O banimento do TikTok nos Estados Unidos durou menos de 24 horas. Após o cumprimento da suspensão da plataforma, programada para o último domingo (19), Donald Trump emitiu um decreto para suspender o banimento da rede social chinesa por 75 dias.
O tempo estipulado pelo recém-empossado presidente foi concedido para que a ByteDance – proprietária do TikTok – encontre um comprador para a operação nos EUA. Trump sugeriu que o governo dos EUA deveria adquirir 50% das operações da rede social no país em troca de manter o aplicativo em funcionamento.
O banimento foi aprovado nos moldes da “Lei de Proteção dos Americanos contra Aplicativos Controlados por Adversários Estrangeiros” (H.R. 7521). Na ocasião da decisão, a Suprema Corte dos EUA entendeu que a ByteDance poderia utilizar os dados dos usuários para fins de vigilância e espionagem a favor do Governo Chinês.
Atualmente, o TikTok possui cerca de 170 milhões de usuários nos Estados Unidos. O uso do aplicativo é especialmente prevalente entre os adultos mais jovens – 56% de todos os adultos nos EUA com idades entre 18 e 34 anos afirmam usar a plataforma.
Tempos incertos para as redes sociais
Na avaliação de Bruno Almeida, CEO da US Media, a proibição do TikTok nos Estados Unidos é mais um reflexo da crescente intersecção entre política, tecnologia e publicidade global. O cenário digital pode se tornar mais volátil, especialmente no que diz respeito à segurança da informação, disseminação de fake news e discursos extremistas.
Cresce, neste cenário, a expectativa de que as redes sejam regulamentadas em um claro alinhamento à administração Trump e à nova configuração do Governo Americano – sejam elas forçadas a fazer isso ou movidas à mudança de forma “espontânea”, como o Meta. No início do mês, Mark Zuckerberg anunciou um conjunto de mudanças nas diretrizes da plataforma. O gesto foi visto como um aceno ao governo Trump.
O executivo ressalta que a situação do TikTok, similar aos desafios enfrentados pelo X (antigo Twitter) em diferentes países, reitera a importância de uma estratégia de mídia diversificada e resiliente para marcas e anunciantes. Neste panorama, o foco deverá ser garantir resiliência em um ecossistema digital em constante transformação.
Transformações no mercado brasileiro
Para o mercado brasileiro e latino-americano, o CEO da US Media reforça a importância de priorizar parcerias que ofereçam segurança, inovação e capacidade de adaptação às novas regulamentações. Ele destaca que o sucesso na publicidade digital está diretamente ligado à capacidade de navegar por diferentes plataformas, explorando oportunidades e minimizando riscos.
Cabe ressaltar que o clamor pela regulamentação das redes sociais no país tem ascendido nos últimos meses. Em agosto de 2024, o X foi suspenso por decisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. A ação foi fundamentada no descumprimento de ordens judiciais e na ausência de um representante legal da empresa no país, o que contraria o Marco Civil da Internet e outras legislações nacionais.
Após cerca de 40 dias de suspensão, em 9 de outubro de 2024, a plataforma X foi autorizada a retomar suas operações no Brasil. A decisão ocorreu após a empresa cumprir uma série de exigências judiciais, incluindo o pagamento de uma multa de R$ 28,6 milhões e a nomeação de um representante legal no país.
As mudanças nas diretrizes do Meta também chamaram a atenção de Alexandre de Moraes e do Presidente Luís Inácio Lula da Silva. O ministro criticou veementemente a decisão, enfatizando que as redes sociais devem operar no Brasil em conformidade com as leis nacionais. Já o Chefe do Executivo classificou a decisão como extremamente grave e convocou uma reunião para discutir o assunto com autoridades governamentais.
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