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Apagão cibernético aponta desafios da hiperconectividade para as empresas

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Tempo de Leitura 4 min

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19 de jul. de 2024

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Notícias

Um apagão cibernético provocou uma falha generalizada em sistemas de tecnologia nesta sexta-feira, dia 19, afetando atividades de comunicação, operações financeiras e transporte pelo mundo todo. Os problemas foram causados por falha em um software fornecido pela Microsoft em parceria com a companhia de segurança cibernética CrowdStrike. A Microsoft afirma que a falha já foi resolvida, mas que problemas residuais ainda podem ocorrer.

Conforme antecipou a pesquisa da Protiviti, lançada no segundo trimestre, os incidentes de TI estão no topo dos riscos para a continuidade dos negócios. Além disso, o ambiente tecnológico também ganha destaque quando se fala de incidentes operacionais. A causa raiz relacionada à indisponibilidade de sistemas correspondeu a quase metade das paralisações operacionais, ou seja, 48,3%, sendo o segmento financeiro, em especial os bancos, o mais afetado, o que equivale 29%, seguido de tecnologia, computação ou telecomunicações e indústrias.

Vários bancos e fintechs brasileiros tiveram seus aplicativos fora do ar, incluindo Bradesco, Neon, Next e Banco Pan. Clientes reclamaram nas redes sociais sobre a impossibilidade de realizar login e pagamentos, enquanto as instituições financeiras trabalharam para resolver o problema.  O site Downdetector registrou um aumento significativo nas reclamações sobre a indisponibilidade dos serviços digitais dessas instituições.

O Bradesco emitiu uma nota afirmando que a indisponibilidade de seus sistemas foi causada pelo apagão cibernético global e que equipes técnicas estão trabalhando para normalizar os serviços o mais rapidamente possível. O banco informou que os terminais de autoatendimento continuam funcionando normalmente.

O incidente causou transtornos significativos, como a interrupção dos sistemas de check-in nos aeroportos, levando a atrasos e confusões para os passageiros. Além disso, a bolsa de valores de São Paulo (B3) também enfrentou problemas, com interrupções nas negociações e impactos no mercado financeiro.

Até mesmo na Formula 1 os serviços foram afetados: os funcionários da Mercedes precisaram corrigir manualmente os problemas nos computadores para liberar os pilotos para irem para as pistas treinar. O avanço da tecnologia gera cerca de 500 bilhões de dados por final de semana durante uma etapa da competição, o que torna as equipes dependentes da tecnologia para terem bons resultados.

Rafael Narezzi, especialista em cibersegurança e criador do Cyber Security Summit Brasil, conferência global de segurança cibernética, explica que a resolução do problema é de difícil resolução “Isso ocorre porque o processo de correção é manual. Quando há muitos computadores, servidores e operações afetados, a situação se torna trabalhosa e é um extenso trabalho para os times disponíveis atualmente. A situação é ainda mais complicada na Europa, que está em período de férias escolares, o que reduz o tamanho das equipes”, explica.

No mundo inteiro, esse impacto cibernético destaca o quanto é crítico o nosso mundo hiperconectado. “Hoje foi um problema de falha de segurança, mas poderia ter sido um ataque, como o WannaCry. Cada vez mais vemos as consequências da hiperconectividade e a dependência da computação em nuvem”, finaliza.

Prevenção de riscos

O apagão foi causado por um problema técnico da CrowdStrike. Muitos dispositivos ao redor do mundo que utilizam o CrowdStrike receberam uma atualização defeituosa, resultando no apagão. Segundo Reinaldo Boesso, especialista em tecnologia e CEO da fintech TMB Educação, empresa que atua com inteligência de crédito, é preciso compreender inicialmente que, no cenário atual, todos os sistemas de bancos, aeroportos e grandes empresas estão na nuvem.

“E quem são as nuvens que respondem por abrigar a maior parte desses sistemas? São duas grandes empresas americanas, uma é a Amazon, com o AWS, e a outra é a Microsoft, com o Azure. Juntas, elas armazenam os dados mundiais, controlam praticamente todos os sistemas”, explica.

O CEO da TMB Educação ressalta que os sistemas mais usados no mundo costumam ser super estáveis e raramente têm qualquer tipo de problema, mas naturalmente estão sujeitos a riscos. Para ele, a melhor forma das empresas se precaverem contra eventuais falhas de um ou de outro é optarem pela redundância, ou seja, contratarem ambos.

“Alguns bancos grandes até fazem algo nesse sentido, mas a questão é que contratar os dois gera um custo extremamente alto, já que há um custo dobrado de sistema, de equipe, de manutenção de software e atualização. Com esse custo tão elevado, a maioria opta por uma ou outra alternativa e não pelas duas”, diz Reinaldo Boesso.

O especialista em tecnologia conta que, apesar do ocorrido ter causado alguns inconvenientes, a Microsoft prontamente trabalhou para resolver o problema. “Por volta das duas horas da madrugada a empresa já estava lançando um protocolo de correção. Pode ser que, em razão da complexidade de alguns sistemas, alguns bancos ainda estejam instáveis porque é preciso mais tempo para aplicar todas as mudanças sugeridas. Ainda assim, acredito que ao longo do dia tudo já estará resolvido”, finaliza Reinaldo Boesso.

Leia também: Protegendo a reputação da sua marca

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Bruno Mello

Fundador e Editor Executivo

Fundador e Editor Executivo do Mundo do Marketing, Jornalista com MBA em Marketing.

AUTOR

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