Quem trabalha em agência sabe que a refação faz parte do trabalho. Quando constante, no entanto, acaba prejudicando o rendimento e andamento de muitos projetos. Segundo o Censo Agências 2024, realizado pela Operand com 617 respondentes de todo o Brasil, apenas 2,4 em cada cinco entregas feitas pelas agências de comunicação escapam de alterações não previstas.Ou seja, mais da metade dos jobs precisam ser refeitos total ou parcialmente, gerando impacto direto na produtividade, nos prazos e, principalmente, na rentabilidade.
A gestão do retrabalho ainda é um ponto frágil para muitas empresas do setor. Mais de 30% das agências relatam não conseguir cobrar dos clientes pelas alterações feitas fora do escopo inicial. Em contrapartida, 34,36% tentam se proteger estipulando um limite de alterações gratuitas e cobrando valores adicionais a partir daí — uma prática que tem se mostrado mais sustentável a longo prazo.
O desafio, segundo especialistas ouvidos pelo estudo, está na comunicação clara e na formalização dos escopos antes do início dos projetos. Falhas nesse alinhamento inicial têm levado agências a absorver prejuízos operacionais em nome da manutenção do relacionamento com o cliente, uma equação perigosa quando se busca crescimento.

Gestão estratégica ainda é negligenciada por boa parte dos líderes
Outro alerta importante do Censo 2024 é a falta de foco na gestão do negócio por parte dos próprios líderes de agências. Mais de 64% dos gestores afirmaram que se dedicam pouco ou apenas de forma regular à gestão estratégica da empresa, o que mostra que o índice cresceu em relação ao ano anterior. O dado sugere que muitos líderes ainda estão presos à operação, deixando o crescimento financeiro e estrutural à mercê do improviso.
Quando questionados sobre as principais dificuldades enfrentadas na liderança, “prospecção de novos clientes” lidera o ranking, seguida por “produtividade da equipe” e “definição de processos”. Esses entraves, segundo os analistas do setor, revelam um ciclo vicioso: sem tempo dedicado à estratégia, faltam processos claros; sem processos, perde-se produtividade; e com baixa produtividade, atrair e manter clientes torna-se mais difícil.
A boa notícia é que 59,48% dos líderes ainda mantêm uma visão otimista para o mercado em 2024. Com maior profissionalização da gestão e investimentos em eficiência operacional, há espaço para crescimento — desde que o setor aprenda a transformar dados como os do Censo em decisões práticas.
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