O Google e a Microsoft estão em uma disputa acirrada para saber quem dominará o mundo da inteligência artificial. Ao testemunhar o sucesso do ChatGPT, da OpenAI, que foi financiado pela Microsoft, o Google entendeu que não pode ficar para trás. Primeiro, criou o Bard, que agora rebatiza de Gemini, com recursos ainda mais avançados. Seu modelo de inteligência artificial consegue entender ao mesmo tempo diferentes formatos, como textos, fotos, vídeos, áudios e códigos, ou seja, está muito mais apto a lidar com a complexidade da interação humana.
Em um teste de linguagem multitarefa, que incluiu a resolução de 57 disciplinas como matemática, história, direito e medicina, a New Atlas reportou que o Gemini obteve uma pontuação de 90%, enquanto o ChatGPT conquistou 86,4%, e especialistas humanos alcançaram 89,8%. Isso prova que sim, o Gemini tem melhores recursos de raciocínio e compreensão. O que não quer dizer, no entanto, que já tenha superado seu rival no quesito prático. A Microsoft oferece a tecnologia por meio do Copilot, que já vem dentro do pacote Office365, e tem conseguido impactar o mercado com muitos casos reais.
Além disso, o ChatGPT é extremamente sofisticado no processamento de linguagem natural. Certamente, uma grande vantagem do Google é ter toda a internet indexada em seus algoritmos, o que o fará agregar ainda mais valor aos seus produtos quando passarem a integrar o Gemini. Será possível pedir recomendações de restaurantes ao Maps, solicitar que o Youtube seja o DJ da festa, entre outros. O mais legal é que seu modelo de linguagem está sempre sendo atualizado com informações em tempo real.
Essa concorrência entre Microsoft e Google é saudável e acelera o crescimento do mercado. Assim como aconteceu com a computação em nuvem, que democratizou o acesso à tecnologia de ponta, permitindo que uma startup usasse os mesmos recursos que empresas grandes, a popularização das ferramentas de IA deve favorecer o empreendedorismo, com a criação de novos produtos, soluções e empresas.
Ao mesmo tempo, é importante levar em conta os possíveis riscos, já que esses recursos também estão mais disponíveis para cair em mãos erradas. Recentemente, golpistas induziram o funcionário de uma multinacional chinesa a pagar US$ 25 milhões depois de uma videoconferência falsa. Os criminosos captaram diversas imagens e sons dos colegas desse funcionário e usaram a tecnologia deepfake para criar avatares deles que pareciam reais, e que interagiram com o funcionário ao vivo durante a reunião virtual, recomendando que fizesse a transferência.
Está cada vez mais fácil recriar a realidade, e mais difícil distinguir o real do inventado. E é por isso que é imprescindível a criação de uma regulação forte, bem como fiscalização.
A cada passo que a IA dá, mais a utilizamos nas atividades do dia a dia sem nem nos darmos conta. Todo esse avanço tecnológico nos catapulta para novos tempos, a Era das Perguntas, na qual é mais importante saber questionar do que saber responder. A qualidade das informações acessadas depende do talento na hora de formular as perguntas.
É fundamental descobrir o que a máquina pode fazer melhor do que os humanos e entender como pedir isso a ela. É como se a IA fosse um funcionário ultraprodutivo, mas que precisa de comandos claros e supervisão. Ela está aprendendo a colaborar conosco e nós estamos aprendendo a colaborar com ela.
*Fernando Radunz é Diretor Executivo de Tecnologia e Pagamentos da Sodexo Benefícios e Incentivos no Brasil. Formado em Ciência da Computação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), possui ampla experiência em desenvolvimento de software, metodologias ágeis, segurança e infraestrutura. Acumula passagens no setor de varejo em empresas como B2W, Netshoes, Magazine Luiza. Já no setor financeiro, atou no Banco BMG, BS2, PagSeguro e Cielo, liderando as plataformas digitais e área de e-payments. Foi finalista do prêmio “CIO of the Year” pela IT Forum em 2021, pelo trabalho exercido como CIO do Banco BS2.
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