginar que na Black Friday seria diferente.
O mesmo relatório também afirma que seis em cada dez brasileiros já boicotaram marcas ou empresas após descobrirem algum envolvimento com testes ou maus tratos a animais, violações a direitos trabalhistas, crimes ambientais ou outras situações sensíveis.
Ou seja: os clientes estão em busca de consumo consciente. E, como as práticas ESG deixam claro para qualquer corporação, sustentabilidade não tem a ver apenas com a fabricação de um item, mas com todas as práticas e processos da empresa, desde a esteira de produção até o post na rede social.
Daí surgem as inovações voltadas para essa área. Um grande exemplo são as embalagens sustentáveis, feitas com materiais recicláveis ou biodegradáveis. É uma iniciativa de Marketing que conta uma história para o consumidor. Além de expressar tudo que a marca quer transmitir, elas cimentam o compromisso com o meio ambiente e comunicam isso ao mesmo tempo.
Mas a mudança vai além. É uma transformação da sociedade, que tem tudo a ver com o momento que vivemos — de temperaturas extremas, desastres naturais e outros efeitos da crise climática. Já passou da hora de focarmos mais em como melhorar a situação do que em consumo excessivo.
É por isso que alguns negócios usam o termo Black Friday Verde para destacar a preocupação com a sustentabilidade. Parece contraditório que uma data tão comercial seja utilizada para comunicar que o consumo também deve ser consciente. Como mencionei lá em cima, o meio ambiente não costuma ser a primeira coisa que vem à mente nessa época. Mas a nossa realidade é que ainda queremos e precisamos consumir, ao mesmo tempo em que queremos e precisamos mudar nossa postura como humanidade.
Isso inclui a priorização de produtos duráveis, por exemplo, ao invés do estímulo às compras impulsivas e constantes. Inclui a transparência na produção e a abertura para aprimorar e otimizar as estratégias de marca, em todos os setores.
O modo como todos nós consumimos está mudando para melhor, e as empresas que querem protagonismo nessa história precisam se adequar à narrativa.
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