Não há como negar que 2022 foi um ano atípico e turbulento para os consumidores. Os viajantes, particularmente atingidos, tiveram de manejar a alta inflacionária no setor do turismo – que, em julho, acumulava alta de 41% em um ano e elevava os custos das viagens nas férias, de acordo com levantamento do Conselho de Turismo da FecomercioSP – e a vontade de embarcar e conhecer novos lugares pelo mundo, reprimida após o tempo de confinamento.
Felizmente, há boas notícias também. A primeira delas é que a indústria, no Brasil, deve alcançar o nível de faturamento pré-crise no início do próximo ano. Uma pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que a expectativa é que as micro e pequenas empresas da área atinjam o patamar de estabilidade no primeiro semestre de 2023 e que, a partir do segundo semestre, consolide o crescimento e supere o montante de períodos anteriores.
A projeção otimista para o próximo ano se repete em diversos países: nos Estados Unidos, por exemplo, espera-se que volume de viagens domésticas a negócios atinja os 96%; o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) já afirmou que o setor será uma importante alavanca para a economia em Portugal, ultrapassando os níveis pré-pandêmicos.
Até a recuperação completa, precisamos aprender a lidar com um público ansioso para voltar a sair de casa com mais frequência, mesmo que isso signifique gastar um pouco a mais com o lazer. O momento é uma grande oportunidade para perceber tendências e traçar estratégias de marketing capazes de capitalizá-las.
A disposição para gastar em viagens
No início de 2022, os desejos em relação às viagens nacionais e internacionais já eram nítidos – aproximadamente 43% das pessoas estavam poupando para viajar no curto prazo. Agora, a menos de dois meses para o Natal e o Réveillon, a busca por passagens aéreas entre os brasileiros registra um “boom”. De acordo com dados de três das principais agências de viagens do país, a procura por viagens aumentou 220% nas últimas semanas de outubro, em comparação com o mesmo período de 2021, e a despeito do aumento das tarifas.
A experiência que importa
Diante deste cenário, a experiência do cliente torna-se mais importante do que nunca. Se você quer ganhar fidelidade à sua marca, precisa oferecer jornadas que encantem o público, do começo ao fim. Um exemplo que posso usar, considerando este cenário, é uma a campanha recente que desenvolvemos, com o mote “Volta ao mundo: 5 continentes, 6 moedas, 1 cartão”, onde trouxemos o lúdico e o desejo em torno da experiência de fazer uma viagem longa, passando por diversos continentes, mostrando ao cliente que é possível fazer isso com apenas um cartão em mãos. Ou seja, conveniência e praticidade combinadas para quem está ávido por novas experiências depois de uma longa espera.
Grande parte dos viajantes estão em busca de serviços intimistas e seguros. Operadores de estabelecimentos estão numa posição ideal para explorar esses desejos: sai na frente quem promove atendimento que atenda às necessidades individuais, personalizadas, por mais simples que sejam. Outra tendência que veio para ficar é a dos serviços sem contato. Check-in realizados em dispositivos móveis ou pedir comida via QR code, por exemplo.
Viajantes espontâneos buscarão mais ofertas de última hora
Se é difícil fazer planos concretos, levemos às restrições associadas a viagens a um patamar de resiliência que encoraje o público a tomar decisões aos 45 minutos do segundo tempo. A facilidade para cancelar ou para efetivar uma viagem precisa ser levada em consideração – um estudo da Expedia nos Estados Unidos, aliás, apontou que um quarto dos entrevistados está aberto a abraçar o improviso e ser mais flexível.
Por fim, dados e tecnologia
Os profissionais de marketing devem se atentar ao investimento em tecnologia para atender às crescentes demandas dos consumidores. A busca por soluções inovadoras por si só é um sinal positivo de recuperação – também é um lembrete gritante de que os retardatários correm o risco de ficar para trás se não agirem desde já.
As conversas que ocorrem enquanto clientes fazem suas reservas ou simulações (de câmbio, hotéis, restaurantes e atrações) são uma mina de ouro de dados primários que permitem a otimização de esforços e a redução dos custos de aquisição. Ao mesmo tempo, fornecem experiências de alto nível para os consumidores.
Enxergo os próximos meses com otimismo. A expectativa para o verão é a melhor possível: com uma recuperação mais plena e o incentivo certo, os viajantes vão voltar a carimbar o passaporte num ritmo pujante, daqueles que aceleram toda a indústria.
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