De muitas maneiras, a percepção global sobre as mudanças climáticas está ligada à atuação sustentável e ao impacto das marcas. Para 91% dos consumidores brasileiros ouvidos em uma pesquisa conduzida pela Getty Images, as empresas têm papel fundamental na solução dos desafios ambientais e sociais.
Agora, o assunto deixa de ser uma especulação e se torna uma urgência: 75% dos entrevistados percebem mudanças desencadeadas pelo descontrole climático no cotidiano. Estes consumidores esperam ver e ouvir mais de organizações que, até aqui, optam por manter uma postura discreta.

Este posicionamento, nomeado greenhushing, descreve marcas que deixam de comunicar ações sustentáveis por receio de críticas ou interpretações negativas – um silêncio que pode custar caro em função das novas expectativas dos consumidores.
Do outro lado da moeda, empresas que optam por falar sobre o tema precisam garantir o alinhamento entre o discurso e a prática. No Brasil, a desconfiança também é elevada: 81% dos consumidores questionam promessas ambientais feitas pelas marcas e 73% duvidam da autenticidade desses compromissos.

A questão imagética
O relatório também aponta transformações na representação visual da sustentabilidade. Em 2006, predominavam imagens simbólicas e distantes, como o drama enfrentado pelos ursos polares e o derretimento das geleiras. Entre 2018 e 2022, o foco passou a ser registros reais de impactos, como enchentes, incêndios e deslocamentos forçados.
Hoje, nota-se um retorno a representações mais genéricas, que sinalizam intenção, mas não um compromisso efetivo. Nesse cenário, a narrativa visual torna-se estratégica para reforçar – ou recuperar – a credibilidade das empresas.

Quando impactados por imagens associadas ao tema, 91% dos consumidores brasileiros valorizam a autenticidade acima da perfeição. Imagens reais, cruas, tendem a provocar impactos mais significativos do que fotos que miram a perfeição imagética.
Segundo Rebecca Swift, vice-presidente sênior de Criação da Getty Images, a pauta escancara um momento de transição. O consumidor está mais exigente, quer ver ação real e quer acreditar no que vê. A narrativa visual, quando bem construída, tem poder de gerar conexões significativas e influenciar decisões de marca.
Veja, abaixo, outros destaques do relatório
Equilíbrio entre realismo e esperança: 88% querem ver não apenas os problemas, mas também soluções sendo colocadas em prática.
Tecnologia como ferramenta – com responsabilidade: 92% acreditam que a IA pode ajudar no combate à crise climática, mas só 44% enxergam impacto claro na eficiência energética. As imagens devem mostrar tanto benefícios quanto limites.
Sustentabilidade como experiência cotidiana: 92% querem ver pessoas reais em contextos reais. Mostrar ações práticas, especialmente em comunidades vulneráveis, aproxima a narrativa e inspira comportamento.
Sustentabilidade como estratégia contínua - não campanha pontual: 87% dos consumidores querem ver marcas tratando o tema como parte de sua cultura e operação, e não como uma iniciativa isolada. A coerência visual entre propósito e posicionamento é essencial para gerar vínculos duradouros.
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