As redes sociais continuam sendo a ferramenta mais importante quando se trata da prática jornalística, segundo a quarta edição do Panorama do Jornalismo na América Latina, produzida pela Latam Intersect PR. A maior proporção (61,5%) dos jornalistas entrevistados considera que as redes sociais da organização onde trabalham se adequam melhor a esse papel, proporção semelhante ao ano anterior (62,3%).
Uma surpresa é que o Twitter/X parece se manter firme, por enquanto, como a plataforma preferida dos jornalistas para descobrir notícias de última hora. "Com todo o interesse recente em Threads como alternativa ao Twitter/X, foi interessante descobrir que quase dois terços (62,9%) dos jornalistas latino-americanos usam a função de tópicos trending do Twitter/X para sugerir histórias 'pelo menos uma vez por semana' (32,5%) ou 'uma vez por mês' (30,4%). Compare isso com Threads, aos quais menos de um terço (29,4%) dos jornalistas latino-americanos prestam atenção ao criar histórias", comenta Claudia Daré, cofundadora e diretora da agência de relações públicas.
A pesquisa também destacou descobertas interessantes no uso das redes sociais por parte dos jornalistas, que variam consideravelmente de um país para outro. Apenas 7,3% dos jornalistas chilenos usam Threads para criar histórias, a proporção mais baixa da região. No entanto, quase metade (46,2%) dos jornalistas brasileiros usa Threads para criar histórias.
“Acontece que 40,4% dos jornalistas brasileiros 'nunca' usam a função de 'temas trending' do Twitter/X para encontrar histórias, a proporção mais alta entre todos os países. Ao mudar do Twitter/X para Threads, o Brasil poderia estar liderando enquanto outros seguem? Teremos que esperar e ver", aponta Claudia.
Novas Tecnologias
Enquanto 82% dos jornalistas latino-americanos consideram que a inteligência artificial é útil para o seu trabalho, quase um terço (29,9%) daqueles com idade entre 18 e 25 anos a considera uma “ameaça”, a proporção mais alta de qualquer grupo etário. Pouco menos de um terço (31,8%) dos jornalistas utiliza inteligência artificial “todos os dias” ou “pelo menos uma vez por semana”, outro terço (35,6%) a utiliza raramente “uma vez por mês” e um terço final (32,6%) “nunca” a utiliza.
"A rápida adoção da inteligência artificial entre os jornalistas do continente não é exatamente uma surpresa, dado que se estima que cerca de 10% do tráfego para o ChatGPT provém da América Latina, mas foi esclarecedor ver a variedade de usos que essa profissão já está encontrando para ela", explica Roger Darashah, cofundador e diretor da Latam Intersect.
Embora seja verdade que uma minoria significativa (34,8%) relata que não a utiliza de forma alguma, os dois terços restantes dos jornalistas informam que utilizam a inteligência artificial para uma ampla variedade de propósitos profissionais, sendo “insights/pesquisa” (25,1%) o mais popular, seguido por “tradução de texto” (22%), “outros” (21,6%), “edição” (16,8%) e “redução de textos” (13,6%). “Esses dados aconteceram em menos de doze meses; imagine como serão os resultados da pesquisa no próximo ano”, enfatiza Roger.
"Nos últimos três anos, vimos como esta profissão continua a se adaptar e evoluir com notável resistência e engenhosidade, e isso impacta diretamente os leitores de notícias. Assim, embora a inteligência artificial e as redes sociais continuem a ter um grande impacto em nossas vidas, confiamos no continente da América Latina e em seus brilhantes jornalistas para continuarem na vanguarda desta nova era de produção e consumo de notícias”, conclui Claudia.
Trabalho Remoto
Essa modalidade de trabalho continua sendo uma prática que não deve mudar. Três anos após o início da pandemia da Covid-19, a maior proporção (44,4%) dos jornalistas latino-americanos que participaram da pesquisa ainda trabalha remotamente, com um pouco menos (42,1%) trabalhando de forma híbrida e a menor proporção (13,5%) trabalhando presencialmente.
Em comparação com 2022, a proporção de jornalistas no continente que trabalhavam em redações aumentou ligeiramente (de 11,6% para 13,5%) e mais da metade (51,8%) trabalha principalmente em casa. Isso é ligeiramente menos do que em 2022 (57,6%), com mais jornalistas trabalhando principalmente na rua (de 12,4% em 2022 para 17,9% em 2023). Essa maneira de lidar com as atividades diárias demonstra uma tendência dos jornalistas de manter atividades online, como entrevistas e eventos virtuais.
Leia também: Creators estão na mira de investimentos de 92% das marcas, aponta pesquisa
COMPARTILHAR ESSE POST