A sazonalidade como estratégia de crescimento do negócio Priscilla Oliveira 25 de junho de 2024

A sazonalidade como estratégia de crescimento do negócio

         

Thais Pantoja analisa as mudanças comportamentais do consumidor que fazem escolher ultraprocessados ao invés de alimentos frescos

Mercado alimentício
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A sazonalidade é um aspecto fundamental no planejamento estratégico de qualquer empresa do setor alimentício. Acompanhar de perto as safras e as necessidades dos consumidores, que mudam conforme as estações do ano é essencial para potencializar as vendas. No segmento de frutas, legumes e verduras (FLV) vemos um movimento padrão: no verão, a venda de hortaliças dispara, já que as pessoas consomem mais saladas e estão mais propensas a alimentos que trazem um frescor para as refeições.

Já no inverno, enquanto a procura pelas folhosas diminui, os legumes se tornam os queridinhos, principalmente por levarem aconchego para os pratos, aquela sensação de “comida de mãe” ou “comida de vó”. Mas, é essencial ir além do clima para potencializar vendas, e sim entender o comportamento do consumidor.

As pessoas desejam ter hábitos mais saudáveis, mas também querem mais praticidade. Em um frio de 13 graus, uma sopa vai muito bem à noite, não é mesmo? Mas, depois de um dia cansativo, poucos vão animar encarar a cozinha, descascar e picar vários legumes, para depois cozinhá-los por um bom tempo e finalmente degustar. Facilmente vão optar por um industrializado na despensa ou pedir algo em aplicativo.

Os ultraprocessados acabam sendo uma saída rápida para o dia a dia. Sabemos que o ritmo da sociedade contemporânea nem sempre permite que as pessoas cozinhem e consumam alimentos saudáveis e frescos e, esse comportamento afeta as comercializações do setor de FLV.

Se o consumidor quer praticidade e alimentos naturais, cabe às marcas do setor oferecerem algo que atenda essa necessidade, entregar a mesma rapidez, mas com alta qualidade nutricional. Assim, a empresa antecipa e responde às tendências do mercado. Foi com isso em mente que ao ampliar o portfólio com sopas 100% naturais, sem conservantes e que ficam prontas em três minutos, atraímos exatamente esse público e vimos que é possível aumentar as vendas no inverno em 13%.

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Oferecer algo que não seja ultraprocessado, mas que fica pronto em três minutos é o grande X da questão aqui. Afinal, a praticidade é uma das três maiores tendências mundiais para o setor de alimentação, de acordo com o Mintel’s 2024 Global Food and Drink Trends. Ela se traduz na busca pela otimização das refeições e atalhos para consumir comida de qualidade. Nos EUA, por exemplo, 48% dos consumidores dizem escolher alimentos fáceis/de rápido preparo sempre ou a maior parte do tempo.

Trabalhar com a visão da sazonalidade não é apenas uma questão de prever quais produtos serão mais vendidos em determinadas épocas do ano; é também sobre entender o comportamento do consumidor e oferecer soluções que se encaixem perfeitamente em suas vidas. Ao lançar produtos que ressoam com as preferências sazonais, o negócio não só atende à demanda imediata, mas também dá continuidade à dinâmica de relacionamento e fidelização dos consumidores, pois é possível até mesmo superar suas expectativas.

A tecnologia nos mostra que é possível aliar praticidade à saudabilidade, o consumidor não precisa mais comer uma lasanha congelada para almoçar em um dia de trabalho corrido. Um recente lançamento da Netflix, o filme “A Batalha do Biscoito Pop-Tart”, mostrou como na década de 1960 as marcas ofereciam produtos completamente industrializados e tentavam inovar introduzindo ao menos um pouco de “saúde” e frescor de frutas e isso era uma mina de ouro. Pois hoje, o que vemos é que o cliente, se puder escolher, dará a preferência pelo que for mais natural e com o mínimo de processamento disponível.

Nesse cenário, um estudo publicado no American Journal of Preventive Medicine, em 2022, mostrou que, no Brasil, o consumo de alimentos ultraprocessados foi responsável por 10,5% de todas as mortes prematuras em adultos com idade entre 30 e 69 anos no intervalo de um ano. São, portanto, soluções inovadoras que vão ganhar mais espaço no mercado.

* Thais Pantoja é diretora de marketing da Verdureira, a primeira empresa brasileira a entregar saladas prontas para consumo no Brasil.


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