<p><strong>Marketing na Ponta do L&aacute;pis</strong></p><p>Marcelo Miyashita*<br /><br />No primeiro artigo publicado no Mundo do Marketing, &ldquo;Ponto de Virada. Investir em marketing &eacute; exig&ecirc;ncia para crescer&rdquo;, tratei da necessidade da aplica&ccedil;&atilde;o correta, planejada e ponderada de a&ccedil;&otilde;es de marketing e vendas. Argumentei que o dom&iacute;nio deste conhecimento pode ser fator decisivo para o crescimento de um neg&oacute;cio. Sim, uma empresa pode surgir e crescer sem marketing estruturado &ndash; mas at&eacute; certo ponto. A partir da&iacute;, o empreendedor precisar&aacute; trat&aacute;-lo de modo menos intuitivo e mais t&eacute;cnico. Precisar&aacute; aprender, conhecer, assimilar e contratar atividades de marketing com mais controle, para conseguir bons resultados pelo menor custo e com o m&iacute;nimo de desperd&iacute;cio de a&ccedil;&otilde;es e verba.</p><p>A&iacute; come&ccedil;a o segundo passo do empres&aacute;rio rumo ao marketing e &agrave; cria&ccedil;&atilde;o de vantagens competitivas frente aos concorrentes. Neste segundo ato, tr&ecirc;s novos desafios: o que mudar necessariamente, que a&ccedil;&otilde;es desenvolver prioritariamente e onde investir adequadamente. Os dois primeiros s&atilde;o cumpridos com uma boa an&aacute;lise, com vis&atilde;o estrat&eacute;gica e conhecimento do mix de marketing (formada basicamente por: marca e imagem; produto e servi&ccedil;o; precifica&ccedil;&atilde;o e pol&iacute;tica comercial; distribui&ccedil;&atilde;o e canais de venda; comunica&ccedil;&atilde;o e relacionamento). Desde que este estudo seja feito mesclando experi&ecirc;ncia com conhecimento mercadol&oacute;gico - que pode ser contratado e desenvolvido por profissionais - as conclus&otilde;es do que mudar e de que a&ccedil;&otilde;es desenvolver n&atilde;o costumam ser dif&iacute;ceis. O que vai definir realmente uma aplica&ccedil;&atilde;o eficaz das t&eacute;cnicas de marketing &eacute; o terceiro desafio: onde investir de modo adequado, poss&iacute;vel e, principalmente, mensur&aacute;vel. </p><p>Afinal, investir em marketing &eacute; como qualquer outro investimento financeiro - estamos falando de aplica&ccedil;&atilde;o de dinheiro para a gera&ccedil;&atilde;o de lucro. Marketing deve sempre ser visto sob esta &oacute;tica. Nos tempos de alta competitividade e baixas margens, empres&aacute;rio que se d&aacute; ao luxo de aplicar sem medir efic&aacute;cia certamente n&atilde;o obter&aacute; retorno e nem crit&eacute;rios para decis&otilde;es futuras. Portanto, perder&aacute; dinheiro, vendas adicionais e, o pior, a possibilidade de aprender a decidir onde investir. </p><p>Neste artigo quero me concentrar neste lado da moeda: o aporte financeiro e sua mensurabilidade, para o aprendizado de como investir em marketing de modo rent&aacute;vel, criando m&eacute;tricas, medidas e m&eacute;todos de investimento. </p><p><span class="texto_laranja_bold">Fa&ccedil;a as contas por cliente</span><br />Quando tratamos de mensurar investimentos, abordamos a gest&atilde;o financeira da organiza&ccedil;&atilde;o, o controle da lucratividade nas vendas e tamb&eacute;m nos clientes. As duas primeiras &aacute;reas j&aacute; s&atilde;o trabalhadas em qualquer empresa - ou deveriam ser. Um bom acompanhamento cont&aacute;bil com controles organizados de fluxo de caixa d&aacute; uma perspectiva ao empres&aacute;rio da situa&ccedil;&atilde;o real do seu neg&oacute;cio e sua lucratividade detalhada, por linha de produto e canal de venda, com descri&ccedil;&atilde;o de cada custo e sua origem. No geral, a contabilidade influencia muito o empreendedor na sua tomada de decis&atilde;o. E quando tratamos de decis&otilde;es de marketing essa influ&ecirc;ncia deveria ser maior, pois o terceiro desafio &eacute; mais cr&iacute;tico que os dois primeiros. </p><p>Como consultor e trabalhando para v&aacute;rias empresas em diversos mercados, tenho observado que muitas decis&otilde;es de marketing sobre quanto, quando e onde investir, se d&atilde;o por uma conta simples que determina um percentual chamado, por vezes, custo ou contribui&ccedil;&atilde;o de marketing. Extra&iacute;do das vendas ou da previs&atilde;o de vendas, alimenta-se um fundo de caixa denominado budget, que por fim define os investimentos num tempo determinado. </p><p>H&aacute; dois furos neste racioc&iacute;nio. Primeiro porque considera toda a venda e seus compradores pelo n&uacute;mero geral. Nesta linha n&atilde;o importa se h&aacute; clientes que compram muito e outros que quase n&atilde;o oferecem lucro; a verba &eacute; definida pela m&eacute;dia, o que provoca uma distor&ccedil;&atilde;o sobre valor e import&acirc;ncia de cada cliente. Ali&aacute;s, essa vis&atilde;o pela &ldquo;m&eacute;dia&rdquo; faz parte do pensamento tradicional que enxerga tudo deste modo: perfil m&eacute;dio de p&uacute;blico, m&eacute;dia de audi&ecirc;ncia, m&eacute;dia de retorno, m&eacute;dia de satisfa&ccedil;&atilde;o... </p><p>O segundo furo &eacute; conseq&uuml;&ecirc;ncia. A mensura&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m &eacute; realizada pela m&eacute;dia, cruzando investimentos com resultados gerais. &Eacute; por isso que muitos empres&aacute;rios s&oacute; sabem se deu ou n&atilde;o resultado, mas n&atilde;o onde ganhou ou perdeu. Esse &ldquo;onde&rdquo; n&atilde;o se refere &agrave; linha de produtos ou canal de vendas - isso a contabilidade apresenta &ndash; a quest&atilde;o &eacute; saber com quais clientes se obteve mais resultados e por quais meios de marketing. </p><p>Quando observamos investimentos em marketing pela m&eacute;dia, corremos o risco de tirar conclus&otilde;es gerais sobre tudo, ou seja, se investimos R$ 1.000 e conseguimos R$ 10.000 de resultado com 100 clientes, ent&atilde;o cada cliente comprou em m&eacute;dia R$ 100 e o investimento m&eacute;dio por cliente foi de R$ 10. S&oacute; que se olharmos com mais cuidado podemos descobrir que dos 100 clientes, 20 compraram R$ 8.000 e os outros 80, R$ 2.000. Se conseguirmos identificar estes 20 maiores compradores, ao inv&eacute;s de investir R$ 1000, poderemos investir apenas R$ 200. Por que gastar R$ 800 com quem s&oacute; d&aacute; R$ 2.000 de resultados? Indo al&eacute;m, com os melhores clientes podemos investir at&eacute; mais, porque eles representam muito do resultado da companhia. Proporcionalmente, podemos investir at&eacute; R$ 800 neles. Quatro vezes mais do que o c&aacute;lculo pela &ldquo;m&eacute;dia&rdquo;! &Oacute;bvio que esses c&aacute;lculos s&atilde;o suposi&ccedil;&otilde;es, mas ilustram o perigo de se enxergar os investimentos em marketing pela m&eacute;dia. </p><p>Evitando isso o empres&aacute;rio orienta melhor o uso do budget e constr&oacute;i uma base cont&aacute;bil em que o cliente n&atilde;o &eacute; visto s&oacute; pela sua compra, mas pelo seu hist&oacute;rico e seus h&aacute;bitos, como, por exemplo, freq&uuml;&ecirc;ncia, &eacute;poca de compra, combina&ccedil;&atilde;o de produtos adquiridos e forma de pagamento. S&atilde;o estas realidades que muitas planilhas montadas pela &ldquo;m&eacute;dia&rdquo; escondem. </p><p>Portanto, deve-se saber fazer a conta por cliente. Enxergar que n&atilde;o existem consumidores e compras m&eacute;dias, existem consumidores com perfis de consumo diversos onde, dentro de uma carteira, podemos segment&aacute;-los em grupos menores e assim analis&aacute;-los separadamente. Esta vis&atilde;o por segmento, se localizada, evita a distor&ccedil;&atilde;o provocada pela m&eacute;dia e traz uma realidade mais l&oacute;gica sobre o investimento em marketing. </p><p>Tendo em m&atilde;os o real valor de cada cliente, temos o chamado LTV (Lifetime Value) que dar&aacute; a verdadeira import&acirc;ncia de cada cliente e apresentar&aacute; onde efetivamente est&aacute; o lucro na carteira &ndash; quem &eacute; a nata que deve receber mais aten&ccedil;&atilde;o, pois apresenta os maiores resultados e efetivamente garante melhor retorno. Ent&atilde;o, nada de gastar dinheiro com o consumidor pela m&eacute;dia do p&uacute;blico, isso faz uma companhia aplicar esfor&ccedil;os em quem oferece poucas possibilidades estat&iacute;sticas de retorno. Contabilmente, um p&eacute;ssimo neg&oacute;cio. </p><p><span class="texto_laranja_bold">Monitora&ccedil;&atilde;o de clientes e mensura&ccedil;&atilde;o de investimentos</span><br />Muitas redes de varejo oferecem aos seus clientes cart&otilde;es de financiamento com benef&iacute;cios de cr&eacute;dito e parcelamento, buscando uma receita adicional via ganhos financeiros, mas tamb&eacute;m com objetivo de conseguir monitor&aacute;-los. Saber quem s&atilde;o e como consomem garante uma vis&atilde;o localizada e customizada e pode orientar melhores decis&otilde;es de marketing. </p><p>O cart&atilde;o para a loja traz essa vis&atilde;o estrat&eacute;gica, com isso supermercados escolhem melhor que produtos colocar nas suas prateleiras e onde lan&ccedil;ar novas lojas; bancos e empresas de cr&eacute;dito criam servi&ccedil;os, atendimentos e at&eacute; novas bandeiras para clientes valiosos; livrarias criam programas de relacionamento com benef&iacute;cios exclusivos; e mais recentemente, postos de gasolina aproximam-se de seus clientes numa tentativa de gerar relev&acirc;ncia e diferencia&ccedil;&atilde;o para sua marca. </p><p>Quando temos &agrave; disposi&ccedil;&atilde;o informa&ccedil;&otilde;es sobre nossos clientes - seu perfil, atitude e consumo &ndash; temos a chance de fazer marketing na ponta do l&aacute;pis, mais dirigido, e com a&ccedil;&otilde;es mensur&aacute;veis. E, o melhor de tudo, aprendemos a investir pela observa&ccedil;&atilde;o de resultados anteriores, criando m&eacute;tricas, modelos e estrat&eacute;gias de investimento com mais previsibilidade. Fa&ccedil;a as contas.</p><p>*Marcelo Miyashita &eacute; consultor e palestrante da Miyashita Consulting, professor da Trevisan Escola de Neg&oacute;cios e da Faculdade C&aacute;sper L&iacute;bero. Seu e-mail &eacute; <a href="mailto:marcelo@consultoriademarketing.com.br">marcelo@consultoriademarketing.com.br</a></p>
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