As vantagens de unir acordes e publicidade já é um caminho conhecido para captar a memória, emoção e identificação do consumidor. Os tempos fluídos, proliferados por novos canais de comunicação, expandiram o valor da sonoridade para além das propagandas veiculadas em rádio e TV e trouxeram à música um patamar estratégico de valor tangível e intangível às marcas.
Se alguém ainda duvidava do poder da música como ferramenta para as marcas ativarem seus produtos e negócios, parece que um certo comercial de TV, aquele lá do carro, deixou essa visão mais fácil. Brincadeiras à parte, a ativação de Elis cantando com a filha compreende a força musical em conectar pessoas, etapa que nem todo emissor consegue entregar.
Quantas vezes aquele som que ouvimos no carro - hoje em nossos dispositivos móveis – não nos transportou para sensações do passado? E Toquinho cantando “Aquarela”? Aposto que ao ler esta frase veio em sua memória imagens de um lápis de cor fazendo, com cinco ou seis retas, um castelo.
Em tempos da retomada do presencial, marcado pela magia da experiência, a música é o ponto de confluência para as marcas construírem pontes com o público. As ferramentas são as mais variadas e vão além da trilha sonora e do evento ao vivo.
Nesse contexto, entendemos que a música pode ser usada em diversos cenários, endereçando necessidades de cada camada do bom e velho funil de conversão. E pode anotar: mexe ponteiro em vendas, posiciona marcas, aumenta consideração de produtos e serviços, conecta com colaboradores, projetos sociais e por aí vai.
Porém, para potencializar e, sobretudo, praticar essas forças, o primeiro passo prático é desenhar estratégias multidisciplinares que demarcam um território proprietário da marca dentro da música. É um percurso lapidado caso a caso, mas que precisa ter paradas obrigatórias.
O início da jornada é, traçar conexões com a marca. A cadência segue em mapear tendências, entender contextos, para posicionar a música como movimento cultural e fruto de um momento. Não é uma atitude gratuita. Não basta deixar a antena ligada, tem que se despir de preconceitos. Porque o novo sempre vem, como já cantou Elis lá atrás bem antes de guiar uma Kombi na propaganda.
E para o novo vir é necessário ampliar o número de ferramentas em que a marca pode oferecer parcerias com artistas. Dentre as possibilidades estão patrocínios de shows, ativações em festivais e ampla produção de conteúdo. O importante é entender o que cada uma delas pode gerar para cada marca.
Nem toda marca terá um gênero musical para chamar de seu. E está tudo bem! Quando falamos sobre território, pode ser que alguns leitores entendam que isso significa entrar de cabeça em um estilo musical, entretanto este não é sempre o melhor caminho. E vida que segue: a magia está na mistura de sonoridades.
Para embalar toda esta estratégia nesta hora, a narrativa é primordial. É o fio condutor estabelecido para criar uma história proprietária para a marca (sabe a Elis cantando com a Maria Rita? Essa foi a narrativa inicial elaborada para contar as sete trajetórias da marca automobilística). Não importa o formato ou a ocasião, não existe música sem geração de conteúdo acoplada a ela.
O desafio para a mais justa adequação entre música e mensagem está em percorrer todo o percurso narrativo, combinando ferramentas e entendendo contextos para estar presente nesse universo. Dada isso...Pronto! Conseguiremos chegar no coração do problema da marca e melhor: com uma ótima ferramenta de segmentação.
E, por fim, assim como toda música, show e festival que nos marcou, construir memórias precisa ser o destino dessa jornada. Porque não existe recall melhor do que a emoção que a música é capaz de provocar. É tempo de musicalizar e compartilhar coisas que aprendemos nos discos!
*João Paulo Affonseca é CEO da Musicalize, empresa de Music Business do Grupo Dreamers
COMPARTILHAR ESSE POST