O que dizer - ou fazer - quando a criatividade ultrapassa o limite do aceitável para uma parte expressiva do público de uma empresa? Quais são os possíveis impactos gerados por uma parceria rejeitada pelos consumidores sobre a reputação de uma marca? Essas são algumas das perguntas levantadas a partir da reação dos internautas à nova campanha digital do Burger King, estrelada por Kid Bengala, ex-ator de filmes adultos.
Publicada na última quarta, dia 14, no Instagram do BK, a peça publicitária colecionava mais de 24 mil comentários, mas foi deletada pela rede na tarde desta quinta-feira, dia 15. Enquanto alguns usuários comemoram o emprego do humor na publicidade, a maioria deles se mostra contrária à parceria entre a rede de fast-food e o ator, cujas falas se baseiam em piadas de cunho adulto. O comentário mais curtido pelos que viram a postagem classificou a ação como “super desnecessária e vergonhosa”.
Outros usuários recorreram aos mecanismos legais para apontar os problemas da peça. Citando o Código de Defesa do Consumidor, um internauta destacou o artigo 37, que proíbe a veiculação de peças publicitárias que se beneficiam da deficiência de julgamento e experiência das crianças possivelmente impactadas pela ação.
O potencial efeito da propaganda sobre a inocência infantil é o núcleo da maioria dos comentários desfavoráveis ao comercial do BK. Diversos internautas argumentaram que os produtos da rede são amplamente consumidos por crianças e, portanto, a empresa deveria ter sido mais cuidadosa ao desenvolver o conteúdo.
No Instagram, o Mundo do Marketing levantou uma enquete colocando os usuários na posição de aprovar ou desaprovar a publicação da campanha. 65% dos respondentes disseram que não aprovariam a veiculação.
Criatividade compensa orçamento enxuto
Nos últimos anos, o Burger King se consolidou como uma referência de criatividade e inovação publicitária com campanhas que “colocam o dedo na ferida” e abordam temas sensíveis de forma bem-humorada, como a do Whopper em Branco, veiculada durante as eleições de 2018 e repetida durante as eleições de 2022.
Recentemente, a repercussão gerada pela contenda familiar protagonizada pela atriz Larissa Manoela e os pais também se transformou em combustível para a criatividade do BL. Na ocasião, a empresa firmou uma parceria com a artista para a campanha “O dinheiro é meu”, na qual Larissa apresentou o retorno da oferta King em Dobro. Em bate-papo com o Clube Mundo do Marketing, Juliana Cury, Vice-Presidente de Marketing e Vendas do Burger King, explicou que ao nortear os comerciais pela criatividade e pela relevância cultural, a marca consegue contrapor a falta de budget e tocar em assuntos relevantes para as pessoas, gerando uma exposição de marca muito grande. Naturalmente, muitas regras compõem o playbook do Marketing de Influência, mas uma delas se sobressai às demais: ao buscar um influenciador, marcas devem garantir que o escolhido esteja em sintonia com os valores e os princípios institucionais transmitidos aos consumidores. Este cuidado está diretamente ligado à construção de campanhas criativas e originais, capazes de aumentar a autenticidade percebida pelo público sobre uma marca. Leia também: Reputação das marcas é aspecto crucial para 73% dos consumidores online
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