Em greve desde o dia 2 de maio, a Writers Guild of America, associação de sindicatos que representam os roteiristas na indústria cinematográfica estadunidense, ganhou no último dia um reforço de peso: a participação dos atores.
Juntos, os grupos buscam a atualização dos contratos de trabalho, o que inclui a melhoria e parcelas justas sobre os direitos autorais das produções distribuídas pelas plataformas de streaming. Além disso, ambas as categorias pedem revisões significativas sobre o uso da Inteligência Artificial no cinema.
Os pleitos, no entanto, dependem de um acordo bilateral com a Alliance of Motion Picture and Television Producers, um conglomerado da indústria cinematográfica, que representa os principais estúdios e plataformas de streaming de Hollywood.
Até aqui, as tratativas encontraram imbróglios e terminaram sem o fechamento de um acordo - e isso pode impactar significativamente o mercado publicitário. Especialistas ouvidos pelo portal The Drum apontam que, caso a greve se prolongue, os players de mídia encontrarão dificuldades para atender as demandas do público, o que pode reduzir o retorno obtido pelos anunciantes.
Alternativas à greve - onde investir?
O fracasso das tentativas de acordo deixa pouco espaço para uma previsão sólida sobre o término da greve. A possibilidade de que o movimento se estenda por meses é real, e por isso, especialistas já recomendam que marcas anunciantes comecem a adaptar suas estratégias de mídia a fim de explorar outros mercados.
Segundo o Vice-Presidente de Vendas da Guideline, Darrick Li, mudanças temporárias no orçamento dedicado aos anúncios são perfeitamente possíveis e, dada a situação atual, devem ser observadas mais frequentemente. Ele ressalta que, enquanto durar a greve, vídeos Out of Home (OOH) e produções audiovisuais curtas, produzidas por perfis da Internet, devem ganhar espaço no mercado publicitário, uma vez que essas produções não estão ligadas aos atores e roteiristas.
O Vice-Presidente também destacou a performance da programação esportiva nas plataformas de streaming. Segundo ele, anunciantes devem continuar a investir em publicidade nesses canais, uma vez que a audiência registrada nestas transmissões é alta e independe do trabalho de atores e roteiristas.
Seguindo uma linha de raciocínio parecida, o Chefe de Marketing da LG Ad Solutions, Tony Marlow, acredita que o maior impacto causado pela greve será a mudança nos hábitos de consumo dos telespectadores - o que, segundo ele, não é, necessariamente, algo negativo.
Marlow reforça a ideia de que a maioria dos serviços de streaming não dependem de programação roteirizada, pois possuem catálogos ricos de programação, bem como a gravação de produções inéditas, prontas para serem lançadas.
Para o Chefe de Marketing, caso os serviços de streaming assumam o posto de principal plataforma do entretenimento audiovisual, a transformação dos hábitos de consumo provocará mudanças duradouras no âmbito da indústria cinematográfica, e a situação poderá construir um catalisador para o mercado de anúncios, que deverá se adaptar a uma nova realidade.
Em contrapartida, a Diretora de Marketplace da UM Worldwide, Stacey Stewart, adotou um tom menos otimista e ressaltou a probabilidade de cortes de gastos nas receitas de entretenimento audiovisual, concluindo que um número cada vez maior de áreas do setor será impactado a medida que a greve se prolonga.
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*Com informações do The Drum
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