É a terceira vez consecutiva que eu participo do Rio2C, maior evento de criatividade da América Latina, realizado no Rio de Janeiro, de 04 a 09 de junho. A edição deste ano está com 13 palcos, cerca de 1,6 mil palestrantes, 2 mil empresas e mais de 430 atividades para serem realizadas. As palestras costumam ser divididas em segmentos e, entre trinta segmentos, um deles é totalmente destinado a creator economy.
A partir desse dado, o InstitutoZ, braço de pesquisa da Trope (consultoria de geração Z na qual sou fundador), produziu uma análise das atividades referentes ao segmento de creator economy, constatando que são 51, o que representa 11% do total. Dentro dessas 51 atividades, 37 são palestras (72%), 8 são pitchings (16%), 4 são momentos de bate-papo com empresas (8%), 1 encontro (2%) e 1 workshop (2%).
Neste caso, como as palestras representam a maioria das atividades voltadas para a creator economy, resolvi entender a motivação dos assuntos abordados. Para isso, selecionei alguns critérios, como tecnologia, necessidades básicas do consumidor, agentes de mudança, macrotendência, megatendências e se impactam a Geração Z e Alpha. Elenquei os resultados abaixo:
Tecnologia
Mais da metade das palestras tinham a tecnologia como um dos assuntos principais. Dentro da porcentagem, 33% (12 palestras) focaram em tecnologias já consolidadas, como redes sociais; 19% (7 palestras) apresentaram dicas de adaptação a novas tecnologias; 5% (2 palestras) falaram sobre Inteligência Artificial.
Necessidades básicas do consumidor
Os tópicos que dominaram o segmento foram a definição de comunidade, dicas de como criá-las e sua importância, estando presente em 22 palestras (23%). A segunda necessidade básica foi a autenticidade, presente em 19 palestras (20%). Após essas duas, tivemos a conexão, em 14 palestras (14%).
Agentes de mudança
Em 25% das palestras (15) o agente de mudança que mais apareceu foi ‘novos modelos de negócios’, onde as discussões foram sobre como antecipar/criar tendências e como criar/se adaptar a novos modelos de negócios. Em seguida veio a transparência e a ética (trazendo conversas sobre sustentabilidade durante as mudanças tecnológicas, inclusão racial e direitos autorais de samples) e mídias sociais (algoritmos e viralização, aumentar o engajamento online e criar fãs para gerar relevância) com 7 palestras para cada, com 13%.
Macrotendências
Novas oportunidades de negócios e inovação foram o foco de 15 palestras (41%), que abordaram profissionalização e a importância da criatividade e inovação na criação de conteúdo. Em seguida o foco foi para a conexão, que apareceu em 6 palestras (16%), abordando formação e engajamento de fãs e algoritmos. Em terceiro lugar ficou a IA e avanços tecnológicos, que apareceram em 5 palestras (13%), onde foi discutido formas de utilizar de maneira responsável e como os humanos podem construir uma relação afetiva com a IA.
Megatendências
Evolução da internet e conexões verdadeiras apareceram em 7 palestras cada (22% cada). Inteligência artificial, valores, controle e adaptação também tiveram o seu momento, sendo três palestras para cada (9% cada). As megatendências se cruzam com os assuntos abordados nas macrotendências e nos agentes de mudança.
Impactam a Geração Z e Alpha
Apesar dos temas das palestras estarem direcionados para a creator economy de forma geral e não para uma geração específica, cerca de 54% das palestras podem se conectar com temas que a GenZ e Alpha costumam discutir, como conexão, comunidades e tecnologias.
Como sempre, além das palestras, o evento tem momentos para networking, sessões de apresentações de pitchings, onde as pessoas apresentam suas ideias de negócios e produções audiovisuais para produtores do mercado, e também conversas com grandes empresas como Globo, Netflix e Disney.
O fato é que nos últimos anos, o segmento da creator economy vem crescendo cada vez mais, principalmente durante eventos, e isso acontece porque é uma pauta que representa investimento. Segundo dados de um estudo da Goldman Sachs Research, são mais de 20 milhões de creators no Brasil e a creator economy pode valer US$ 480 bi até 2027.
A partir deste cenário, as empresas passam a fazer uma busca maior por entendimento do setor, com o objetivo de saberem qual é o real impacto de ações com criadores de conteúdo em resultados de negócio. Essa virada de chave é bem importante e positiva para a área, que possui um grande leque de possibilidades.
*Luiz Menezes é fundador da Trope, uma consultoria de geração Z que ajuda marcas a rejuvenescerem suas estratégias de negócio. Aos 24 anos, Luiz é nativo digital, creator, apresentador, empresário e empreendedor. Presente no mercado e atuando na área de comunicação há 8 anos, o especialista acumula experiência em organização de eventos voltados à cultura pop e geek, prestação de serviços de marketing de influência e digital PR para grandes marcas, como Mondelez, Meta, Itaú, Ecossistema nima, P&G, Embelleze, entre outras.
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