Deixar as redes sociais é um impulso que já passou pela cabeça de muitos brasileiros. E não faltam motivos para o começo de um possível detox digital. Um relatório publicado recentemente pela Gartner mostra que a quantidade de desinformação presente nas redes e o medo de que o uso exacerbado de ferramentas de Inteligência Artificial diminua a autenticidade do conteúdo nas plataformas aparecem como dois dos principais fatores que alimentam o desejo de manter distância da internet.
Em função disso, o relatório prevê que até metade dos consumidores globais poderão limitar significativamente as interações nas redes sociais até o ano que vem. Mas para Satye Inatomi, sócia-fundadora da Jahe Marketing, embora a notícia pareça catastrófica para empresas que investem cada vez mais no Marketing nas redes sociais, a possível debandada poderá trazer novas oportunidades de negócios.
Partindo da constatação de que um dos principais fatores de desencorajamento ao uso das redes digitais é o uso desmedido e irresponsável de ferramentas de IA, como o ChatGPT, Inatomi afirma que o primeiro passo, ou lição imediata, é que as empresas precisam de algum comedimento na hora de aplicar ferramentas generativas no processo de criação de conteúdo.
Outro problema, na visão da executiva, orbita ao redor da noção de que as ferramentas de IA generativas não possuem a fagulha necessária para encantar e conquistar novos clientes, pois não são capazes de reproduzir a criatividade humana.
Por outro lado, Inatomi concorda que as ferramentas de IA e automação precisam ser estudadas e incorporadas ao dia-a-dia das companhias, já que contribuem para a produtividade e a inovação nas atividades cotidianas.
Unindo o melhor dos dois mundos
Para Thaís Faccin, também sócia da Jahe Marketing, o primeiro passo para se preparar para um cenário de redução do uso das plataformas sociais é reconhecer e entender a existência de outros canais de comunicação. Neste panorama, estes canais passariam a concentrar os principais focos de atenção e esforços direcionados pelas marcas aos consumidores.
Faccin ressalta que a escolha dos canais mais apropriados deve ser condicionada pela observação e seleção dos que trazem os melhores resultados para casa. Adicionalmente, é preciso focar esforços nas plataformas que realmente retornem o investimento deixado sobre elas.
Neste panorama, os programas de fidelidade aparecem como uma solução interessante para as marcas que não querem manter a clientela ao alcance dos olhos. No Brasil, quase 47% dos consumidores são mais fiéis às empresas que mantêm um programa de fidelidade, conforme apontam dados divulgados pela Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização.
Outro trunfo possível é o e-commerce. Segundo Faccin, os brasileiros cada vez mais se convencem de que as lojas online têm preços mais baixos do que as lojas físicas, e como estão bastante conectados, gostam de ficar de olho nas promoções.
O ideal, segundo a Jahe Marketing, é que as empresas invistam em uma estratégia de Marketing e vendas que leve em conta o perfil do consumidor e outras ferramentas, como aquelas que automatizam algumas iniciativas de comunicação – a exemplo do envio de emails ou dos chatbots.
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