A NRF 2025 trouxe à tona um futuro do varejo que vai muito além de produtos e serviços. A necessidade das marcas se conectarem com o consumidor em um nível mais profundo foi o grande tema que transitou pelos três dias de evento, destacando a importância de oferecer experiências autênticas e gerar identificação com as diferentes gerações de consumidores.
Inteligência Artificial, omnicanalidade e propósito guiaram as discussões, mas o centro de tudo é claro: varejo não é apenas sobre vender, é sobre transformar a jornada de compra em uma experiência que reflete diversos estilos de vida e valores.
O uso prático da Inteligência Artificial: além do hype
A IA foi um dos tópicos mais comentados já no ano anterior, mas o diferencial desta edição foi a apresentação de exemplos concretos de como essa tecnologia já está revolucionando o setor. Entre as iniciativas, vimos como o Starbucks otimiza o tempo de preparo e entrega em momentos de pico, enquanto a Levi’s utiliza a IA para personalizar buscas e recomendações em seu e-commerce. Além disso, a American Girl e a Reebok mostraram como integrar realidade aumentada e IA nas lojas pode transformar a experiência de compra.
A conexão entre IA e realidade aumentada permite, por exemplo, que o consumidor experimente produtos virtualmente ou recebam sugestões com base em suas preferências anteriores. Essas soluções não só se refletem nas vendas, mas também criam vínculos emocionais, levando o cliente a se identificar mais profundamente com a marca.
Como destacou John Furner, Presidente do Walmart nos EUA, a implementação da IA é um processo complexo, mas essencial para atender às expectativas de um público cada vez mais exigente e conectado. O recado é claro: mais do que uma ferramenta, a IA é um meio para construir experiências únicas que fidelizam e transformam.
Conexão emocional e identidade de marca
Marcas como Rare Beauty, Tommy Hilfiger e PATTERN Beauty trouxeram lições valiosas sobre como a conexão emocional pode ser um grande diferencial. Katie Welch, da Rare Beauty, destacou o uso de plataformas como o TikTok para criar narrativas autênticas que ressoam com a Geração Z. Seu compromisso com a saúde mental e a autoaceitação se traduz em um forte apelo emocional, que ultrapassa a simples função de seus produtos.
Tommy Hilfiger, por sua vez, reforçou a importância de um legado autêntico aliado à inovação tecnológica. Sua marca, que há décadas conecta moda, música e arte, permanece relevante porque consegue se adaptar às novas demandas do mercado sem perder sua essência.
Já Tracee Ellis Ross, da PATTERN Beauty, mostrou como desafiar padrões tradicionais e celebrar a diversidade pode criar espaços inclusivos e engajantes. Sua marca, centrada em cabelos texturizados, é um exemplo de como atender a nichos ainda subestimados pode ser uma estratégia poderosa.
Perspectivas econômicas globais e o varejo
Falando sobre as perspectivas econômicas para 2025, David Solomon, CEO do Goldman Sachs, destacou como a inovação tecnológica pode ser um incentivador para transformar não apenas a produtividade econômica, mas também a maneira como os consumidores interagem com as marcas.
Em um varejo que busca se conectar com o estilo de vida e os propósitos do cliente, a inteligência artificial generativa surge como uma ferramenta essencial para personalizar experiências, antecipar necessidades e entregar valor de forma mais eficiente. Estudos do Goldman Sachs preveem que essa tecnologia poderá aumentar a produtividade americana em 1,5% ao ano, criando oportunidades para que empresas do setor adaptem suas estratégias de acordo com tendências globais e locais.
No entanto, Solomon também destacou a importância de equilibrar inovação com responsabilidade social. A pressão inflacionária sobre itens essenciais como alimentos ressalta a necessidade de políticas inclusivas e acessíveis, alinhadas ao propósito de muitas marcas que buscam impactar positivamente a sociedade. Para o varejo, isso implica abraçar cadeias de suprimento mais resilientes e transparentes, promovendo não apenas eficiência, mas também confiança do consumidor.
Experiência integrada
Para as novas gerações, as experiências precisam ser fluídas e coerentes, independentemente do canal. Marcas como Reebok e American Girl estão liderando esse movimento ao transformar lojas em espaços interativos e ao usar redes sociais para complementar a experiência.
A campanha “Wear Your Story” da Reebok exemplifica essa tendência. Além de destacar produtos, a campanha celebra a individualidade e convida os consumidores a fazerem parte de uma comunidade. O mesmo vale para a American Girl, que transforma suas lojas em destinos para eventos personalizados, criando momentos significativos que vão muito além da compra.
Vender mais do que produtos: um estilo de vida
O principal aprendizado da NRF 2025 é que o varejo do futuro não é apenas transacional, mas aspiracional. O consumidor não quer apenas comprar, ele quer se identificar com uma história. Seja na loja ou nas redes sociais, as marcas precisam oferecer experiências autênticas que gerem conexão e fidelidade.
Com isso em mente, a mensagem da NRF é: o futuro pertence às marcas que conseguem equilibrar tecnologia, autenticidade e empatia. Transformar produtos em experiências, vendas em relações e consumidores em comunidades é o caminho para liderar em um mercado cada vez mais competitivo.
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