A Black Friday, que começou como um dia de grandes economias, que ocorreu após o Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, foi trazida para o Brasil em 2010, mas apenas com o intuito de provocar estranheza. Com o mercado de e-commerce ainda prematuro, onde consumidores não estavam acostumados a promoções de fato, o começo da Black Friday veio com a chamada"Black fraude", com poucas ofertas ou promoções que não existiam.
Entretanto, o que num primeiro momento era visto como uma venda de queima de estoque, em pouco mais de 10 anos, passou a ser uma das datas mais esperadas do comércio varejista do Brasil com movimentações que chegam aos bilhões de reais com mudanças nas estratégias de mercado, branding e relacionamento com clientes.
Acompanhando a evolução do e-commerce brasileiro, a Black Friday, que pecava por ser uma data apenas do varejo, ganhou novo contorno digital. Esse foi um movimento promovido pelo acesso ao smartphone, ao avanço das plataformas de e-commerce e à diversidade de marketplaces.
Em 2015, por exemplo, quando eu ainda estava no comando da área digital da Polishop, a Black Friday pôde ser transformada em um grande evento social nas redes. As próprias transmissões ao vivo permitiram não apenas demonstrar o produto, mas também interagir com os espectadores. O efeito foi evidente. Na internet, ao final de 2014, o percentual de vendas era de 0,5% do total de consumo e, com a implementação da estratégia, chegou a 27%.
Redes sociais também se tornaram um canal crucial para criar expectativa e engajar os consumidores antes da data. O uso do SAC 2.0, por exemplo, ajudou a transformar interações simples em oportunidades de fidelização, enquanto as campanhas personalizadas fortaleceram o posicionamento da marca.
Black Friday Hoje: Uma data de Branding e Relacionamento
Atualmente, a Black Friday no Brasil vai além de promoções. As marcas entenderam que a data é uma oportunidade única para reforçar seus valores, engajar consumidores e construir lealdade. Empresas que se destacam são aquelas que oferecem não apenas descontos, mas também experiências marcantes, que vai desde um site que funcione de forma impecável até um pós-venda eficiente.
Além disso, o conceito de omnichannel ganhou força, integrando a experiência online e offline. Focar em estratégias para aumentar o fluxo nas lojas físicas durante a Black Friday, utilizando o digital como uma alavanca para a experiência presencial, é uma estratégia que pessoalmente comprovei como eficiente. Essa integração pode ser interessante para marcas que desejam criar uma jornada de compra fluida e coerente.
Outro ponto crucial é a transparência. A geração de confiança no consumidor passa por práticas éticas e promoções reais. Ações como o monitoramento de preços ao longo do ano e a comunicação clara sobre políticas de troca e devolução ajudam a construir uma reputação sólida.
Olhando para o futuro, a Black Friday no Brasil deve continuar evoluindo, impulsionada por tecnologia e pela busca por experiências mais significativas. O uso de inteligência artificial para personalização de ofertas, realidade aumentada para demonstrar produtos e campanhas com foco em sustentabilidade são tendências que já começam a moldar o cenário.
Além disso, o propósito está se tornando cada vez mais significativo. Os consumidores não buscam apenas preços baixos; eles gostariam de comprar de marcas que tenham os mesmos ideais. Em 2023, testemunhamos um aumento no número de negócios aproveitando o feriado da Black Friday para lançar iniciativas sociais, por exemplo, doando para APAs ou aumentando a conscientização sobre campanhas.
A Black Friday no Brasil percorreu um longo caminho desde os primeiros anos de sua introdução na região. Agora, é mais do que apenas uma data de vendas; é uma avenida para as marcas se envolverem de forma significativa com os consumidores e mostrarem os valores da marca enquanto oferecem uma ótima experiência aos clientes. Como alguém que testemunhou essa mudança de perto, posso dizer que ter sucesso na Black Friday exige estratégia e inovação e, mais importante ainda, o compromisso do cliente. Afinal, em um ambiente de competição acirrada, as marcas que se destacam são aquelas que sabem como converter vendas em relacionamentos.
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