Você percebe quando está vivendo uma revolução de mercado? Muitas pessoas acreditam que sim, mas a realidade é mais complexa. As mudanças acontecem em velocidades variadas, e não é incomum percebê-las só depois que já estão estabelecidas. Especialmente quando é tudo tão rápido como atualmente. Esse é o caso do Marketing 5.0. Nós já estamos vivenciando este novo momento, ainda que muitas empresas estejam em diferentes estágios passados. Mas as grandes corporações e as companhias emergentes, as inovações e disrupções que afetam a sociedade — são elas que mostram em que pé estamos. Permitam-me dar um passo para trás para explicar o que estou falando. Afinal, o que é esse tal de Marketing 5.0 e como assim nós já estamos nele? O conceito vem do autor e professor americano Philip Kotler, considerado o pai do marketing moderno. Ele nos ensina, em um livro publicado em 2021 chamado “Marketing 5.0: Tecnologia para a humanidade”, que, a partir da pandemia, o mercado entrou em uma nova era. Trata-se do marco da tecnologia voltada para a humanidade, ou seja, tecnologia usada a favor da qualidade de vida e do bem-estar das pessoas. Antes que pense que isso é óbvio, considere bem: será que, até agora, a tecnologia vem mesmo sendo usada com esse propósito? Não existem efeitos negativos no uso excessivo de redes sociais, por exemplo, ou no uso indiscriminado de dados (a ponto de ferir a privacidade dos cidadãos)? Não há problemas na hiperconectividade que vivenciamos diariamente? Esses pontos negativos são consequências de uma sociedade que se aprofundou em tecnologias sem analisar todos os pormenores. Contudo, as pessoas já aprenderam e estão lidando com inovações de maneira bem mais cautelosa. Isso vale para todas as áreas da sociedade e do mercado, inclusive o marketing. É aí que nasce a versão 5.0. Ela segue uma onda de progressões, que Kotler também já definiu ao longo de seus anos de estudos: houve o Marketing 1.0, que era focado no produto; o Marketing 2.0, focado no consumidor; o Marketing 3.0, focado no humano; e o Marketing 4.0, que apresentou a transformação digital e acabou fazendo com que o foco recaísse na tecnologia. Agora, portanto, é hora de usar tudo que aprendemos nas etapas anteriores para retomar o eixo ao ser humano, mas com ajuda das constantes inovações. E já existem tecnologias o suficiente para isso, sendo aplicadas e adaptadas para melhorar, de verdade, a vida das pessoas. Alguns exemplos são Big Data, Inteligência Artificial (IA), Machine Learning, Internet das Coisas, realidade virtual e aumentada, entre muitas outras. As ferramentas e estratégias para que o Marketing 5.0 funcione são muitas e podem evoluir rapidamente ao longo do tempo. O que realmente importa é não perder de vista o propósito de auxiliar as pessoas através da tecnologia. Para tanto, Kotler aponta alguns componentes que sustentam o conceito: - Orientação por dados: uso de Big Data para a coleta de dados ética e legal, para auxiliar nas tomadas de decisão; - Marketing ágil: disciplina que trabalha o foco na eficiência, com equipes descentralizadas e análises de resultados em tempo real; - Análise preditiva: busca de padrões de comportamento e tendências nos dados coletados; - Marketing contextual: personalização a partir de IA, machine learning, Internet das Coisas e interfaces e dispositivos digitais em espaços físicos; - Marketing aumentado: uso de marketing de conteúdo, chatbots ou assistentes virtuais para aprimorar o atendimento e prestação de informações ao consumidor. Como mencionei antes, nem todas as empresas estão acompanhando a evolução do marketing ou das tecnologias na mesma velocidade. De fato, existem algumas que ainda estão lá no 1.0. Mas para quem procura se destacar e crescer, não tem jeito: é preciso se adaptar. Felizmente, o 5.0 já está em andamento e, com os profissionais certos, é possível aplicá-lo do jeito certo para levar sua empresa a um novo patamar. *André Palis, colunista do Mundo do Marketing, é sócio-fundador da agência full service Raccoon.Monks. Em 2021, a Raccoon passou por um processo de fusão e agora faz parte da holding global S4 Capital. Em 2022 a empresa passou a se chamar Raccoon.Monks
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